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Review: Muse – "The 2nd Law"

Donos de uma discografia de causar inveja em muitas outras bandas, os ingleses do Muse retornam esse ano mostrando o quão grande é a bagagem que adquiriram em seus quase 18 anos de carreira, tempo o suficiente para que o trio lançasse seis álbuns (contando com o alvo deste review), fosse atração de abertura para shows do U2 e ainda conseguisse outros feitos curiosos, como integrar a trilha-sonora de "A Saga Crepúsculo".

Em seu sexto álbum, intitulado "The 2nd Law", o que temos é uma Muse disposta a mostrar à que veio ao mundo, armada até os dentes e assumindo uma certa liderança. O álbum é o primeiro grande investimento da banda nos elementos eletrônicos, uma vez que eles vinham mantendo apenas um "flerte" desde o "Origin of Symmetry", e não tenho dúvidas quanto a forma com que ele virá a marcar a carreira da banda. É mais que uma aventura eletrônica, quase que épico, e o melhor disso é que você também está convidado pra conferir tudo isso de pertinho. Vem com a gente!
"Supremacy" é quem nos dá as boas vindas ao material, a canção dá todo um ar épico ao início do álbum, nos encorajando a ir mais além. Os vocais de Bellamy nos seduzem logo de início e, de uma forma um tanto inconsciente, sentimos a necessidade de prosseguir. Os riffs de guitarra, claramente inspirados por Led Zepellin, são um dos fatores que merecem destaque na canção. Dando sequência ao disco, "Madness" é quem se torna nossa nova guia. Nessa faixa a banda já está menos carregada de baterias e guitarras, mas vem armada com o sintetizador. A canção já foi lançada como single e, ao contrário do que muitos esperavam, mostra que essa investida eletrônica do Muse não é nada assustadora — os vocais de Matt também merecem destaque por aqui, por um momento podemos acreditar que quem está cantando, na realidade, seja Bono Vox.
Assumindo de volta a posição encorajadora, ou até mesmo numa forma de ataque, vamos ao encontro da fantástica "Panic Station". Essa é daquelas que não passa despercebida na tracklist, com um quê de Queen e até mesmo uma veia de Peter Gabriel. A faixa não é nada semelhante ao lado épico de "Supremacy" ou o eletrônico de "Madness", sendo um funk que passa longe de ficar por perto de um meio-termo. Mantendo a linha Queen, quem nos acompanha pelos próximos minutos é "Survival", que levou Muse à trilha-sonora dos Jogos Olímpicos de Londres e recupera a atmosfera épica do início do álbum. 
"Follow Me", que é nossa próxima nova amiga, não possui nenhum grande atrativo em sua letra e chega a ser um dos primeiros contatos, de forma notável, do álbum com a música pop. Uma letra de fácil acesso, uma introdução que reforça todo o clima planejado para o álbum e a explosão com o dubstep. "Você pode me seguir". Continuando, o que encontramos agora é "Animals", (não me matem por isso) faixa que daria, facilmente, pra repetir a parceria da banda com a saga vampiresca "Crepúsculo". A canção tem uma pegada que nos lembra vagamente o trabalho de Thom York com o Radiohead, trazendo uma certa perturbação sonora quando se aproxima do fim.

Acalmando os nervos, Muse nos apresenta "Explorers", que não deverá agradar muitos de primeira, mas também tem sua importância no disco. A canção talvez tenha sido mal colocada na tracklist e acaba um tanto ofuscada, principalmente antecedendo o show de guitarras de "Big Freeze". A nona faixa do álbum vem carregada com muitos elementos, porém todos um tanto enrustidos, que acabam por não se revelar até o último segundo da canção. "Save Me" dá sequência à tracklist, e nos surpreende trazendo aos nossos ouvidos os vocais de Christopher, nessa faixa tudo já está mais relaxado e nem a bateria insiste em algo mais pesado, dando uma certa aliviada em toda a tensão do disco.

A "descansada" de "Animals" à "Save Me" não dura muito e a banda volta a assumir o perfil marrento que veio traçando durante todo o álbum, então chegamos à "Liquid State", que é uma das faixas mais rock'n'roll do disco e chega a aparentar estar numa versão demo, algo semelhante com o que a brasileira Fresno fez no EP "Cemitério das Boas Intenções". Pra fechar o álbum, o que temos é "The 2nd Law: Unsustainable" e "The 2nd Law: Isolated System", ambas são quase que só instrumentais, apenas para reforçar a ideia do mundo problemático que está de braços abertos para o tal CD. De um lado uma verdadeira overdose de dubstep e do outro uma calmaria que chega a impressionar. Seja lá qual foi a verdadeira função desta junção, funcionou bem.

Resumindo: a cantora Demi Lovato tem razão, o dubstep já está um tanto saturado nas rádios, mas não podemos negar que essa tendência, quase que perturbadora, é incrível de se ouvir e que funcionou muito bem com o Muse. Ficamos felizes em saber que "The 2nd Law" não anuncia a chegada de uma nova banda e sim reafirma o que uma banda antiga já vinha tentando mostrar. O que temos aqui não é uma Muse insegura que se rende às modas radiofônicas para garantir um espaço em seu iPod, e sim uma Muse mostrando que pode fazer mais do que esperávamos. Essa é a nova lei.
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