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Review: Panic! At The Disco e dançante história de amor e ódio no disco "Too Weird To Live, Too Rare To Die"


Se no começo do ano a gente dissesse que um dos melhores álbuns pop do ano viria dos caras do Panic! At The Disco, de certo ninguém acreditaria em nós. Claro, o último álbum da banda, “Vices and Virtues”, não foi bem uma sequência do “Pretty. Odd.”, mas bom o suficiente pra manter seus fãs fiéis de olho em seus próximos passos, o que não pede por grandes mudanças em um vindouro lançamento. Seja como for, assim eles fizeram e no novo disco do duo, “Too Weird To Live, Too Rare To Die”, apresentam uma faceta bem mais radiofônica, muito bem disfarçada pelos primeiros dois singles do disco, “Miss Jackson” e “This is Gospel”.



“Vegas Lights”, a primeira inédita na tracklist do álbum, deve ter feito muitos fãs pularem da cadeira. Passado o desesperado desabafo de “This is Gospel” e a caótica história da serial killer “Miss Jackson”, a canção apresenta batidas que parecem ter saído das mãos do Calvin Harris ou qualquer outro DJ do gênero, só que sem perder características da banda em sua letra, fator crucial durante todo o disco, cantando sobre as luzes de Las Vegas, “onde os vilões aproveitam o fim-de-semana”. Aí você pensa, “esse é o mais pop que eles podem chegar”, e taí o tapa na cara: “Girl That You Love”.



Ainda mais eletrônica, a música se encaixaria no disco de estreia das suecas do Icona Pop e, claro, isso não é ruim. “Tire toda a pretensão, afogue todos os sentidos que você possui para a garota que você ama. Garota que você detesta. Pretexto insistente. O que isso faz de Deus para a garota que você ama?”. A obscuridade eletrônica de “Girl That You Love” é logo afogada, porém, pela extremamente dançante “Nicotine” — a melhor do álbum, diga-se de passagem.



“Eu senti seu gosto em meus lábios e agora mal posso me livrar de você. Então eu digo ‘que se foda seu beijo e as coisas horríveis que você faz’, você é pior que nicotina!”. Tá difícil controlar o vício, amigo? Se as duas faixas anteriores poderiam pertencer ao Calvin Harris e Icona Pop, essa seria do David Guetta, mas daquelas em que o cara acerta do início ao fim, tipo “She Wolf” com a Sia, rs. Melhor do disco, mais viciante que nicotina.

Dando sequência ao disco, conhecemos então “Girls/Girls/Boys” e sua letra sobre um romance mal encenado para a sociedade. Numa sonoridade tão animada quanto a música anterior, aqui eles soam um pouco mais alternativos e isso faz com que a faixa seja um daqueles hits “alternês” em potencial, tipo aqueles smash hits do Franz Ferdinand, The Killers e cia. “Disfarce, você precisa salvar sua reputação. Eles estão prestes a descobrir sobre sua namorada. Mas caso você mude de ideia, sabe aonde me encontrar”. PQP.



Se em “Girls/Girls/Boys” Brendon te convida para um romance secreto, em “A Casual Affair” adianta que tudo não passou de um lance. Menos eletrônica que o resto do álbum, a canção resgata a obscuridade de “Miss Jackson”/”Girl That You Love”, reforçando o ar sujo de toda a história, enquanto ele canta sobre um amor casual, “apenas por uma noite”. “De um lado um amante, do outro o pecador”. Eita que a história está ficando boa.

Como um bom clichê, o lance de “A Casual Affair” se torna mais frequente que o esperado, então em “Far Too Young To Die” ambos tentam retomar o controle da situação, mas são pegos por uma vontade maior entre os versos que Brendon pede por um último beijo, “enquanto somos jovens demais pra morrer”. A sonoridade mantém o peso e obscuridade da faixa anterior, mas os sintetizadores voltam a marcar presença, mesmo que timidamente. “Fixação ou psicose? [Estou] Dedicado a neurose agora. Essas histórias de amor sem fim... você nunca poderia me controlar”.

Fadados a terminar no erro, em “Collar Full” o que temos é Brendon aceitando o tal romance, ‘bem estranho pra viver, mas raro demais para morrer’. Musicalmente falando, a canção retoma toda aquela animação proposta inicialmente pelas luzes de Las Vegas, enquanto temos versos que comprovam a clara mudança de discurso. “Esperamos por tanto tempo, já estamos doentes e cansados [...] Estou com um colar cheio de químicas da sua companhia, então talvez essa noite seja eu o seu libertino, me mostre seu amor”.



Pra fechar o disco, vamos então com a canção do título mais que sugestivo, “The End of All Things”. Acabam as batidas dançantes, terminam as histórias de amor caóticas. Chegamos ao fim, o “descansem em paz”, um dos momentos mais profundos do disco. Toda ao piano, a canção é quase que a morte do romance que só ganhou vida nos minutos finais do álbum, mas ao que seus versos indica, foi algo que valeu a pena. “Somos jovens outra vez”.



Concluindo, assim como o “Electra Heart” da Marina and The Diamonds em 2012, o “Too Weird...” traz como grande trunfo a forma com que mescla a profundidade e, porque não?, ironia de suas letras com as batidas, em sua maioria bem funcional para as rádios, além de apresentar uma grande leva de hits alternativos em potencial. De início, os primeiros singles “Miss Jackson” e “This is Gospel” podem soar até um tanto deslocados no álbum, o que inclui as comparações com o último disco do Fall Out Boy, “Save Rock and Roll”, mas no fim toda essa forma heterogênea de narrar o ‘bad romance’ convence, além de impressionar. Ponto para o Panic! At The Disco e para o Brendon, que desde a internação do Spencer numa clínica de reabilitação tem segurado bem a imagem da banda, mesmo que sob todo o peso deste novo trabalho. “Isso é uma bíblia para os que estão pra baixo”.
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