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Review: O outro lado do sentimento humano mais forte no premiadíssimo “Amor” de Michael Haneke!



O cinema fora do circuito comercial é, obviamente, sempre menos visto e apreciado. Mas é incrível como nesse segmento saem obras únicas e inesquecíveis. Esse é o caso de Amor (Amour, 2012) do alemão Michael Haneke, nosso terceiro filme concorrente ao Oscar de Melhor Filme na 85ª edição à receber review. Caso de amor mesmo.

Amor conta a história de um casal de velhinhos, Georges e Anne, magistralmente interpretados por Jean-Louis Trintignant e Emmanuelle Riva. Num dia qualquer, Anne sofre um derrame, numa cena escandalosamente sutil. A partir daí, o vínculo amoroso do casal vai ser posto a cruéis provas. É nessa premissa básica, simples e modesta que Haneke conseguiu surpreender o mundo e levar o prêmio máximo – a Palma de Ouro – num dos maiores festivais de cinema que existe: o Festival de Cannes.

Falando na Palma de Ouro, Haneke manja tanto que é seu segundo prêmio. Seguido. Seu filme anterior, A Fita Branca (Das weiße Band, 2009) também conseguiu a Palma de Ouro. Mas o que Haneke tem de tão incrível assim? Da mesma forma que Quentin Tarantino tem como “linha cinematográfica” a abordagem da violência estilizada e pop, ou Tim Burton tem seus filmes mórbidos e excêntricos, Haneke usa seus trabalhos para evocar sentimentos primários do ser humano: dor, raiva, repulsa, tristeza e amor. Ele faz filmes para “chocar”, “provocar”. Em Amor, a fórmula continua, só que de forma direta, seca, sem rodeios e firulas, o que torna o filme ainda mais penoso.

Alguns poderão achar a fita maçante, chata ou besta, pelos longos planos, diálogos e até pela falta de uma fotografia bonitinha para encher os olhos. Amor enche os olhos sim, e muito, todavia é de sensações dolorosas dirigidas de forma brilhante. Tanto que é a primeira vez que o diretor tem um filme concorrendo ao Oscar de Melhor Filme e Direção, ambas indicações louváveis. O filme concorre ao todo em 5 categorias: Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Atriz - Emmanuelle Riva, Melhor Roteiro Original e Melhor Filme Estrangeiro.

Quanto às indicações, não houve no ano atuação feminina mais devastadora que a de Riva. Não houve. Ela não é a favorita ao prêmio (Jessica Chastain por A Hora Mais Escura e Jennifer Lawrence por O Lado Bom da Vida são as mais cotadas), porém independente de ganhar ou não, Riva, a segunda atriz mais velha a concorrer ao prêmio de todas as edições do Oscar (atrás apenas de Gloria Stuart por Titanic), é um monstro que se desmonta na tela. Quanto ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, é clara a vitória por dois motivos. 1: É o filme estrangeiro mais premiado do ano, ganhando Cannes, a categoria estrangeira do Globo de Ouro e foi eleito “melhor filme de 2012” pelos críticos de Londres, Los Angeles e pela Associação Nacional dos Críticos de Cinema dos Estados Unidos. 2: É o único dos indicados estrangeiros a concorrer ao de Melhor Filme. Mais óbvio impossível.

Não querendo revelar as camadas que submergem o filme, Amor é a síntese da frase “Aqueles que amamos são os que mais nos destroem”. O amor, o sentimento mais fervoroso e eufórico que existe, não conhece fronteiras para se fazer existente. E tudo isso foi orquestrado de modo limpo, belo e sem pieguices. Michael Haneke cria um filme difícil que pode não cair no gosto de grande público, mas que é redundante ao criar um ciclo de terminar nos causando: amor. Muito amor.



Últimas reviews:
- A Hora Mais Escura, de Kathryn Bigelow.
- As Aventuras de Pi, de Ang Lee.
  • Próxima Oscar Review: Argo, de Ben Affleck, sexta, 01º/02.

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