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A sorte está la la lançada: estas são as nossas apostas para o Oscar 2017

Hoje é o grande dia, amados! A cerimônia do Oscar acontece hoje e nós reunimos todos os membros de cinema para dar pitaco e lançar nossas apostas sobre quem leva a melhor na premiação. Como o nosso próprio título já condena, "La La Land" não só o favorito da Academia, como também nosso. Mas fica tranquilo, fomos super justos em várias categorias. Vem!




Melhor Trilha e Canção Original: "La La Land: Cantando Estações"
"La La Land" e "Moana" são os musicais que se destacaram em 2016, e ambas as produções são concorrentes nestas duas categorias. A única diferença é que "La Land Land" tem duas músicas na categoria Melhor Canção Original, sendo elas "Audition" e "City Of Stars". "LLL" deve levar ambas as categorias para a casa; "City Of Stars" é quem deve dar o prêmio de Melhor Canção Original. — José Salvani

Melhor Fotografia: "La La Land: Cantando Estações"
Numa das categorias mais concorridas da noite, “La La Land” deve abocanhar o favoritismo também em “Melhor Fotografia”. Como já foi comprovado, a Academia ama planos sequência – “Birdman” e “O Regresso” estão aí pra provar –, imagine quando esses planos são musicais e uma ode à própria arte. Linus Sandgren, fotógrafo de “La La Land”, realizou um trabalho maravilhoso, seja nas grandes sequências musicais – “Another Day of Sun” é de cair o queixo –, seja pelos momentos mais intimistas. Não foi por acaso que ele levou quase todos os prêmios de “Fotografia” da temporada. — Gustavo Hackaq

Melhor Figurino: "Jackie"
Só pelo terno rosa o filme levaria o prêmio para casa, porém a figurinista Madeline Fontaine vale ser destacada por seu trabalho também pela recriação minuciosa de vários figurinos de Jacqueline Kennedy e também pela reinvenção de alguns deles. Fontaine consegue transmitir com maestria todo o glamour da ex-primeira dama. Infelizmente, este será um dos únicos prêmios que "Jackie" deve levar. — José Salvani

Melhor Roteiro Original: "Manchester À Beira-Mar"
Universalmente aclamado, o drama com ares de humor negro “Manchester À Beira Mar” é um filme bastante simples, mas vitorioso pelas atuações impecáveis de Casey Affleck, Lucas Hedges e Michelle Williams (todos indicados ao Oscar), no entanto, é o roteiro de Kenneth Lonergan, também diretor do filme, que orquestra o espetáculo. Original, tocante e até estranho, o trabalho escrito do diretor/roteirista deve arrematar o Oscar de Roteiro Original caso o brilhantismo de “La La Land” (em muitas partes justificado) não cegue os votantes. Além disso, como um dos principais indicados a Melhor Filme, “Manchester” não pode sair sem um dos principais prêmios da noite. — Gustavo Hackaq

Melhor Roteiro Adaptado: "Moonlight: Sob A Luz do Luar"
Além de ser o segundo mais indicado da noite (em oito categorias), “Moonlight” é o filme mais aclamado e premiado de 2016. Está claro que a Academia morreu de amores pelo encanto cinematográfico de “La La Land”, o que afasta “Moonlight” do prêmio máximo, mas a sua importância social e o poderosíssimo roteiro não poderão sair de mãos abanando. É certo que o lindo roteiro de “A Chegada” ainda está na briga da categoria, porém, a força motriz de “Moonlight” habita em seu discurso, e Barry Jenkins (também diretor do longa) e Tarell Alvin McCraney (co-roteirista e criador da obra que originou o filme) serão vencedores exemplares na era de Donald Trump. Um texto sobre um homem negro e gay vencedor do Oscar? Isso que fará a América grande de novo. — Gustavo Hackaq

Melhor Ator Coadjuvante: Mahershala Ali, por "Moonlight: Sob A Luz do Luar"
Mahershalla Ali tem pouquíssimo tempo de tela em "Moonlight", porém rouba a cena. O personagem do ator, Juan, é peça essencial para a construção de Chiron, servindo com uma espécie de figura materna que nunca teve, e Ali consegue entregar em pouco tempo uma atuação impecável e forte, necessária para o seu personagem. — José Salvani

Melhor Atriz Coadjuvante: Viola Davis, por "Um Limite Entre Nós"
Esse é, de longe, o Oscar mais fácil de acertar. Viola Davis levou praticamente todos os prêmios que concorreu pela atuação em “Um Limite Entre Nós”, incluindo os mais fortes, como o SAG, BAFTA, Globo de Ouro e o Critics' Choice. Claro, a artimanha de colocá-la como Atriz Coadjuvante só facilitou suas vitórias – mas ela tinha fortíssimas chances de vencer mesmo em Melhor Atriz. E os motivos são evidentes até no trailer do longa: a atriz entrega uma aula de atuação, coragem e sinceridade pelo papel difícil de Rose – que a rendeu um Tony em 2010 na readaptação de “Fences” no teatro. Não tem como escapar depois de três indicações, essa hora é tua, Viola. — Gustavo Hackaq

Melhor Ator: Denzel Washington, por "Um Limite Entre Nós"
Desde o início da corrida dourada, Casey Affleck vinha como o favorito a Melhor Ator pelo belo trabalho em “Manchester À Beira Mar”. Ele ainda é o grande nome e detentor do maior número de prêmios da categoria na temporada, porém, suas acusações de abuso sexual em 2010 começaram a pesar contra sua óbvia vitória, com atores e personalidades publicamente contrários à sua vitória. O ponto de virada foi no Screen Actors Guild (SAG), o principal termômetro do Oscar de atuações, que foi arrematado por Denzel Washington, o que nos faz apostar em sua vitória, tanto pelos problemas de Affleck, pelo brilhante desempenho de Denzel em “Um Limite Entre Nós” e, claro, pelo fim do #OscarSoWhite (assim teríamos três negros vencendo quatro das categorias de atuação). — Gustavo Hackaq

Melhor Atriz: Emma Stone, por "La La Land: Cantando Emoções"
Num ano concorridíssimo como esse, com Isabelle Hupert ("Elle") e Natalie Portman ("Jackie") entregando performances louváveis, quem nós apostamos levar a estatueta para a casa é Emma Stone, que também entrega uma atuação impecável. Emma é Mia, uma atriz que busca sua ascensão no mercado, seja no cinema ou teatro, e após alguns encontros improváveis que insistem em acontecer, apaixona-se pelo pianista Sebastian (Ryan Gosling). Vale lembrar que Stone já foi indicada ao Oscar na categoria Melhor Atriz Coadjuvante por "Birdman". — José Salvani

Melhor Diretor: Damien Chazelle, por "La La Land: Cantando Emoções"
Este é o ano de Damien Chazelle! O jovem diretor, que vem conquistando terreno desde "Whiplash" (2015), ganhou todos os principais prêmios da categoria e demonstrou toda sua competência e versatilidade com  "La La Land", um musical com números bem executados (destaque para a primeira cena, em plano-sequência) e relevante impacto visual, mesmo produzido sob baixo orçamento. Sua vitória pode ser ameaçada por Barry Jenkins ("Moonlight") e Denis Villeneuve ("A Chegada"), mas ainda apostamos que Chazelle seja grande nome da noite. — Gustavo Nery

Melhor Animação: "Zootopia"
"Zootopia" é uma das escolhas mais certas para a categoria de Melhor Animação. O filme esteve na lista de melhores do ano da American Film Institute (AFI) e conquistou quase todos os prêmios anteriores, incluindo o de Melhor Longa-Metragem no Annie Awards, premiação destinada ao gênero. O grande destaque está na narrativa que mescla comédia com investigação policial, trazendo à tona temas modernos e relevantes para o momento, como feminismo e preconceito. — Gustavo Nery

Melhor Filme: "La La Land: Cantando Emoções"
"La La Land: Cantando Estações" levou inúmeros prêmios nesta temporada de premiações de cinema, e com o Oscar não deve ser diferente. Com 14 indicações, igualando-se a "Titanic" e "A Malvada", o longa-metragem de Damien Chazelle deve levar, inclusive, o grande prêmio da noite. A produção é um ode aos musicais, recheado de referências aos grandes clássicos e apoiado em um roteiro simples, porém firme. Quem pode acabar levando seu prêmio é "Moonlight", mas como o musical é o grande favorito da noite, é bem provável que a Academia entregue o prêmio principal para o filme de Chazelle. — José Salvani

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Com apresentação de Jimmy Kimmel, a 89ª edição do Oscar acontece em Los Angeles a partir das 23h. Aqui no Brasil, dá para conferir a cerimônia de entrega de prêmios pela TNT ou qualquer stream amigo. No Twitter, estaremos fazendo uma cobertura bem gostosinha, viu?

Crítica: "Um Limite Entre Nós" vai ao quintal de uma família negra para debater raça e relacionamentos

Indicado ao Oscar de:
- Melhor Filme
- Melhor Ator (Denzel Washington)
- Melhor Atriz Coadjuvante (Viola Davis) *favorito*
- Melhor Roteiro Adaptado

Atenção: a crítica contém spoilers.

A arte que mais se aproxima do cinema é o teatro, com a diferença mais elementar no fato de que o cinema é gravado, ao contrário do teatro, que é ao vivo. Antes de cunhada a linguagem cinematográfica, o cinema era quase uma peça filmada nos primórdios. Com a evolução da arte, peças foram adaptadas à telona sem perder algumas de suas características, fundidas com o formato de cinema, como, por exemplo, “Disque M Para Matar”, “Conduzindo Miss Daisy”, “Álbum de Família”, “Deus da Carnificina” e “Um Limite Entre Nós”, indicado à 89ª edição do Oscar.

Imagem: Divulgação/Internet
Originalmente, “Fences” é uma peça de August Wilson escrita em 1983. Universalmente aclamada, o trabalho levou diversos prêmios no lançamento, como o Tony (o Oscar do teatro) de “Melhor Peça” e o Pulitzer de “Melhor Drama”. Quando relançada em 2010, voltou ao Tony e, entre os prêmios, levou “Melhor Ator” para Denzel Washington e “Melhor Atriz” para Viola Davis.

Sim, Denzel e Viola estrelam no filme os mesmos premiados papéis da peça – e com grandes chances de também arrematarem o Oscar. Eles são Troy e Rose, um casal negro dos EUA nos anos 50. Ela, dona de casa, cuida do filho Cory (Jovan Adepo), enquanto o marido trabalha como gari. O grande sonho deste era ser jogador de baseball, frustrado por nunca ter conseguido chegar à grande liga do esporte – uns dizem que pela idade avançada, mas ele insiste que foi pela sua pele. O sonho de Cory é seguir os passos do pai e tentar ser um grande jogador, porém destruído enquanto o pai se nega a deixar o filho trilhar por esse rumo.

Imagem: Divulgação/Internet
Como você já deve ter notado, “Um Limite Entre Nós” é um longa bastante cru e “gente como a gente”. Na tela temos dramas humanos simples, contados de forma bastante teatral por Denzel, que também dirige a obra. E logo de cara já sentimos o impacto desse formato: durante quase toda a duração do filme não há mais de 20 segundos sem falas. São diálogos por cima de diálogos, grandes monólogos e um apreço pela atuação sem precedentes, o que pode afastar o grande público numa primeira tentativa – principalmente quando discutidos assuntos tão usuais.

Mas não se engane, há bastante poder nesses diálogos. Sempre levando em consideração o contexto – América, anos 50 –, a realidade da população negra é escancarada quando entramos na casa dos protagonistas. Troy, renegado à posição de gari, deseja ser promovido para motorista do caminhão de lixo, para, dia após dia, recolher os restos das pessoas brancas. Há em suas falas grande rancor no que diz respeito o aparato racial da sociedade. Num pequeno, mas emblemático momento, ele conta uma história de como enfrentou a morte. Ao descrever a figura, ele fala que ela era uma figura branca, o que vai contra o imaginário popular da morte negra e sombria. Pode passar despercebido, mas quando notamos que para ele a morte é branca, há um discurso incisivo sobre raças.

Imagem: Divulgação/Internet
O pilar central do filme é, claramente, Troy – ainda em mente o patriarcado fortíssimo dos anos 50. Todos os personagens gravitam ao redor dele, e são, de uma forma ou de outra, “controlados”. A cada cena, a cada novo personagem secundário introduzido, vamos desvendando aquele ser complexo, com falhas e qualidades, o que o deixa ainda mais humano. Todavia é difícil não sentir antipatia (quando não raiva) pelo personagem, principalmente na sua relação com o filho. 

Naquela realidade tão patriarcal, Cory não possui voz, com Troy ditando tudo o que o garoto deve ou não fazer. Há uma pesada mão de ferro sobre o garoto, que sofre pelas cortadas do pai. É como se o filho unicamente existisse pra fazer tudo o que o pai manda, o que tende a plateia para o lado do Cory. Troy não faz por mal, ele está apenas reproduzindo a forma cruel que foi criado – só reforçada quando ouvimos sobre sua infância –, e, do seu ponto de vista, o que ele faz é para o bem de Cory. O pai não quer que o filho seja humilhado como ele no baseball. “Eu jogava muito melhor que muito dos brancos, mas ainda assim não consegui chegar lá”.

Imagem: Divulgação/Internet
Tá, mas cadê a Viola no meio disso tudo? Mesmo ela sendo a atriz principal do filme, sua posição dentro do todo é bem menor que a de Denzel, o que justifica sua indicação a “Atriz Coadjuvante” – o que, claro, é também uma artimanha para facilitar seu Oscar. Sua personagem só consegue espaço para brilhar quando descobre que Troy está tendo um caso e a amante espera um filho. É o momento para Rose explodir e rasgar emoções na tela.

Muito mais que uma briga de marido e mulher, Rose desempenha um papel de discussões femininas dentro daquela opressora sociedade. Ela fala como abdicou seus sonhos para viver pela família enquanto Troy a traía para fugir das duras responsabilidades da casa. O homem sente-se no direito de tal ato em prol de sua liberdade, afinal, é ele quem traz o sustento da casa. Todos devem apenas obedecer e agradecer. Felizmente, Rose não é passiva dessa forma e consegue colocar ordem na complicada situação, que piora quando a mãe morre durante o parto e ela tem que ser a mãe do filho da amante. “Essa criança vai ter uma mãe, mas você não tem mais uma mulher”.

Imagem: Divulgação/Internet
O mais curioso de tudo é a metáfora criada pelo título do filme (“Cercas”, no original). Troy passa o filme inteiro tentando construir uma cerca ao redor de sua casa, porém, sem notar, é dentro dela que as cercas vão crescendo. Pelos seus atos, ele mais afasta do que aproxima sua família, mesmo na tentativa de manter todo mundo do lado de dentro da cerca. Troy não é um personagem ruim ou um vilão – como a emocionalmente forçada cena final comprova –, porém sua visão do que é certo para a família – e para ele mesmo – gera a desunião.

"Um Limite Entre Nós" é um filme de atuações e diálogos, com um conjunto que preza pela observação daqueles espelhos de vida, repleto de análises sobre o conceito de família, autoridade e cumplicidade entregues com bastante crueza e honestidade. É um longa complexo e denso, atuado com maestria por Viola e Denzel – este ocupa quase toda a tela. Muito mais do que explorar um difícil arranjo familiar, Denzel consegue extrair brilho dos renegados pela sociedade ao entrar pela porta da frente no mundo onde a população negra era designada, revelando suas batalhas, seus dramas e suas dores. A obra se torna um quadro representativo importante a partir do quintal de uma família negra nos anos 50 quando vemos que, 70 anos depois, muitas daquelas situações não mudaram. Assim, a importância do filme grita.

"Às vezes o toque dele me queimava. Às vezes o abraço dele me cortava".

Crítica: "A Qualquer Custo" usa o faroeste para fazer sua elétrica crítica às mazelas do capitalismo

Indicado ao Oscar de:

- Melhor Filme
- Melhor Ator Coadjuvante (Jeff Bridges)
- Melhor Roteiro Original
- Melhor Montagem

Assim como “La La Land: Cantando Estações”, “A Qualquer Custo” enfrenta certo preconceito em relação ao seu formato. Um neo-western, ou “faroeste moderno”, o longa faz com que o espectador coloque os dois pés atrás e até desista de vê-lo. É interessante que, também como “La La Land”, que é um musical, o formato de “A Qualquer Custo” já foi um dos mais celebrados do cinema. 

Imagem: Divulgação/Internet
Os “filmes de cowboy” fizeram sucesso na década de 30 em Hollywood, com John Wayne sendo um dos principais e mais famosos nomes do gênero. Mas, ao contrário dos musicais, que já levaram 11 estatuetas de “Melhor Filme”, o faroeste só alcançou o topo do Oscar quatro vezes: em 1931 com “Cimarron”, 1991 com “Dança Com Lobos”, 1992 com “Os Imperdoáveis” e em 2008 com “Onde os Fracos Não Têm Vez”, o que é até estranho, já que o gênero é tão típico e amado nos EUA.

Assim como todos os gêneros cinematográficos, o faroeste foi mudando com o passar do tempo, adaptando-se às novas tendências e, claro, refletindo a realidade atual. Então acalme-se e não espere um “Três Homens em Conflito” aqui – em “A Qualquer Custo”, o “novo-faroeste” é só a forma de bolo da obra.

Imagem: Divulgação/Internet
Dirigido por David Mackenzie, o filme conta a epopeia de dois irmãos para salvar a terra da família, atolada em dívidas e prestes a ser perdida para o banco, através de vários roubos de bancos. Tanner (Ben Foster) é ex-presidiário alucinado, enquanto Toby (Chris Pine), molde do “bom moço”, tenta apaziguar toda a loucura do irmão, mesmo entrando no crime. No encalço dos dois estão Marcus Hamilton (Jeff Bridges), um xerife racista e seu parceiro indígena Alberto Parker (Gil Birmingham), saco de pancadas verbal que aguenta inúmeras piadas infames sobre sua ancestralidade.

O filme alterna os pontos de vista, ora sobre os irmãos, ora sobre os policiais. Há um balanceamento bastante esperto por parte do roteiro de Taylor Sheridan. Os irmãos são claramente “vilões” no sentido mais elementar da palavra, já que ambos cometem os crimes que movem a história, porém é muito difícil não sentir empatia pelos dois, principalmente Toby. A cumplicidade entre eles e, principalmente, o contexto que os levou a roubar, consegue moldar um sentimento positivo na plateia, principalmente contra do outro “time”, liderado por um babaca preconceituoso que diminui o colega de trabalho em prol do próprio prazer.

Imagem: Divulgação/Internet
Pouco a pouco o passado dos irmãos vai sendo revelado e os dramas familiares desenterrados, o que dá ainda mais peso ao arco narrativo motivacional dos irmãos. Haveria uma desconexão e até repulsa por parte do público caso as razões para que eles façam os crimes não ficassem tão claras e fortes. É tipo torcer pelo Walter White em “Breaking Bad”, mesmo sabendo que o que ele faz é errado e passível de culpa em qualquer situação externa.

Outro elemento bastante criativo é a inclusão de placas e outdoors durante todo o filme, mais exatamente quando os irmãos vão até os bancos assaltar, com propagandas sobre empréstimos e saldo de dívidas. Os personagens – e nós, aqui desse lado da tela – somos constantemente lembrados como o dinheiro é importante e como a falta dele é a ruína absoluta. Enquanto passam por essas placas, um combustível a mais é injetado nas veias de Toby e Tanner.

Imagem: Divulgação/Internet
E é exatamente aqui que reside uma das maiores belezas de “A Qualquer Custo”: o estilo neo-western é apenas o esqueleto da obra – sua carne é formada por uma crítica às mazelas do capitalismo. O “american dream” já se encontra num ponto distante em plena segunda década do século XXI, restando as rachaduras desse utópico mundo perfeito. Obviamente o crime não é a solução para esse sistema que apresenta muitos problemas, mas as ações do filme rendem ótimas e relevantes críticas sociais.

Se o formato faroeste está no espaço geográfico, na noção de justiça e, claro, no jogo de gato e rato entre o xerife e os bandidos, a outra totalidade da obra abraça o suspense e a ação – as cenas dos roubos são deliciosamente bem construídas pela dinâmica dos irmãos, enquanto suas fugas são elétricas e energizantes. A fotografia – linda de doer –, que dá foco nas cores daquele mundo decrépito, é potencializada pela montagem ágil e ditadora do ritmo. Não há composição técnica fora do lugar em “A Qualquer Custo”.

Imagem: Divulgação/Internet
Há, como é de esperar, clichês dentro do roteiro, principalmente por parte de Hamilton, o xerife de meia idade, prestes a se aposentar, se agarrando ao seu último caso – e interpretado com louvor por Bridges. No entanto, bastante inteligência é empregada no personagem, o único ali a entender o método de roubo dos irmãos. Com o decorrer do longa, cria-se o palco para que os dois núcleos finalmente se encontrem para a derradeira batalha do binarismo “bem X mal” – felizmente bem composto pelos subtextos de cada núcleo.

“A Qualquer Custo” é um filme econômico e simples, mas corretíssimo e contemporâneo. Há um belo acréscimo ao gênero e principalmente relevantes discussões sociais sobre a ganância dos bancos, a concentração de dinheiro e poder, os corredores sujos do sistema e como as pessoas se vêm forçadas a burlá-lo quando são postas em posição de aceitação da própria pobreza. No fim das contas, todos ali são vítimas das mãos de ferro do capitalismo e o binarismo deixa de existir. Um filme que encontra beleza no confronto do lado mais feio do sistema e prova que nem sempre o maior acerto é uma história totalmente nova, mas sim a forma como você conta uma história já conhecida.

Crítica: "A Chegada" usa naves e alienígenas para nos dar uma lição sobre os meandros da vida

Indicado ao Oscar de:

- Melhor Filme
- Melhor Direção
- Melhor Roteiro Adaptado
- Melhor Fotografia
- Melhor Montagem
- Melhor Direção de Arte
- Melhor Edição de Som
- Melhor Mixagem de Som

Atenção: para melhor explanação do filme, o texto contém spoilers.

Antes de começarmos a entrar na análise de “A Chegada”, uma pergunta: se visse sua vida toda, do começo ao fim, você mudaria alguma coisa? Pode refletir por um momento.

“Estamos tão presos pelo tempo”, começa Dra. Louise Banks (Amy Adams, maravilhosa e injustiçada pelo Oscar), numa das primeiras falas de “A Chegada”, enquanto vemos um trecho de sua vida, desde o nascimento até a morte de sua filha. “A memória é uma coisa estranha, não funciona como eu imaginava”.

A introdução é rápida, mas dolorida e pontual para a instauração do tom que circundará a protagonista. No presente, vemos a casa da linguista, que é reprodução física da solidão de Louise: ampla, transparente, porém oca, fria e melancólica. Enquanto ensina sobre Português numa universidade, os alunos chamam a atenção para que ela ligue a tevê no noticiário: doze naves de origem desconhecida surgem ao mesmo tempo em lugares diferentes do globo. Todos os alunos são mandados para casa.

Imagem: Divulgação/Internet

Dois dias depois da chegada das naves, o coronel do exército norte-americano Weber (Forest Whitaker) vai ao escritório de Louise com uma gravação de soldados falando com os alienígenas. Weber quer que a linguista traduza o que os ETs estão falando, o que é uma tarefa impossível através de um gravador de voz – porque as criaturas, bem, não têm voz, só ruídos. Ela é levada até a nave e, junto com o físico Ian Donnelly (Jeremy Renner), lideram a equipe de tradução para saber o que os visitantes querem na Terra.

Como reafirma em todos os cartazes, o grande mistério para os personagens é o que os aliens fazem aqui, qual o seu propósito. Ciência? Exploração? Guerra? Ou só turismo? Mas por que então mandar doze deles? Qual a razão dos locais de pouso? Eles se comunicam entre si? Afinal, o que são eles? O filme bombardeia o espectador de questionamentos, a maioria sem respostas, nos forçando a seguir os personagens imersos nas mesmas dúvidas – e ainda com o medo iminente de ter uma nave de 500 m flutuando em seu quintal.

Imagem: Divulgação/Internet

E um dos grandes acertos da obra são as próprias naves. Anos-luz de distância das naves que as ficções-científicas mais famosas adoram criar, como “Star Wars” e o recente “Passageiros”, o veículo dos ETs é minimalista: uma grande concha negra. O design de produção criado aqui é belíssimo e resguarda um grande mistério visual, longe de pirotecnia em naves cheias de detalhes, lasers e parafernálias. A fotografia, espetacular e uma das melhores de 2016, sem dúvida, até aproveita sua forma e cor para enquadrá-la da mesma maneira que Stanley Kubrick filmou o monólito em “2001: Uma Odisseia no Espaço”, o maior filme ficção-científica da história e óbvia referência a todos que o seguiram.

O filme privilegia os primeiros contatos dos protagonistas com a nave. Desde o helicóptero que os levou até lá, Louise e Ian ficam hipnotizados. Ao caminhar até o acampamento militar, a linguista bem tenta não olhar para o monumento, mas é impossível. A nave é um ímã gigantesco. Quando finalmente vão até ela, enquadramentos em close mostram os cientistas tocando a superfície da nave. É a primeira vez que seres humanos tocam algo construído em outro planeta, e o poder simbólico do enquadramento é, com o perdão do trocadilho, fora desse mundo.

Imagem: Divulgação/Internet
Finalmente dentro do veículo espacial, Louise e Ian conhecem os ETs, ou “heptapodes”, como os militares chamam graças aos sete “pés” que eles possuem. Confinados através de um vidro que separam os cientistas dos aliens, Louise tenta se comunicar – ou fazer com que eles “falem” –, conseguindo sucesso ao escrever a palavra “humano” numa lousa. Um dos ETs “escreve” em resposta um símbolo circular na superfície do vidro, o que comprova que eles possuem uma linguagem.

E é aqui o centro de todo o filme: a linguagem. Weber pressiona Louise constantemente para que ela arranque a resposta que todo o planeta quer saber – qual o propósito dos aliens ali –, no entanto, como bem explica a linguista, até que os visitantes entendam a pergunta, muito trabalho tem que ser feito. Estamos tão imersos dentro das nossas línguas que não percebemos o quão complexo é o ato de se comunicar. Você, que está lendo essa linha nesse momento, está realizando um trabalho mental enorme, pois está assimilando cada palavra e pontuação, designando sentindo para cada um e formulando entendimento. Parece muito simples, assim como Weber colocava as cartas na mesa, mas não é.

Imagem: Divulgação/Internet
Louise vai, pouco a pouco, quebrando o código que envolve a complicadíssima língua dos visitantes, carinhosamente chamados de Abbott e Costello. Ao contrário da nossa escrita, linear, a deles é cíclica, sem começo e fim delimitado. Além disso, cada “figura”, que representa uma palavra, possui infinitas variações, o que dificulta ainda mais o entendimento. A linguista está ali quase como “a escolhida”, pois é a única, dentro dos 12 países com as naves, a conseguir reais resultados – mas aqui está uma pontuação interessante do filme: em determinado momento é revelado que uma grande contribuição na tradução veio do Paquistão, ao contrário dos filmes óbvios onde são os EUA que resolvem tudo.

A própria barreira linguística entre os ETs e os humanos demonstra cuidado nessa universalização cultural. Ficções-científicas geralmente possuem extraterrestres que já chegam à Terra falando inglês – por serem entidades “superiores” ou seja lá a desculpa. Ao introduzir a barreira mais elementar que existe, a obra gera um desafio além do usual, potencializando-o quando a peça-chave de si própria é a comunicação entre os seres.

Imagem: Divulgação/Internet
Com as complexidades linguísticas, passeando até por teorias que ligam a forma do pensamento humano com a língua, a tensão entre os homens e os aliens vai crescendo quando 1 a população permanece acuada sobre a própria segurança e 2 as traduções revelam que os visitantes estão ali numa missão que envolve oferecer uma arma. Em passagens telejornalísticas, o longa mostra como a população se apropria da incerteza para expurgar seus próprios demônios, desde a religião apontando o fim dos tempos até fascistas pró-guerra. O cenário, mesmo assustador, é crível – se hoje vemos líderes religiosos alucinados pregando o inferno na terra por causa de minorias (?), quem dirá de alienígenas. São esses os fatos fictícios do filme que refletem nossas próprias realidades.

No fim das contas, contra todas as expectativas, os ETs vieram em paz. Na verdade, propondo uma troca: eles ensinaram sua língua, a tal arma, para que daqui a três mil anos eles possam voltar e, graças a algum acontecimento, pedir ajuda da raça humana. Louise, a única a entender completamente a língua dos heptapodes, é convidada a ficar cara a cara com um dos aliens, que conta toda a missão e revela: ser fluente na língua é aprender a noção de tempo deles, que, assim como a “escrita”, é cíclica. As visões de Louise com sua filha não são do passado, e sim do futuro.

Imagem: Divulgação/Internet
O filme brinca com várias teorias sobre o tempo, vai e volta para costurar o presente diante da tela de forma bastante inteligente, mas, muito além de todo o bê-a-bá físico, cai sobre Louise um “presente” que ela não quis: ela sabe que vai ter uma filha, que ela morrerá e todas as outras tragédias pessoais que ela enfrentará até o último dia da sua vida.  “A Chegada” tem como foco central como seria nossas vidas caso tenhamos consciência do nosso futuro.

Agora pense: saber o futuro é uma “dádiva” que os seres humanos há milênios desejam, utilizando-se até dos astros para dar um rumo em nossas vidas. Mas e se isso se concretizasse e você soubesse todas as pessoas ao seu redor que morrerão, todos os problemas, as dores, os traumas e sua morte? É algo que vai além da maturidade emocional de alguém. Louise é uma “amor fati”, conceito que Friedrich Nietzsche utiliza-se ao designar a aceitação integral, realizada por um espírito superior, da vida e do destino humano mesmo em seus aspectos mais cruéis e dolorosos. Louise fala “Apesar de conhecer a jornada toda e o seu final, eu aceito. E acolho todos os momentos dela”. É a apoteose climática e o verdadeiro coração de “A Chegada”.

O diretor Denis Villeneuve se joga no formato americano de cinemão, o que perde traços mais evidentes da sua personalidade, todavia não soa óbvio ou clichê ao retirar o propósito maior de seu filme das (sete) mãos dos alienígenas para as mãos humanas. "A Chegada" é uma aula de linguística e, acima de tudo, uma reflexiva lição sobre os meandros da vida, com doses generosas de suspense e emoção. Pode parecer supercomplexo num primeiro momento, porém a trama é até simplista, indo de encontro a "Gravidade" e passando longe da megalomania pretensiosa de "Interestelar" (ainda bem). Com “A Chegada”, Villeneuve, que já entregou tantos filmes incríveis ("Incêndios", "Os Suspeitos", "O Homem Duplicado"), entra para os grandes clássicos ao realizar uma obra-prima que demanda a reflexão da plateia. Mas e aí? Se visse sua vida toda, do começo ao fim, você mudaria alguma coisa?

Crítica: "Manchester À Beira Mar" dispensa o melodrama para abraçar a ironia em meio à tragédia

Indicado ao Oscar de:

- Melhor Filme
- Melhor Direção
- Melhor Ator (Casey Affleck) *favorito*
- Melhor Ator Coadjuvante (Lucas Hedges)
- Melhor Atriz Coadjuvante (Michelle Williams)
- Melhor Roteiro Original *favorito*

Atenção: a crítica contém spoilers.

Eu não sou um entusiasta do provérbio “menos é mais”. Mais é mais na maioria das vezes e filmes que possuem essa filosofia de vida costumam me agradar, porém, às vezes sou obrigado a concordar que menos é mais. Foi o caso de “Manchester À Beira Mar”. Vendido como melodrama, o novo longa de Kenneth Lonergan faz um estudo de personagem em seu estranho protagonista e de situação na realidade em que ele é obrigado a entrar.

Lee Chandler (Casey Affleck, o irmão menos famoso do novo Batman, Ben Affleck) é um encanador e faz-tudo que volta à sua cidade natal, Manchester, quando seu irmão morre. No meio de toda a confusão emocional, descobre que, pelo testamento do irmão, ele agora é o guardião de Patrick (Lucas Hedges), seu sobrinho de 16 anos – a mãe do garoto é alcoólatra que sumiu no mundo. Lee deve largar toda sua vida para assumir as responsabilidades com o sobrinho?

Imagem: Divulgação/Internet
Parece até óbvia a resposta – que seria “sim”, afinal, ele é encanador. Além de não ser um grande emprego, ele pode continuar fazendo a mesma coisa em Manchester; sem falar que família vem em primeiro lugar, não? As coisas não são tão fáceis assim. Na cidade mora Randi (Michelle Williams), ex-mulher de Lee, e a última pessoa que ele espera encontrar na vida.

Antes de entrar nesse grande ponto na vida de Lee, há um motivo mais elementar: ele não quer assumir a responsabilidade. É difícil encarar tal fato em qualquer situação, seja no filme, seja nas nossas vidas, mas às vezes as pessoas não querem colocar em suas costas pesos que não são obrigadas. Sim, é bastante egoísta tal pensamento, todavia, Lee, além de ser alguém que prefere morar longe e ter uma vida irrelevante, não quer voltar e lidar com tudo aquilo. É um direito compreensível que o filme explana através das negações do protagonista.

Imagem: Divulgação/Internet
Num primeiro momento temos um filho que perde o pai e um homem que perde o irmão e, por meio do testamento, terão que encontrar forças para lidar com o luto juntos, porém, “Manchester” praticamente joga essa dramática premissa no lixo – propositalmente. Nem Lee nem Patrick demonstram grandes dores: a vida do garoto continua praticamente do mesmo jeito, tirando até vantagens pela ausência do pai já que o tio não dá a mínima para o que ele faz. Quando vai até o corpo do pai, o menino fica cinco segundos (não há exagero aqui) na sala do necrotério e sai com um simples “Tá, obrigado”. Não há lagrimas, não há soluços, não há um mísero “Por quê?” gritado aos céus.

Mesmo trabalhando com muitos temas pesados, como a perda, morte, luto, separação e tudo mais, “Manchester” se utiliza de um tom jocoso para retratar toda a situação – que só piora com mais camadas de tragédia quando vamos desvendando os personagens. Há uma forte veia de humor negro entre eles, principalmente por parte de Lee, o que torna até engraçado assistir a tudo aquilo. O pai acaba de morrer e, na cena seguinte, o filho está rindo com os amigos e a namorada (um delas, na verdade) enquanto conversam sobre “Jornada nas Estrelas”. É surpreendente e até desconcertante a forma como todos lidam com o momento.

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Obviamente, o polo do longa é Lee, e a forma como ele age vai pouco a pouco se explicando. Há algo de errado com o comportamento do personagem, que não parece se importar com nada – às vezes nem com ele mesmo. O que poderia ser mera excentricidade nas mãos de outro roteirista, aqui é uma máscara, algo moldado para proteger Lee depois de tantos problemas. Ele vivia feliz com Randi e seus três filhos, no entanto, graças a um descuido, os filhos morrem num incêndio que destrói toda a sua casa, o que arruína o casamento – e as vidas – dos dois. Estar em Manchester é reviver esse fantasma esmagador, principalmente quando Lee reencontra Randi, agora casada com outro homem.

Por meio de flashbacks, vemos o mundo de Lee ruir quando os filhos morrem e como ele digere a culpa, culminando na incrível cena onde ele tenta se suicidar na delegacia, o ápice da pujança emocional do longa. Lee é uma pessoa destruída, quase oca pelos eventos que o despedaçaram no passado, interpretado com maestria por Affleck. O ator consegue transparecer toda a frieza e a sutil dor do personagem, que dispensa escândalos e berros. É fato que, assim como o irmão, Casey possui um rosto pouco expressivo, mas isso casa perfeitamente com as nuances inseridas na vida de Lee – assim como Ben foi a escolha perfeita para viver o marido perdido de “Garota Exemplar”.

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Voltando para o Oscar, Casey é o favorito à estatueta de “Melhor Ator”, já tendo levado quase 30 prêmios pela atuação, porém, há uma forte “campanha” contra o ele, que foi processado por duas mulheres em 2010, alegando "indesejáveis comentários, insinuações e avanços sexuais". O caso recebeu um acordo entre as partes, mas não foi esquecido pelo público. A atriz Constance Wu, uma das várias celebridades a se pronunciar, foi às redes sociais com uma carta aberta para o Oscar dizendo "A arte não existe por causa de prêmios, mas os prêmios existem SIM para prestigiar a honra da arte de tentar completar a vida. Então o contexto importa".

Traduzindo ainda mais o comentário de Wu, todos nós podemos apreciar a arte da atuação fenomenal de Affleck, mas não louvá-lo com prêmios graças ao contexto em que ele está inserido. E é interessante notar como há, no público, revoltas seletivas. "O Nascimento de Uma Nação" foi completamente ignorado pela Academia graças às acusações de abuso sexual do diretor/protagonista. Johnny Depp sofreu todo um movimento após ter agredido a esposa, sendo boicotado em seus novos filmes, como "Alice Através do Espelho" e "Animais Fantásticos & Onde Habitam". Tudo isso mostra que estamos cada vez mais vigilantes sobre tais graves problemas sociais e que famosos devem pagar, principalmente por possuírem espaço e voz. Mas por que não há o mesmo burburinho ao redor de Affleck?

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Mesmo ainda sendo o favorito, especula-se que a Academia ouvirá tais reivindicações e dará o prêmio (merecidamente também) para Denzel Washington por “Um Limite Entre Nós”. O ator venceu Affleck no Screen Actors Guild (SAG), a maior premiação americana voltada para atuações e o principal termômetro para os Oscars de atores, o que deixou todo mundo surpreso, incluindo o próprio Denzel. Mesmo não sendo uma análise sobre o filme de fato, é importante discutirmos tudo isso porque, como bem disse Wu, contexto importa.

Apesar desse debate, “Manchester À Beira Mar” é um longa simplista, mas poderoso em sua realização e composição. Fugindo de todas as obviedades, aqui não temos personagens tentando se reerguer, e sim aprendendo a viver com suas próprias mortes. Há bastante cinismo por parte das pessoas envolvidas porque não há mais nada a perder, nada a ganhar, só continuar existindo. É até assustador ver o quão grande pode ser a dor que conseguimos suportar e como cada um decide (ou é obrigado) a lidar com tais traumas. Palmas para a direção/roteiro afiadíssimos de Lonergan, que trabalha inteligentemente o humor negro e navega esse mar de tristeza com cinismos e ironias, à já citada atuação de Affleck, ao apoio monstruoso do jovem Hedges, que cria um adolescente único, e até à Williams, que mal aparece, mas dá força a um filme triste, melancólico, sensível e, por que não?, estranho.

Crítica: "Lion: Uma Jornada Para Casa" é um "de volta para minha terra" manipulador e eficiente

Indicado ao Oscar de:

- Melhor Filme
- Melhor Ator Coadjuvante (Dev Patel)
- Melhor Atriz Coadjuvante (Nicole Kidman)
- Melhor Roteiro Adaptado
- Melhor Fotografia
- Melhor Trilha Sonora

É provável que você, ao esbarrar com “Lion: Uma Jornada Para Casa”, imediatamente faça uma ligação com “Quem Quer Ser Um Milionário?”: filmes com ambientação indiana, feitos para premiações e protagonizados por Dev Patel; as semelhanças são evidentes, e, depois que o filme de Danny Boyle levou oito Oscars em 2009, incluindo “Melhor Filme”, até demorou a despontar um grande nome vindo da Índia (mesmo que não seja, de fato, um filme indiano).

É certo que “Lion” não tenha nem 1/3 do poder que “Milionário” teve em 2009 – as bilheterias refletem bem, $378 milhões contra $44 milhões –, porém, o filme de Garth Davis, que provavelmente terminará a noite de 26 de fevereiro de mãos abanando, merece atenção especial, mesmo não sendo a oitava maravilha da cultura moderna.

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Indicado a seis categorias na 89ª edição do Oscar, “Lion” conta a história real de Saroo em duas fases de sua vida. Na primeira, o vemos ainda criança (interpretado por Sunny Pawar) num vilarejo pobre da Índia. Ele e seu irmão, Guddu (Abhishek Bharate), roubam carvão para poder trocar por comida e leite. Certo dia, os irmãos se separam e Saroo acaba entrando num trem vazio que o leva para Calcutá, onde a língua é diferente e o menino tem que viver na rua. Entre varias idas e vindas, ele acaba num orfanato, e é adotado por um casal de australianos. Anos depois, já adulto (e interpretado por Dev Patel), Saroo decide começar uma caça online para tentar descobrir onde ficava o vilarejo de sua infância.

Com essa divisão de foco sob a figura de Saroo na infância e maturidade, o longa constrói duas realidades fílmicas. A primeira, com Saroo na Índia, é conduzida com grandes ares de tensão: a sequência onde ele se perde possui longos minutos sem fala alguma, somente imagens e trilha sonora. O diretor nos aproxima daquele garotinho sujo perdido sem saber pra onde ir, e todos os percalços que ele enfrenta – e não são poucos. Esse gancho já nos conecta com o protagonista, fazendo com que imediatamente torçamos, e soframos, por ele – o carisma do fofíssimo Sunny Pawar é ferramenta imprescindível para esse efeito. Não dá para não amar aquele menininho.

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Antes da segunda parte, com Saroo adulto, há um estágio de transição quando ele é levado até a Austrália para viver com seus pais adotivos (Nicole Kidman e David Wenham). Aqui a obra encontra grande palco de discussão quando contrasta as realidades gritantemente distintas que Saroo se insere. Enquanto a população negra da Índia é afogada em miséria, a lustrosa e branca Austrália é reflexo de riqueza. As casas do protagonista são em universos diferentes, e ele, ao chegar à casa adotiva, não sabe o que é a maioria daqueles eletrodomésticos, sendo apresentado pela mãe num tour.

Será meio impossível não pensar que Saroo, no fim das contas, teve “sorte”. Ele saiu de uma realidade extremamente pobre para uma vida farta. O garotinho que tinha que roubar carvão agora tem tudo, então o acontecimento valeu a pena, não? É bastante fácil ter tal questionamento quando estamos desse lado da tela, confortáveis e blindados contra um evento trágico que é se perder de toda a sua família aos cinco anos. Claro, Saroo teria conseguido praticamente nada se não estivesse na Austrália, e é aqui que reside outra grande crítica do filme.

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O abismo social entre negros e brancos é visível quando esbarramos na palavra “oportunidades”. Saroo adulto, 20 anos após ter se separado da família, pode ir à capital estudar, algo que Saroo na Índia provavelmente jamais conseguiria. Colocando em termos bastante ralos, nosso protagonista teve que “virar branco” para conseguir subir na vida. O quão desolador é isso?

Felizmente o aparato familiar que acolheu Saroo é bastante amável. Sua mãe, interpretada com grande louvor por Kidman, é uma mulher de amor sem limites, que acolhe aquele garotinho perdido porque ama a situação de ser gentil com um ser estranho. Não há, em momento algum, um traço nela de que o acontecimento que ocasionou tudo aquilo foi uma “bênção” na vida de Saroo, como poderíamos suspeitar; pelo contrário: ao saber que Saroo procura sua família na Índia ela dá o total apoio ao invés da natural e esperável reação de se sentir "abandonada" ou "traída".

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Na parte adulta, Saroo (um sincero Dev Patel) leva uma vida normal, mas há o fantasma do passado assombrando sua vida, o que o afasta de sua namorada, Lucy (Rooney Mara). A atriz é quase subutilizada, servindo basicamente para o drama de identidade do protagonista, mas é mais um reforço para a carga dramática que essa parte final vai usar e abusar.

Fazendo planos enormes, gráficos e vagando pelo Google Earth atrás do vilarejo, o filme acerta em não se deixar levar pelo lado tecnológico – haveria um choque entre a fria abordagem pela internet com o calor emocional da história. Luke Davies, roteirista do filme – que é baseado no livro “A Long Way Home”, escrito pelo real Saroo –, contou que a maior dificuldade da adaptação foi não transformar o filme numa “busca online”. Ao afastar-se das telas de computador, “Lion” mantém a força humana, que é, de longe, o forte de toda a história. A internet é mera ferramenta de auxílio, e aqui é posta assim.

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Dos três longas indicados a "Melhor Filme" nessa edição do Oscar sobre "histórias reais na tela" ("Até o Último Homem" e "Estrelas Além do Tempo" sendo os outros dois), “Lion” consegue ser o melhor ao conseguir com mais eficácia burlar as limitações do molde. Nós sabemos que Saroo encontrará sua família no fim do longa – mesmo não sabendo exatamente todos os detalhes de como isso acontecerá, a estrutura geral é bastante evidente, assim como nos outros dois filmes “baseados em fatos reais”. O que faz “Lion” se sobressair é a forma como ele consegue não derrapar nos clichês de forma tão grave – como “Até o Último Homem” fez – e manter o poder da tocante história intacto, quando não extremamente potencializado pelas manipulações cinematográficas.

É bem entendível aqueles que amam enlouquecidamente o longa, que arrancará lágrimas com facilidade – o final é gás lacrimogêneo audiovisual, não se reprima; e aqueles que o acharão descartável, por não apresentar nada de novo e ser manipulador sem medo de ser feliz. “Lion: Uma Jornada Para Casa” discute subtextos que dão mais valor ao filme, como os contrastes sociais nossos de cada dia, o ato da adoção, privilégio branco e o poder avassalador desse sentimento maluco chamado "saudade", a prova de que o ser humano é um bicho impressionante, todavia, a falta de inventividade é motivo para colocar num patamar abaixo esse “De Volta Para Minha Terra” internacional. 

P.S.: a explicação do título original é a cartada final de como o cinema, ao saber controlar de forma competente os sentimentos da plateia, é a arte mais avassaladora que existe.

Crítica: "La La Land" usa clichês românticos para discutir sobre o nosso amor pela arte

Indicado ao Oscar de:

- Melhor Filme *favorito*
- Melhor Direção *favorito*
- Melhor Ator (Ryan Gosling)
- Melhor Atriz (Emma Stone)
- Melhor Roteiro Original
- Melhor Fotografia *favorito*
- Melhor Direção de Arte
- Melhor Montagem *favorito*
- Melhor Figurino
- Melhor Trilha Sonora *favorito*
- Melhor Canção Original ("City of Stars") *favorito*
- Melhor Canção Original ("Audition [The Fools Who Dream]")
- Melhor Edição de Som *favorito*
- Melhor Mixagem de Som

“La La Land: Cantando Estações” é, sem sombra de dúvidas, o (futuro) vencedor do Oscar de “Melhor Filme” mais previsível dos últimos tempos. O longa vem fazendo um verdadeiro arrastão na temporada de premiações e só perde para “Moonlight: Sob a Luz do Luar”, seu maior concorrente, no número de prêmios conseguidos até agora. Depois de levar o maior prêmio em diversas premiações, de Satellite Awards, até Critics' Choice Awards e Globo de Ouro (neste, se tornou o filme mais premiado da história), o destino no pódio mais alto da 84ª edição do Oscar está bem evidente.

Esse fato é, por si só, um evento histórico: caso o favoritismo se comprove, “La La Land” será 11º musical na história e o segundo nesse século a levar pra casa o careca dourado de “Melhor Filme” – o último foi em 2003 com “Chicago”. Antes disso? “Oliver!” em 1969, 34 anos antes. E entre “Chicago” e “La La Land”, quantos musicais concorreram ao prêmio máximo? Apenas um, “Os Miseráveis” em 2013. O gênero está em baixa.

Mas nem sempre foi assim. Na Era Dourada de Hollywood, lá entre os anos 30 e 60, os musicais roubavam a cena nas telas do cinema. Com a nova arte em plena ascensão, o som revolucionou não só o fazer cinema como o assistir cinema, então a música foi elemento fundido à própria narrativa, criando os musicais, que atraiam multidões – e tudo começou com “O Cantor de Jazz” em 1927, o primeiro musical longa metragem.

O Jazz e a Broadway foram elementos indispensáveis para o advento do cinema musical, com peças e números em jazz sendo transpostos à tela. Já na segunda edição do Oscar, em 1929, um musical foi prestigiado com "Melhor Filme": "Melodia de Broadway". Todavia, nenhuma década foi tão preenchida com musicais no posto mais alto do Oscar como a década de 60; quatro filmes receberam a honraria: "Amor Sublime Amor" em 1962, "Minha Bela Dama" em 1964, "A Noviça Rebelde" em 1965 e "Oliver!" em 1969. Depois disso, como já sabemos, só em 2002.

Caso você esteja se perguntando “ué, cadê ‘Cantando na Chuva’?”, a resposta é simples (e trágica): o eleito melhor musical de todos os tempos (com bastante louvor) não foi indicado a “Melhor Filme” – na verdade ele concorreu apenas em duas categorias e perdeu ambas, uma mácula (das várias) que a premiação carrega até hoje. Além dele, há diversos outros musicais inesquecíveis que não puseram as mãos no Oscar de “Melhor Filme” (quando nem indicação receberam), como “O Mágico de Oz”, “Rocky Horror Picture Show”, “Grease: Nos Tempos da Brilhantina” e “Moulin Rouge: Amor em Vermelho”.

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Certo, mas o que essa aula de história tem a ver com “La La Land”? Tudo. Em primeiro lugar podemos perceber como os musicais são assimilados por públicos diferentes de formas diferentes em tempos diferentes. Atualmente é bastante usual vermos espectadores colocando os dois pés atrás quando um musical está diante dele – inclusive de frente ao próprio “La La Land”. Tá ganhando tanto prêmio? Nossa, quero ver. É musical? Aaaaah, não... Se é chato, se os números musicais são piegas, se a linguagem simplesmente não agrada, vai de cada um, porém, o número de musicais indicados a prêmios é um reflexo da assimilação do público: pouco interesse, pouca visibilidade.

É bastante interessante perceber que é exatamente sobre isso, a perda de interesse por uma expressão artística, que o filme finca seu eixo central. Sebastian (um carismático Ryan Gosling) é um pianista apaixonado por jazz que vê, dia após dia, sua arte morrer. Ele tenta arduamente sobreviver da música, porém, acaba confinado em restaurantes que mal pagam e que não dão o reconhecimento que ele espera. Seu sonho é ter o próprio clube de jazz e, literalmente, “salvar” o gênero.

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Do outro lado temos Mia (Emma Stone, em maravilhosa atuação), uma garçonete que sonha em seguir os passos da tia e ser atriz. Ela, ironicamente, atende num café ao lado dos estúdios da Warner, em Hollywood, e vê estrelas passarem o dia todo enquanto ela deseja estar do outro lado da rua. E Mia é a apoteose do clichê hollywoodiano “bad luck vibe”: tudo de errado acontece na vida da garota. É desde café sendo derramado na sua camiseta momentos antes de um grande (e malfadado) teste até a tela quebrada do seu celular. Mais gente como a gente que isso, impossível.

Antes de conhecermos nossos protagonistas, o longa começa com um travelling onde vemos vários carros num engarrafamento. Em cada um, podemos ouvir diversos gêneros musicais, como pop, hip-hop e rap. Enquanto a câmera passeia entre essa diferença gritante, somos jogados num enorme número musical onde, depois de ouvirem músicas diferentes, todos os passageiros passam a cantar uma só música ("Another Day of Sun"). A sequência, filmada inteiramente sem cortes e em locação, é a abertura perfeita para dar todo o tom da obra, tanto musical como visualmente: muita cor, luz, vibração e euforia. Você imediatamente sabe o que vai esperar.

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Além dessa expectativa em torno do estilo narrativo do longa empregado pela cena de abertura, é extremamente evidente o formado clichê e batidíssimo que envolve o casal protagonista, que começa se detestando, trocando farpas, dizendo em alto e em bom som que jamais se apaixonariam um pelo outro até o evidente momento em que ambos devem deixar o orgulho de lado para se entregarem de vez. O roteiro não esconde essas obviedades, o que, nas mãos de outra produção, seria uma típica comédia romântica que tanto são exibidas na Sessão da Tarde, todavia, “La La Land”, assim como as obviedades narrativas presente em “Demônio de Neon”, são usadas ao seu próprio favor, fazendo com que o espectador deposite sua atenção aos outros aspectos da obra.

Pulando todas as dificuldades indulgentes impostas pelo casal até o momento em que se apaixonam – representado de forma criativa pela cena onde Mia deixa de ouvir as pessoas para ouvir o jazz da música ambiente –, o filme não é exatamente sobre o romance dos dois, e sim, sobre a paixão avassaladora que cada um tem pela sua arte e como isso reflete nas suas próprias vidas – eles são vetores desses amores culturais. Mia, apaixonada por cinema e teatro, tem um universo mega colorido, com cartazes espalhados por seu apartamento; enquanto Sebastian, amante da música e do jazz, vive num mundo sóbrio e desprovido de cor.

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Mesmo com tais diferenças, próprias das múltiplas diferenças de personalidades humanas, “La La Land” é um retrato do amor pela arte, seja ela qual for. Sebastian e Mia se apaixonam enquanto suas artes florescem, pondo em discussão o consumo da própria arte. De um lado, Sebastian vê seu jazz morrer, enquanto Mia passa pelo cinema que exibia clássicos, agora fechado. Por que tais expressões artísticas são deixadas de lado? Vale a pena investir nelas?

Enquanto dialogam entre si, os personagens são porta-vozes do próprio filme, que joga tais perguntas para o espectador. É claro que o molde em que “La La Land” se encaixa é bastante comercial, ou seja, com grande apelo do público, mas o fato de ser um musical acaba cerceando o interesse. Utilizando-se da metalinguagem, a fita é questionadora sobre sua própria existência e de tantas artes consideradas “menores” ou até “cults”, com faixa de público bem mais reduzida.

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Porém, mesmo com quais pensamentos até pessimistas, o longa não abre mão de provar de diversas formas que, sim, vale muito a pena amar tudo isso. Na sequência musical mais incrível do filme, “Audition (The Fools Who Dream)”, Mia canta com violenta paixão sobre os tolos amantes da arte, que fazem seus corações doer pela bagunça que fazem. "Um pouco de loucura é a chave para nos dar cores para enxergar. É por isso que eles precisam de nós". E o que nós, veneradores da sétima arte, somos além de malucos sonhadores que querem mudar o mundo através do cinema? Mia está ali cantando sobre quem está diante da tela, principalmente para aqueles que amam ver a vida pelas lentes do cinema.

Mesmo provido de tanta alegria, “La La Land” esbarra num ponto bastante complicado e que vem gerando discussões pelas representações sociais. Sebastian, um cara branco, tem como objetivo de vida salvar o jazz, ritmo criado por negros. No longa, todos os músicos, com exceção dele, são negros. Qual a justificativa, então, para o protagonista ser branco – principalmente quando sua missão de vida é salvar o jazz (por mais absurdo que isso soe)? 

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Essa discussão já tivemos várias vezes (recomendamos esse texto sobre a temática), com um protagonista branco sendo mais “vendável” que um negro, o que é preocupante – o que só possui amplitude maior quando estamos falando do favorito na categoria máxima da maior premiação do mundo. O filme consegue deixar essa missão sem nexo de lado, o que diminui a síndrome do "white savior" (o cara branco salvando algo da cultura negra), mesmo sendo, por si só, algo errado em pleno 2017, o que merece ser destacado e debatido.

Não, “La La Land” não é o melhor filme do ano (“Moonlight: Sob a Luz do Luar” é mais certo para esse título), no entanto, é uma obra puramente cinematográfica. Não só pelas sequências musicais filmadas sem cortes com explosões de cores, mas também por ser um manifesto de amor à sétima arte e às várias que ela abrange. Além disso, em subtextos do roteiro bastante elementar, o longa é um sincero (até demais) conto sobre a perseguição de nossos sonhos e do encontro do amor perfeito, e como esses dois rumos podem acabar colidindo. O que mais vale a pena? A resposta, aqui, é incrível - mesmo que “La La Land” arranque seu coração e pise em cima.

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