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Crítica: "Em Ritmo de Fuga" é uma evocação pop que derrapa na própria velocidade

Atenção: a crítica contém detalhes da trama.

Mais de 100 anos depois do surgimento do Cinema, às vezes parece que tudo já foi contado na telona, como se estivéssemos apenas consumindo auto-reciclagens. Existem dois tipos de originalidade: contar uma história realmente inédita ou contar uma história já conhecida de forma nova. "Em Ritmo de Fuga" se encaixa perfeitamente na segunda opção em diversos aspectos.

O novo longa de Edgaw Wright, diretor do genial "Scott Pilgrim vs. o Mundo" (2010), conta a história de Baby (Ansel Elgort), um jovem viciado em música que é motorista de uma gangue de assaltantes. Ao conhecer a garçonete Debora (Lily James, a Cinderela do live-action de 2015), o rapaz se apaixona e decide largar o mundo do crime, sendo que esse só faz parte da sua vida por ele precisar pagar uma dívida com Doc (Kevin Spacey, proprietário na empresa Netflix ao estrelar "House of Cards"). Mas seu novo rumo amoroso não será só flores pois, uma vez envolvido com Doc, não há mais volta.


A premissa é, para dizer o mínimo, batida. O cara que trabalha pra bandidos, conhece uma mulher (garçonete então, a apoteose do clichê) e, ao tentar sair dessa vida, é ameaçado pelos bandidos. Você já assistiu a esse filme. O que "Em Ritmo de Fuga" faz para se diferenciar de toda obra que você deva ter lembrado ao ler a sinopse é tanto a gama de referências como seu próprio estilo.

Sendo bem direto, o longa é uma mistura de "Drive" (2011) + "Whiplash: Em Busca da Perfeição" (2014) + "La La Land: Cantando Estações" (2016). Com "Drive" temos o protagonista calado que se divide em ser motorista e piloto de fuga de assaltos; de "Whiplash" tiramos o jovem ator conhecido anteriormente por filmes menores despontando em grande papel (nesse temos Miles Teller) numa montagem frenética; com "La La Land" vemos os planos musicais em sequência com o personagem interagindo diretamente com o cenário (e vice-versa). De uma forma bem estranha, essa colcha de retalhos funciona - sendo que os citados já são sopas de referências.


Baby, graças a um acidente na infância, sofre com um zumbido nos ouvidos constante, que ele abafa ouvindo música praticamente em todos os segundos que permanece acordado. O cara é um Spotify ambulante, com uma biblioteca gigantesca de canções que costuram todo o filme. Porém, aqui, a música não é algo acessório que ajuda a compor as cenas, e sim a personagem principal. A forma como todo o som é trabalhado da produção é excepcional, solidificando de forma efetiva sua importância para a trama ao ser peça preponderante no roteiro, com os personagens interagindo diretamente com ela - há momentos em que a música entra e sai da zona diegética. Isso sem falar que temos uma trilha sonora espetacular, que passeia de Beck, Queen até Sky Ferreira (que faz uma ponta como a mãe de Baby).

Uma das melhores sacadas de composição de personagem é que Baby grava diálogos cotidianos por onde vai para, ao chegar em casa, remixá-los e transformar em música. É algo bastante evidente para alguém que, além de ser excêntrico, vive, se alimenta e respira música. O roteiro, para dar ainda mais importância nessa característica que poderia ser só mais uma alegoria, utiliza-a como ponto chave de situações em determinado momento.


Se a trilha é a estrela da parte técnica de "Em Ritmo de Fuga", a montagem é aquela coadjuvante que, sem ela, a protagonista não brilharia. Não seria leviano afirmar que a produção é um filme feito na sala de montagem: são seus cortes, suas sobreposições e suas escolhas de edição que dão um ritmo alucinante para a película, principalmente nas cenas de perseguição. No entanto, os momentos intimistas, como quando Baby entrega os cafés recém comprados, que dão uma cara indie de encher os olhos.

Isso sem falar no design de produção, meticulosamente arquitetado - a cena na lavanderia, com as máquinas girando roupas em cores primárias, é lindíssima; e na fotografia, que faz balés ao redor dos personagens. Conseguimos sentir que há uma coreografia entre os atores e as câmeras, para, de forma proposital, extrair o melhor que cada quadro tem a oferecer. A parte técnica do filme não há do que se queixar.


Ansel Elgorl, que praticamente carrega o longa nas costas, é a prova de que começar por baixo é preciso. O garoto, que um dia desses estava no horroroso remake de "Carrie: A Estranha" (2013), na tentativa (pífia) de distopia teen "Convergente" (2014) e no fenômeno melodramático "A Culpa é das Estrelas" (2014), parece que se encontrou e entrega uma performance louvável. Sua composição de personagem, forçadamente criado para ser uma figura descolada, o blasé de óculos escuros que ouve músicas que quase ninguém conhece, funciona pelo carisma do ator e boas pontuações no texto.

Enquanto o roteiro orquestra sequências empolgantes, não dá para se dizer o mesmo de seus personagens. Come exceção de Baby, todos os outros possuem superficialidade e/ou incongruência latentes. Doc de Spacey, por exemplo, dá um giro maior que o corte do osso de "2001: Uma Odisseia no Espaço" quando sai de vilão badass que só se importa consigo mesmo para ter um final trágico ao morrer em prol da salvação de Baby e Debora. Sim, o personagem que algumas cenas antes ameaçou matar a garçonete caso Baby não voltasse a dirigir morreu para salvar os pombinhos em nome do amor.


Mas nada é tão desconcertante quanto Debora. O lugar-comum da garçonete é até perdoado pela introdução do seu local de trabalho na trama, porém o que temos aqui? Uma garota que tem uma paixonite por um cara que aparece na lanchonete algumas vezes. Do mais absoluto nada, quando ela descobre com o que Baby trabalha, esse inclusive dando um tiro em uma pessoa na sua frente, a mocinha decide abandonar tudo para fugir com o protagonista.

A personagem, que possui tanta profundidade quanto uma colher de chá, não recebe desenvolvimento algum para largar toda sua vida em prol de um criminoso que ela mal conhece. Não há um amor avassalador que justifique esse disparate - o roteiro até introduz a vontade dela em largar o trabalho, entretanto, não há emprego ruim no mundo que dê para achar lógica a resolução desse "Bonnie & Clyde" contemporâneo (e pobre). É ainda pior ver desenvolvimentos femininos tão rasos quando estamos falando de um filme "pra macho" - carros tunados, perseguições, tiros e mulheres gostosas.

"Em Ritmo de Fuga" possui três atos bastantes evidentes. O primeiro retrata a introdução de Baby e seu contexto, além de dar o gatilho para os pormenores da história; o segundo se passa na tentativa de saída do garoto das garras de Doc para tentar levar uma vida normal; e o último revela como todos os seus planos foram frustrados. Enquanto o primeiro deles é magnífico, os outros dois vão perdendo fôlego em coesão. Se no meio temos verborragias gangsters atiradas na tela - o personagem de Jamie Foxx é particularmente irritante do tanto que fala, o terceiro ato é uma verdadeira lambança.


Wright, que dirige o longa à base de muito entorpecente musical, possui domínio cinematográfico para entregar imagens e movimentos, porém não há a mesma competência em seu roteiro, que não abre mão de estereótipos, obviedades e situações nonsense, quase soando como a franquia "Velozes & Furiosos" (2001-). Na parte final são corridas, tiros e a criação de uma luta de Baby, o anti-herói, contra o vilão, no mesmo estilo corrida-gato-e-rato, com o vilão levando tiros, mas ainda assim no pé do protagonista.

"Em Ritmo de Fuga" consegue ser uma evocação do cinema pop pela embalagem de primeiríssima qualidade, sabendo usar seus recursos técnicos de maneira a serem elementos de poder narrativo e apelo ao público, todavia, ao dar mais apreço a tudo que diz respeito a Baby, o roteiro se esquece do que há ao redor e entrega fracos desenvolvimentos até derrapar na própria velocidade. Como disse o The New Yorker, a aclamação parece que vem bem mais da nossa ânsia por um produto hollywoodiano que nos lembre um lado da maior indústria cinematográfica do mundo que não existe mais, do que, de fato, dos atributos da própria obra - que, sim, existem e são estupendos, mas não o suficiente para os capotamentos serem deixados de lado. Porque nem todas as cores, a trilha retrô e os personagens marrentos conseguem esconder a falta de substância em vários momentos desse bebê motorista.


Alejandro Sanz, Emeli Sandé e Jamie Foxx se unem no lindo e lúdico videoclipe de "The Game is Over"!


Sabe aquele tipo de dueto que mistura idiomas bem distintos, mas que no final o resultado fica bem interessante? Foi exatamente o que aconteceu quando ouvimos "Limpido" da Laura Pausini com a Kylie Minogue, e agora se repete, só que envolvendo um trio no mínimo estranho: o espanhol Alejandro Sanz, o americano Jamie Foxx e a britânica Emeli Sandé.

"This Game is Over", que ganhou seu videoclipe há alguns dias, é a nova música de trabalho do amante espanhol, que integrará seu novo álbum ao vivo, "La Música No Se Toca", gravado em Sevilla durante o verão europeu. O single em si, é uma mistura do inglês com o espanhol (coisa que não curto muito), porém, as harmonias criadas pelas vozes únicas dos três, dão todo o brilho que a canção requer. Já seu clipe, é lindo! Trabalhando com crianças que interpretam os cantores, temos todo um aspecto lúdico e dinâmico no meio de um galpão repleto de peças montáveis, enquanto vários quebra-cabeças em P&B e papelão são preenchidos. Confiram:

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