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Review: O faroeste pop de Quentin Tarantino no nada menos que imperdível “Django Livre”!


Primeiramente gostaria de pedir desculpas pelos problemas técnicos que abateram a minha pessoa semana passada e impossibilitaram a vinda ao mundo dessa resenha gatíssima, mas não vamo dizanimá não, purqué deos disse “fassa por onde que eu te ajudarei”, né Brasil? Então #partiu.

Quentin Tarantino é um dos diretores mais famosos e prestigiados da atualidade, e não é por acaso. Criador de filmes únicos e com um estilo megalomaníaco de abordar a violência gráfica de modo pop e sempre divertido, Taranta conseguiu colocar seu nome ao sol e hoje só com seu nome consegue atrair público e vender. Mas o diretor e roteirista não é limitado a isso. A prova: seus filmes estão cada vez mais alucinantes.

Django Livre (Django Unchained, 2012) conta a história de Dr. King Schultz (Christoph Waltz ), um caçador de recompensas alemão que está atrás de Django – com “D” mudo, por favor – (Jamie Foxx), um escravo negro que tem informações do paradeiro de três meliantes que são os próximos alvos de Schultz. Pela troca da informação, Django quer a liberdade para poder salvar sua esposa Broomhilda (Kerry Washington), que foi vendida a Calvin Candie (Leonardo DiCaprio), um rico monsieur que mantém um relacionamento incestuoso e é dono de Candyland (Terra dos Doces), uma fazenda onde as escravas são vendidas como mercadoria sexual e os escravos são postos para lutarem até a morte. Nessa premissa até simplória que Tarantino consegue, com os diálogos brilhantes e cheios de humor negro de sempre, abordar diversas facetas multi-interpretativas e por vezes geniais.

A primeira delas é: Dr. Schultz é um alemão que ajuda um escravo negro. Percebem algo de estranho? Tarantino usa esse ponto para abordar seu filme anterior, Bastardos Inglórios (Inglourious Basterds, 2009). Aqui ele mostra que não é a raça que estava impregnada pelo vírus do nazismo. A culpa não é do todo, é das partes. O alemão “bondoso” de Waltz, que rouba a cena e vira protagonista do filme, é a prova disso.

Algumas pessoas reclamaram que Tarantino foi “desrespeitoso” com a história da escravatura negra norte-americana e até com o estilo faroeste - Django Livre é, para começo de história, uma homenagem tarantinesca ao filme Django (Django, 1966) de Sergio Corbucci. Lembremos-nos de algo: Tarantino é um cineasta, não um historiador. Ele não tem o menor compromisso com os fatos nem com a história. Ele pode criar o mundo só dele, arriscando-se ou não ao erro, algo que ele também faz em Bastardos Inglórios, alterando o final que condizia com os fatos reais, e novamente ele acerta em cheio. Tudo aqui é o oposto, quase como uma vingança do diretor ao curso da vida, como na cena pateticamente hilária dos cavaleiros com sacos na cabeça e tochas (Ku Klux Klan, é você?) que não conseguem enxergar.

Quanto às atuações, são todas um espetáculo. Christoph Waltz, ganhador do Globo de Ouro e do BAFTA de Melhor Ator Coadjuvante, é um show à parte, com sua atuação sendo melhor ainda que a que lhe rendeu o Oscar (em Bastardos Inglórios – Tarantino sabe tirar o melhor de Waltz), e merece esse Oscar com toda a força. Foxx, DiCaprio, todos mergulhados nos personagens belamente, mas venho destacar duas atuações. A de Kerry Washington, a esposa de Django, e de Samuel L. Jackson. A primeira transborda uma inocência tão gritante que conquista, e torcemos o tempo todo para que Broomhilda consiga escapar das garras de Calvin Candie, que de doce não tem nada. Quanto a Jackson, no papel de Stephen, o braço direito de Candie, há aqui alguns pontos a serem discutidos. Para qualquer um que tenha a mínima noção de quem é Samuel L. Jackson sabe: ele é negro. Aqui ele faz o papel do “escravo domesticado”, o que conseguiu passar para “o lado de lá” e virar um pseudo-branco, uma abominação social. Sua atuação é digna de prêmios, todavia ele foi esnobado pela Academia, uma pena. Outro ator que Tarantino consegue tirar o maior proveito possível.

Antes de terminar, vi diversos comentários de que o Tarantino inovou com a trilha-sonora, colocando rap e hip-hop num filme “de época”. Tarantino pode mesmo inovar em várias coisas, mas nesse ponto não. É só assistir a Maria Antonieta (Marie Antoinette, 2006) de Sofia Coppola, que conta a história da Rainha Louca ao som de rock e outros ritmos pra lá de modernos, mas isso não desmerece a maravilhosa trilha-sonora de Django Livre. O filme concorre em 5 categorias: Melhor Filme, Melhor Ator Coadjuvante - Christoph Waltz, Melhor Roteiro Original, Melhor Fotografia e Melhor Edição de Som. Notem que Tarantino não está concorrendo a Melhor Diretor, enquanto outros roubaram sua vaga mais que merecida.

Por fim, Quentin Tarantino é mestre no que faz, tanto dirigindo, escrevendo e até atuando (ele faz uma pontinha aqui só para... ser explodido). E o cinema precisa de filmes como esses, que dão aquele frescor e comprovando que não são as histórias que estão escassas, e sim a forma de contá-las. E Tarantino sabe contá-las como ninguém.




Últimas reviews:
A Hora Mais Escura, de Kathryn Bigelow.
As Aventuras de Pi, de Ang Lee.
Amor, de Michael Haneke.
- Argo, de Ben Affleck.

  • Próxima Oscar Review: Indomável Sonhadora, de Benh Zeitlin, sexta, 15/02.


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