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Review: Birdy e sua transformação de lagarta em borboleta no fabuloso "Fire Within"!


Covers ainda são uma ótima forma de surgimento para novos artistas (vide Conor Maynard, Justin Bieber ou até mesmo Austin Mahone), principalmente quando estes são bem feitos e elevando o padrão das composições originais. Lá em 2011, fomos pegos de surpresa e ficamos maravilhados com a versão de Jasmine van den Bogaerde — uma menina de 14 anos de idade, que atendia pelo inusitado nome artístico de Birdy  para "Skinny Love", sucesso alternativo do Bon Iver, que na encantadora versão da menina, ganhou um tom mais melancólico que o original e que, somado ao arranjo no piano, nos ofereceu uma atmosfera etérea, partindo em mil pedaços os corações mais sensíveis.


Tendo em vista o sucesso da versão, Birdy logo assinou contrato com uma grande gravadora, que resolveu aproveitar suas inspirações no mundo alternativo para a produção de um álbum de estreia com várias versões de hits alternês: "1901", da Phoenix; "Shelter", da The xx; "Young Blood", da The Naked and Famous; "People Help the People", da Cherry Ghost; além da já citada "Skinny Love". Todas elas tendo sua marca, deixando-as quase irreconhecíveis (exceto nas letras) e maravilhosas. Coisa linda de se ver, ainda mais vindo de alguém tão jovem.


Agora, mais madura e dois anos após todo esse sucesso, Birdy, seu empresário e seus produtores sentiram que era a hora de finalmente lançar um álbum contendo apenas canções inéditas. O resultado disso? Um fabuloso álbum composto por 11 canções (todas com a assinatura da cantora), onde ela apenas ratifica o título que lhe foi dado em 2011, de uma das artistas mais promissoras da nova geração, fazendo de "Fire Within", um dos álbuns mais graciosos do ano.



1) "Wings"

Para iniciar os trabalhos com o pé direito, Birdy escolheu a mega balada "Wings" como primeiro single. E a escolha é mais que acertada. Já mostrando a evolução vocal dela se comparada com o debut album, temos uma faixa arrasadora aqui e que Adele adoraria ter gravado. Não temos dúvidas que a faixa te conquistará de cara. Seja pela sua letra destruidora, falando de um primeiro amor arrasador que a deixou confusa, porém já seu firmou em seu peito como inesquecível - "Oh droga, essas paredes. No momento, temos três metros de altura. E como você me disse, depois de tudo nós lembraríamos desta noite para o resto de nossas vidas" - ou por seu arranjo pesado e melancólico no piano e percussão.

2) "Heart of Gold"
Dando continuidade ao turbilhão emocional que nos espera em "Fire Within", temos a bela "Heart of Gold". Baladinha leve, tendo como referência parte do instrumental da primeira e  muito bem produzida, diga-se de passagem. "Eu posso ser forte, quando eu quero ser. Você acha que eu sou fraca porque você pode me rasgar com as palavras que você fala. Você pensa que está no controle, mas você não entende o quanto você está errado. Você pode gritar comigo, mas eu mostrei que eles estavam errados. Tudo o que você almeja é atenção, e para amar, você precisa ser amado", diz Birdy na abertura da canção. Preparem os lencinhos, pois temos outra apunhalada no peito.

3) "Light Me Up"

Terceira e uma das minhas preferidas do álbum, "Light Me Up" é o atual single do álbum, e assim como "Wings", uma das faixas mais corajosas dele. Levando Birdy para um lado meio oposto de tudo que ela cantou até agora, temos um midtempo pop que começa lentinho, mas aos poucos sobe o tom e fica bem marcado pela percussão também crescente, que do nada volta ao seu estado normal, firmando seus vocais de uma maneira linda, para subir o tom mais uma vez na bela dramaticidade de seu tema: "Você me ilumina quando tudo que eu vejo é escuridão. Você me ilumina quando eu estou triste. E se eu desmoronar, você sabe onde encontrar meus pedaços. Um dia eles serão encontrados".

4) "Word As Weapons"
Emotiva, cuidadosa e elegante. Todos esses são predicados para descrever a quarta canção do álbum. Assemelhando-se muito ao que conhecemos dela em 2011, "Word As Weapons" leva Birdy para sua maior zona de conforto: a forma calma e melódica de cantar apoiada apenas pelo seu inseparável piano, que agora interage com violinos, violões e sinos, deixando a canção ainda mais bela.

5) "All You Never Say"
Pegando gancho no que comentamos acima, aqui, temos outra faixa que nos remete à Birdy destruidora de corações que conhecemos em seu debut. Com um arranjo bem simples, que deixa o foco inteiramente em suas palavras, cantadas com toda emoção que sua letra pede (quase soando como um pedido de desculpas) para um sentimento amoroso um tanto quanto incerto. "Você está inseguro? Ou só está com medo de baixar a guarda? Você foi magoado? Você está com medo de mostrar seu coração? A vida pode ser indelicada, mas somente algumas vezes você desiste antes mesmo de começar". Destruidora, sua linda!

6) "Strange Birds"
Outra faixa que merece destaque, justamente por rasgar seu coração sem a menor cerimônia é essa aqui. Tendo como base uma relação de amor não-correspondido, ela descarrega toda sua emoção na belíssima balada de culpa e redenção. "Você sempre amou os pássaros estranhos, agora eu quero voar em seu mundo. Eu quero me manter nele, mas minhas asas estão feridas para voar. Você sempre amou o estranho dentro do meu eu mais feio".

7) "Maybe"

Birdy merece todos os elogios por se afastar um pouco da zona de conforto em "Maybe". Acústica e tendo um arranjo pop marcado pelo violão e um piano gracioso ao fundo, que somado aos corais, dão uma tônica divertida e jovem para a canção, que ainda é um desabafo, mas saindo do tons por vezes mais pesados e complexos das outras faixas, e o melhor: sem soar forçado.

8) "No Angel"


Pesando a mão outra vez na dramaticidade e soando linda mesmo assim, aqui há outra baladinha destruidora e nos levando a um caminho parecido ao de dois anos atrás. Com versos de partir corações, porém muito sinceros: "Se lembra uma vez, as coisas que você me disse e como as lágrimas desceram dos meus olhos? Elas não caíram porque me machucaram, mas apenas porque odeio te ver chorar", onde qualquer um pode se identificar: "Às vezes eu queria que fossemos estranhos para que não precisasse conhecer a sua dor, mas eu me mantive longe do perigo, de onde essas notícias vazias poderiam me fazer sentir o mesmo". Vale lembrar que a faixa chegou a ser anunciada como segundo single, porém, acabou preterida por "Light Me Up" na última hora. 

9) "All About You"
Assim como em "Maybe", em "All About You" temos outra "quebra" na direção do álbum, que, de novo, é muito bem-vinda. Acústica, linda e saindo do tema depressivo. Aqui, ela quer apenas encorajar a pessoa que um dia amou a enfrentar as situações que sua nova vida amorosa lhe impõe: "Eu não sou apenas um rosto que você conhecia, eu sei tudo sobre você. E você deveria saber que alguém se preocupa contigo. Eu sei tudo sobre você". Gesto nobre de companheirismo, sensível e delicado.

10) "Standing in the Way of the Light"
Caminhando para o final do álbum, temos outra linda balada. Simples, delicada e exaltando as qualidades da cantora quando posta apenas em seu piano, "Standing in the Way of the Light" propõe apenas que as brigas na relação parem e que voltem a se amar: "Andando em círculos, será que tem que ser tão difícil? Nós podemos parar a luta se você baixar a guarda. Há ainda uma forma de fazer isso direito. Nós vamos encontrar a força desta vez".

11) "Shine"
Finalizando os trabalhos do álbum, temos em "Shine" um belo e profundo grito de liberdade, podendo ser reservado para reflexão: "Brilhe! Se o seu coração lhe diz para fazer isso em seguida, quem é você para questionar? Brilhe! Se o mundo vai te derrubar, não tenha medo de lutar com ele. Brilhe! Você tem a vida inteira pela frente, bagunce-a. Brilhe! Se o seu coração diz para fazer isso em seguida, quem é você para questionar? Quem é você para questionar?". E assim, lindinha e com questionamentos da própria existência, Birdy encerra com perfeição seu excelente retorno.

CONCLUINDO
Enquanto seu primeiro álbum nos deu uma linda voz mostrando seu poder de criação em cima das composições de outros artistas que ela gostava, em "Fire Within" temos a evolução da lagarta para a borboleta, não somente mostrando um trabalho de evolução vocal de Birdy, como também uma letrista e compositora de mão cheia, não tendo medo de reinventar-se ou de arriscar-se fora de sua zona de conforto, incrementando toques da jovialidade do alto de seus 17 anos, com a maturidade do som que ela escuta e se inspira, trazendo um resultado bem orgânico. Em seu segundo trabalho, ela soa vulnerável e forte quando deve ser, o que te tira do posto de futura promessa, para uma estrela mais que real. E embora não seja muito recomendável aos corações mais sensíveis, o mais legal do álbum é justamente essa dramaticidade toda. Ok, muitos dirão que ela só tem 17 anos para cantar sobre coisas tão ~adultas~ assim, porém, o que a impede? Ao nosso ver, nada. Por fim, o que temos em "Fire Within" é a maior prova da confiança em si mesma e da liberdade artística que um jovem talento se propõe a ter. Mostrando que a menininha que encantou o mundo em 2011 com "Skinny Love", cresceu e amadureceu, porém, segue fiel à sua fragilidade e sua voz divina, mas, principalmente, à verdade dela mesma.
disqus, portalitpop-1

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