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Crítica: gourmetização de filme B, nada salva “Velvet Buzzsaw” do fracasso

Atenção: a crítica contém detalhes da trama.

Durante meu tempo de faculdade, um dos filmes que mais ovacionei dentro da Academia foi "O Abutre" (2014), que fala exatamente do meu curso, Comunicação e Jornalismo. A saga de um freelancer que vê sua humanidade indo para o lixo enquanto busca um furo bombástico fez um dos melhores filmes da década, e sempre que via a oportunidade, metia a discussão sobre o longa em sala de aula. Sou desses, divulgando e enaltecendo sempre que posso.

Então não havia como conter o entusiasmo após o anúncio de "Velvet Buzzsaw", novo filme de Dan Gilroy, diretor/roteirista de "O Abutre". Para melhorar, Jake Gyllenhaal e Rene Russo, protagonistas do longa anterior, voltam na nova empreitada, que soava incrível: uma ambiciosa agente, Josephina (Zawe Ashton), rouba pinturas de um artista recém falecido. Ao mostrar para o crítico Morf (Gyllenhaal) e a dona da galeria em que trabalha, Rhodora (Russo), os três logo percebem que estão diante de uma mina de ouro. Só que há algo de sobrenatural ao redor das pinturas, e quem as possuir vai logo se arrepender.

O trio de "O Abutre", terror e arte? Sim, senhor! Os elementos que garantiam a atenção sobre "Velvet Buzzsaw" eram abundantes, e corri para assistir quando saiu na Netflix, produtora do filme. Não demorou muito para perceber que o entusiasmo não seria recompensado. A película começa com uma grande sequência dentro de uma galeria, enquanto Morf passeia de obra a obra. A sequência é um amplo panorama de demonstração da elite artística: fria, cínica e arrogante.

O filme gira quase inteiramente ao redor de Morf, e não consigo deixar de achar que sua posição é estratégica, da mesma forma feita em "A Dama na Água" (2006). No filme de M. Night Shyamalan também há um personagem de um crítico - interpretado por ele mesmo - que funciona como blindagem do diretor contra o meio (que àquela altura já o considerava em declínio). O roteiro coloca Morf em posição de egocentrismo e discute seu papel diante da arte.


Após criticar negativamente uma exposição, o artista, num surto graças à crítica, sofre um acidente. A comunidade passa a culpar Morf pelo ocorrido, o primeiro passo do personagem rumo à loucura. Apesar de trazer um debate bastante interessante aqui - até onde a crítica da arte pode ser maléfica -, senti como se tal posição fosse uma resposta antecipada do texto contra as possíveis críticas que viria a receber - e nem estou sendo prepotente, afinal, todo e qualquer trabalho artístico está sujeito a críticas negativas, é inevitável.

Mas tudo bem, podemos seguir. Logo no primeiro ato, peguei-me quase "justificando" certas derrapagens da obra, numa ânsia de gostar do filme. Um efeito automático, tive que parar para poder analisar o que estava vendo, e a tela me mostrava afetações visuais aos baldes. Desde uma nuvem amedrontadora feita com pobre CGI pairando a cidade - um óbvio prelúdio de problemas - até as várias inconsistências do roteiro - há tramas que surgem e somem sem respaldo -, a maior gratuidade é o desfile de homens nus. Basicamente todos os personagens masculinos da fita vão tirar a roupa em algum momento do filme, mesmo quando não há real sentido para tal: Gyllenhal, que exibe seus músculos inúmeras vezes, analisa quadros descamisado - quando não aparece realmente nu.

Então entra o arco narrativo do terror. "Velvet Buzzsaw" é puramente sobrenatural, e se há uma vertente do horror saturada, é essa. Dificilmente encontramos longas que se esforcem a sair do feijão-com-arroz, o que faz sucessos como "Hereditário" (2018) ainda melhores. Não é o caso de "Velvet"; todos os aspectos do gênero dentro da obra são batidíssimos. Desde o momento que Josephina entra no apartamento do falecido Ventril Dease - achei curioso como seu sobrenome lembra "disease" e "decease", "doença" e "morte" em inglês -, tudo que é composto não se livra do clichê.


Romper a barreira do clichê é realmente laborioso, e conseguimos até darmos um desconto quanto a película usa o chavão de maneira minimamente competente. Só que "Velvet" vai muito além do clichê e cai no pastelão sem piedade. Logo na primeira morte - de um personagem que serve unicamente para ser morto -, é impossível não lembrar da franquia "Todo Mundo em Pânico" (2000-13) e suas mortes estapafúrdias. O cara - sim, sem camisa - desaparece quando macacos de um quadro o atacam. Essa é a "maldição" de quem põe as mãos em um quadro de Dease: tudo que for arte - pinturas, esculturas, tatuagens - vai tentar matá-lo.

Pausa para assimilarmos essa informação.

Como é de se esperar, depois de macacos feitos de tinta virarem assassinos, é ladeira abaixo. O mistério ao redor de "quem era Dease?" põe em cheque o quão sem criatividade é o trato dado à construção: é uma repetição de todo filme de terror do mundo em que o passado sombrio do vilão é a chave para entender o que está acontecendo. Só que, no caso de "Velvet", nem entendemos. Dease e seu pai abusivo, passagem por clínica psiquiatra e blá blá blá acrescentam em coisa nenhuma ao todo. Se o roteiro não pincelasse um mínimo contexto, poderia ser até melhor do que essa emulação preguiçosa.

Entre diálogos vergonhosos e personagens sem razão de existir - há uma garota que, literalmente, está no filme unicamente para encontrar os outros personagens mortos -, fica claro que havia um rumo concreto para a produção: a crítica do que chamamos de "arte". Afinal, o que é ela? Há especialmente duas cenas em que o filme sarcasticamente explora o quão volátil é esse conceito - quando um cara chega em um ateliê e fica impressionando com uma obra, para logo ser corrigido: era apenas lixo; e quando uma personagem morre e todos acham que o cadáver fazia parte da exposição. Logo surge à memória "The Square: A Arte da Discórdia" (2017), que tem como motor exatamente esse levantamento.


Só que comparar "Velvet" com "Square" é injusto. Absolutamente todos os porquês e comos dos dois filmes são diferentes, mesmo partilhando da mesma discussão. "The Square" possui alto requinte de produção, e não cede à perfumaria enquanto desce a lenha na mesma elite de "Velvet", aquela que vende uma bola metálica por sete milhões de dólares. A monetização da arte acaba diminuindo-a? O valor da etiqueta não seria um parâmetro errôneo de classificação da arte?

Muito me impressiona ver atores tão consagrados aceitando papéis que os fazem parecer medíocres. Essa é a segunda parceira de Jake Gyllenhaal com a Netflix, ambas desastrosas: a primeira foi com o terrível "Okja" (2017), talvez a pior atuação de sua carreira. Até Toni Collette, que merecia um Oscar pelo brilhantismo em "Hereditário", entrou aqui com uma peruca à la Sia. Netflix segue sendo um selo de maculação na carreira de bons atores.

Não exagero quando dou o rótulo de "péssimo" a "Velvet Buzzsaw" - a crítica à "alta arte", mesmo com toda a pertinência, é diluída em meio a tanta babaquice com nome de "sátira". No meio da duração, tive que dar uma pausa para ver na ficha técnica se a "comédia" era listada como gênero, afinal, não fica claro se a palhaçada é proposital ou não. Sim, é proposital, mas vir como um "Todo Mundo em Pânico" gourmet não salva a sessão desse não-assumido filme B. Longe de mim querer ser Morf Vandewalt, mas "Velvet" termina soando como uma das obras que o roteiro critica: no alto da indústria do cinema sem trazer um mísero minuto de inventividade.

Crítica: "O Que te Faz Mais Forte" não foge de ser mais um pornô de inspiração

Jake Gyllenhaal é um dos melhores atores da sua geração em Hollywood. Altamente versátil, ele consegue interpretar diferentes papéis com a mesma competência, já o rendendo indicação ao Oscar de "Melhor Ator Coadjuvante" em 2006 pela obra-prima "O Segredo de Brokeback Mountain". De lá pra cá, mais de uma década depois, o ator não passou mais perto de ganhar uma estatueta dourada.

Mas não foi por falta de tentativas. O The Guardian escreveu um artigo sobre o "desespero" (vou chamar de "vontade") do ator em conseguir ao menos ser indicado ao escolher papéis que se encaixem na forma de bolo do Oscar. Só nos últimos anos, Gyllenhaal escolheu quatro papéis que fazem arrepiar e epiderme dos votantes da academia: em 2014 ele emagreceu a níveis quase esqueléticos para viver o insano protagonista de "O Abutre"; em 2015 fez o inverso, ganhando músculos para o boxeador de "Nocaute"; em 2016 fez o papel duplo do homem abandonado em "Animais Noturnos"; e agora em 2017 com o cadeirante sobrevivente a um atentado em "O Que te Faz Mais Forte" (Stronger).

O que os três primeiros (e, pelo andar carruagem, o último também) têm em comum: todos são formas do ator demonstrar como é capaz de fazer personagens difíceis e todos foram esnobados pelo Oscar. Sua atuação em "O Que te Faz Mais Forte" parece fadada ao mesmo destino, sendo ignorada nas principais premiações da temporada - o termômetro mais forte das categorias de atuação, o Screen Actors Guild (SAG), não colocou Jake entre os indicados.


Não entenda errado: Jake é talentosíssimo e merece vários louvores (ele está assombroso em "O Abutre", e até em filmes menores sua atuação é digna de destaque, como em "O Homem Duplicado"). Querer um Oscar jamais é algo errado, mesmo ator nenhum tendo a coragem de dizer que aceitou o papel para colocar o careca dourado na estante. O Oscar é, querendo ou não, a maior premiação do planeta, e colocar as mãos em um é abrir portas que podem mudar toda uma carreira. Em contra partida, eles nem precisam assumir: papéis super-desafiadores, que envolvem mudanças drásticas na aparência, dura preparação de personagem e, se puder, um plano de fundo de superação, são os ingredientes da receita perfeita para chegar lá. Como diz a publicação, a plateia pode sentir o cheiro.

Só que não podemos viver nossa vida em torno de uma premiação, que, sejamos sinceros, não é parâmetro absoluto de qualidade - a quantidade de atuações ruins com prêmios em casa é assombrosa. Passado esse breve, mas necessário, relatório sobre o estágio atual da carreira de Gyllenhaal, podemos entrar em "O Que te Faz Mais Forte". A cinebiografia conta a história de Jeff Bauman, que perdeu as pernas no atentado terrorista na Maratona de Boston em 2013. Seguimos o homem tentando viver após a tragédia e como ela afeta sua relação com Erin (Tatiana Maslany, da série "Orphan Black").

Assim como - quase - todas as cinebiografias, os acontecimentos na tela são previsíveis - quando não totalmente óbvios. Filmes no molde de "O Que te Faz Mais Forte" seguem quase uma fórmula padrão para representar na tela a vida do personagem principal. E se essa vida for envolta de superação então, tudo fica ainda mais evidente.


Quem vai assistir ao filme em questão vai esperando ver uma história de superação, e, por um hora e meia de duração, não é exatamente isso que o público recebe. O passo a passo é seguido: temos uma breve apresentação de personagens e seus contextos, partindo logo para o atentado - realizado de maneira bastante competente e sem pudores - para, assim, embarcarmos na realidade de Jeff.

Ao contrário do que se espera, não temos um festival de chororô melodramático. O próprio Jeff brinca com a situação enquanto vemos sua recuperação médica, bem dolorosa. Há forte carga emocional pela sua nova vida e as dependências básicas geradas pelo atentado, que acabam com o psicológico do protagonista. A sua rocha é Erin, que se vê num momento complicadíssimo: ela havia terminado com Jeff, e ele, numa tentativa de reatar a relação, vai à maratona ver a ex participar. Na cabeça de Erin ela é quase a culpada pela tragédia com Jeff, afinal, ele só estava no local por causa dela. Todo esses fatos fazem com que os dois reatem o namoro, sem uma áurea de coitadismo ou piedade. Erin realmente quer estar ali.

O principal acerto da maior parte do longa é a recusa de Jeff em ser chamado de herói. Sua história é midiatizada de maneira exacerbada, com ele virando símbolo para sua cidade, mas ele questiona: "Eu sou um herói só por ter minhas pernas arrancadas?". E esse questionamento faz toda a diferença. Se olharmos para a verdade nua e crua, Jeff, ao seguir sua vida, faz nada de socialmente revolucionário. Para as outras pessoas, sim, ele é um herói por não ter "deixado os terroristas vencerem", e seu desejo de continuar vivendo é a fonte máxima de inspiração.


O comportamento "anti-heroico" do protagonista, juntamente com a exploração dos meandros da sua relação com Erin, vão costurando um interessante filme sobre um recomeço após uma tragédia, o impacto na interação interpessoal - e pessoal -, e a representação da deficiência, no entanto, nos trinta minutos finais, tudo é jogado no lixo para abraçar sem medo o "pornô de inspiração", com direito a imagens do protagonista na frente de bandeiras norte-americanas gigantescas, estádios de basebol e violinos ao fundo na trilha sonora.

Mas o que seria um "pornô de inspiração"? O termo pode soar bem sensacionalista, mas há uma explicação eficiente. Cunhado pela ativista Stella Young, ele quer dizer que a imagem das pessoas com deficiência é objetificada para o prazer dos não-deficientes - assim como a pornografia, produto que objetifica o sexo para o bel-prazer do espectador. Você com certeza já deve ter visto imagens com deficientes e a legenda "Qual a sua desculpa?", ou o slogan do filme, "A força nos define", exatamente a força física, o ato do protagonista usar seus músculos para poder andar, e tais construções são péssimas.


Devo me apropriar do conceito de Young para explicar como "O Que te Faz Mais Forte" se encaixa na ideia. O que a obra quer dar ao público? Uma mercadoria que vá inspirá-lo (no próprio pôster temos "Baseado numa inspiradora história real"). E o público espera exatamente isso, sentar numa cadeira e ser inspirado por duas horas. Nós aprendemos a ver pessoas com deficiência pela ótica de objetos de inspiração, afinal, a partir do momento que alguém é deficiente, seja isto um fato acarretado durante sua vida ou vindoura do próprio nascimento, ele se torna excepcional.

Young afirma: esse tipo de abordagem objetifica o grupo de pessoas com deficiência em benefício das pessoas "normais". "O Que te Faz Mais Forte" é um produto para motivar a plateia quando as construções desenvolvidas pelos trintas minutos finais fomentam o pensamento de "Minha vida poderia ser pior do que é, afinal, eu tenho minhas pernas". Essa leitura é algo quase automático, já que fomos moldados para pensarmos assim, todavia, o que estamos dizendo é "Não importa o quão ruim é minha vida, eu poderia ser aquela pessoa". E se você fosse aquela pessoa? Não seria péssimo você ser um parâmetro de vida ruim e viver como forma de fazer as pessoas "normais" se sentirem melhores consigo mesmas? Viver como fonte de inspiração de algo que você não pediu?

Jeff é abordado por vários estranhos, que o chamam de "herói" e dizem que ele os motiva. Eles estão, basicamente, parabenizando Jeff por acordar de manhã e viver sua vida, apesar dos pesares. E isso é uma maneira claríssima de objetificação. É como se esses estranhos estivessem dizendo "Parabéns por você seguir em frente, eu não conseguiria. Você me mostra que minha vida não é tão ruim assim, obrigado". O que na cabeça de quem fala é um grande elogio na verdade é reflexo de todos os materiais objetificadores, que colocam as expectativas sobre os deficientes num patamar tão baixo que só o ato de acordarem e viverem os fazem ser incríveis.


Enquanto o protagonista luta contra esse modelo social de deficiência, detestando a exposição e ignorando a Oprah (!), a obra é um grande produto contra essa objetificação e forte debatedor da regra vigente, deixado totalmente de lado quando o protagonista tem uma epifania moral e decide seguir o modelo, que derruba todos os ótimos 90 minutos anteriores.

Não podemos então tirar boas lições da vida de deficientes? Sim, podemos, assim como podemos aprender com qualquer forma de vida, mas estamos aprendendo da forma errada. O longa mostra como é possível vivermos depois de uma tragédia, encontrando forças no aparato emocional que temos com família e amigos, e as dificuldades motoras de um deficiente físico, algo que talvez nem tenhamos total ciência, e esses pontos são bons de serem explorados pelo cinema, mas a maneira que a deficiência é desbravada no último ato incomoda e cai exatamente na bandeira levantada por Young, que dizia: "Eu não sou sua inspiração, muito obrigada".

"O Que te Faz Mais Forte" nem precisa ser repudiado por trazer a "pornografia de motivação" - a obra talvez nem saiba dos processos de construção de significados feitos em cima da deficiência (o próprio título já demonstra), entretanto, quando chega tão perto de se tornar um exemplo de como não objetificar esse grupo e desiste de tudo em nome de uma moral ufanista e sentimentaloide, se torna "mais um". Feito sem medo de ser feliz para agradar as massas, o filme acaba mais deficiente que seu protagonista, um Jake Gyllenhaal sedento por prêmios. A sede continua.

Crítica: "Okja" é um filme caricato e panfletário pronto para a Sessão da Tarde

Atenção: a crítica contém spoilers.

"Okja" pode parecer um filme bastante inocente quando temos a história de uma garotinha tentando salvar a vida de sua amiga porca, mas desde a estreia no Festival de Cannes, em maio, a produção encontra polêmicas – conservadoras, mas ainda assim polêmicas. O festival, bastante tradicional, abriu as portas pela primeira vez para filmes que não são exibidos nos cinemas na competição da Palma de Ouro, o que enfureceu a muitos.

Quando o logo da Netflix, produtora da obra, apareceu durante a exibição, vaias ecoaram pela sala. Se de um lado temos essa resistência pela era dos streamings, por outro parece um final óbvio para a nova era do Cinema: o império construído pela Netflix já chegou até ao Oscar. Mesmo com as vaias, para contrabalancear, o longa recebeu palmas no término da sessão.

"Okja" é o sétimo filme do sul-coreano Bong Joon-ho, diretor dos ótimos "O Hospedeiro" (2006) e "Mother: Em Busca da Verdade" (2009), e o segundo filmado (parcialmente) em inglês - o primeiro foi "Expresso do Amanhã" (2013). Destrinchando ainda mais a premissa, temos um mundo onde a fome impera e a Corporação Mirando, liderada pela CEO Lucy Mirando (Tilda Swinton) desenvolveu um "superporco": uma raça de porcos modificada que aumentam seu tamanho e podem ser a solução da fome. 26 desses bichinhos (nada pequenos) são enviados para 26 fazendeiros ao redor do mundo para que, com as condições climáticas diferentes, a empresa descubra qual será, em 10 anos, o melhor dos superporcos. É aí que entra Mija (Ahn Seo-hyun), uma garotinha dona de Okja, a malfadada superporca que será eleita a melhor da raça (feita com competentes efeitos especiais).


A menina é enganada pelo avô (Byun Hee-bong) quando Dr. Johnny Wilcox (Jake Gyllenhaal), zoólogo e porta-voz da Mirando, anuncia que Okja é a vencedora. O avô, que mentiu dizendo que tinha comprado a porca, revela que a empresa não quis vendê-la e que agora ela vai até Nova Iorque, o que enfurece Mija. A garota então parte numa caçada global para resgatar sua melhor amiga.

A obra então se divide em duas vertentes: de um lado temos a aventura de Mija para se reencontrar com Okja e do outro temos uma viagem ao submundo da indústria alimentícia. A corrida da protagonista se difere em nada de qualquer filme da Sessão da Tarde onde o dono perde o cachorro e sai à procura para, no final, voltarem juntos felizes para casa, por exemplo, então o peso da mensagem cai em cima da segunda vertente.


Sabe aquele ditado “Quando você descobre como se faz salsicha, não vai mais querer comer”? Pois é, é mais ou menos assim que “Okja” deseja discutir o uso animal na indústria. Joon-ho, no entanto, não é um cineasta que se leva tão a sério. Em “Mother” o diretor aborda assuntos bastante complexos, porém, não abre mão de uma veia cômica que dificilmente funciona na maior parte dos filmes. Mas em “Mother” funciona pelas doses modestas, o que não acontece em “Okja”.

Talvez pela visibilidade, sendo um filme com grande elenco hollywoodiano e distribuído pela Netflix, Joon-ho cai de cabeça no pastelão, no mais comercial possível. Praticamente todos seus personagens são extremamente caricatos, parecendo bem mais personagens de desenho animado. O pobre Jake Gyllenhaal, coitado, é uma mistura bizarra de Ace Ventura (Jim Carrey) com Borat (Sacha Baron Cohen), cheio de trejeitos insuportáveis e uma voz desastrosa. Bêbado então, uma vergonha. O personagem, literalmente, poderia não existir que a história mudaria em pouquíssima coisa, sendo facilmente substituído.


E esse é o principal problema da película: levar na brincadeira algo que deveria ser mais sério. Não, o tema não precisaria de um estilo documental, seco, corretíssimo, no entanto, há tanta baboseira envolvida que é impossível apreciar as discussões mais relevantes do roteiro: ao invés de transformar o riso em algo inteligente, a linguagem não nos faz levar a sério o que está exposto. É quando o lúdico deixa de agregar para ser pateta.

Há, aqui, um cerne claro: consumo irresponsável de carne é ruim. Diferente do que muitos dizem, “Okja” não é um filme pró-veganismo; a própria protagonista come carne. O que o filme tenta debater é como a indústria lida com a vida de animais para o consumo humano e como ignoramos todos os maus tratos enfrentados pelos bichos em prol do nosso churrasco de domingo.

Tal discussão é absolutamente válida e urgente, entretanto, “Okja” não abre mão dos macetes mais forçados possíveis para julgar toda a trama: de um lado temos Mija, a inocente e determinada protagonista, que encontra forças com uma associação de libertação animal (uma versão mais radical e ficcional do PETA); do outro, a Corporação Mirando, com seus malvados e cruéis proprietários, que só visam o lucro a qualquer custo. O binarismo “bem” versus “mal” de segunda série aqui não dá o peso das enormes camadas que a situação pede, com toda a trajetória obrigando o espectador a cair de um dos lados do ringue ao invés de expor seus lados de forma natural. Você é obrigado a engolir o que o filme diz, o que torna a discussão sem propósito, já que, no fim das contas, não é bem uma discussão.


Com a discussão posta goela abaixo, sobra ao longa a viagem de Mija até Okja. Uma das melhores coisas da obra é o uso de atores orientais e falas coreanas, o que não torna toda a coisa em uma novela da Glória Perez onde todas as pessoas do mundo falam a mesma língua (sem sotaque). Nos primeiros encontros dos americanos com Mija, há um tradutor, que inclusive gera um dos melhores momentos da fita, porém, em determinado momento, o filme se cansa dessa barreira linguística e faz com que a protagonista aprenda inglês dentro de um voo. Sim, a garotinha sai do avião entendendo e falando inglês básico, uma língua absurdamente diferente do coreano. Superdotada, QI avançado.

Outro ponto interessante é a inteligência dos superporcos: eles são capazes de realizar cadeias de pensamentos complexas. Numa cena, onde Mija cai num precipício, Okja, com uma corda, consegue desenvolver grandes cálculos matemáticos para poder salvar a dona. Perto do final, ao sair de um matadouro na sede da Mirando, um casal de porcos entrega seu bebê porco para que Mija o leve a salvo, numa hiper humanização dos bichos, mais humanos que nós mesmos. A cena, o ápice constrangedor do filme (e olha essa disputa que é páreo duro), joga gás lacrimogêneo tela adentro com todos os porcos se compadecendo da própria situação e chorando em coro. Melodrama mexicano.


Para finalizar o show de erros que encontramos aqui, a solução é completamente sem propósito: Okja vai até Nova Iorque porque o avô de Mija não consegue comprá-la. Com o dinheiro, ele compra uma porca de ouro e dá para a neta. Faltando segundos para a morte de Okja (claro), Mija oferece a porca de ouro em troca de sua amiga. Nancy Mirando, a irmã (ainda mais) malvada de Lucy (também interpretada por Swinton, dessa vez reforçando a afetação), decide aceitar a oferta. Ora, pra quê então todas as duas horas de projeção se a solução já estava ali desde o começo do filme? E se a irmã "menos malvada" não aceitou a venda, quais as chances da pior aceitar?

E é cômico, para não dizer trágico, a forma como o filme termina: tudo continua do jeito que começou. A Mirando continua abatendo porcos enquanto Mija volta para casa tranquila com Okja (e o bebê porco). Ela só queria resgatar a amiga, e quando o fez, seguiu com sua vida enquanto o próximo porco entrou na linha de produção para ser morto. "Okja" é um círculo vicioso: toda a sua duração começa e termina praticamente no mesmo lugar, Mija com Okja, Mirando matando seus animais. A obra faz a mesma coisa que critica: todos nós sabemos dos problemas e crueldades da indústria animal, mas continuamos a viver sem grandes preocupações, assim como a "heroína".

“Okja” tem boas intenções, isso não há como negar, num longa que minimamente nos bota para pensar sobre capitalismo e o que colocamos em nossos pratos, e há um belo design de produção e momentos agradáveis  o início, mostrando a vida de Mija com sua porca de estimação, é fofo , contudo, a propaganda panfletária e didática contra o uso indiscriminado de animais para o consumo predatório se torna chacota com todos os elementos paupérrimos utilizados para construí-la, o que desvia também o público-alvo da película. Não é um clássico infantil, pelas discussões avançadas e sua linguagem, mas definitivamente não é um filme adulto, por todo o pastelão "Zorra Total". Pela aventura clichê e previsível, o emocionalismo barato, as soluções preguiçosas e os personagens vergonhosos, “Okja” é um ótimo filme para vender pelúcia, mesmo seu animal mais parecendo um hipopótamo do que um porco.

OMG: Jake Gyllenhal também terminou com Taylor Swift por telefone ?!


A cantora Taylor Swift realmente não tem sorte no amor. Recentemente ficamos sabendo que a cantora e o ator Jake Gyllenhal haviam terminado o namoro antes do fim de ano, mas parece que Jake escolheu um jeito não muito original para terminar com a cantora.
Segundo o Hollywood Life, o ator teria feito como Joe Jonas e terminado com Taylor Swift pelo telefone. Os motivos do fim do namoro seria a exposição na mídia e a diferença de idade. Alguém dúvida que isso vai dar música ?!

All the single ladies, now put your hands up ! ♪

Taylor Swift está solteira de novo !

Uma revista norte-americana divulgou que a cantora Taylor Swift e o ator Jake Gyllenhaal teriam rompido o namoro no fim de 2010, começando 2011 solteiros. Segundo a publicação, o motivo da separação não foi divulgado.

Taylor Swift comemorou o fim de ano em Nashville e Jake em New York.

Jake Gyllenhaal deu uma guitarra a Taylor Swift como presente de aniversário !

O site The Sun divulgou que o ator Jake Gyllenhaal deu a Taylor Swift uma guitarra que custou dez mil dólares. Eles haviam entrado em uma loja e Taylor ficou babando na guitarra, porém sairam sem comprar nada. Em seguida Jake voltou, comprou a guitarra e a deu como presente de aniversário para Taylor.

No mês passado Jake havia gasto cerca de 150 mil dólares para uma viagem a Londres com Swift.

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