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The Killers encerra a maior edição do Lollapalooza Brasil com show grandioso e apoteótico

(Foto: Marcelo Brandt/G1)

Show de encerramento do último dia do maior Lollapalooza Brasil da história, com três dias abarrotados de atrações. O cansaço batendo, as pernas doendo, a sede e a fome chegando em peso. Mas nada disso teve importância a partir do momento que a melodia de “The Man” começou no palco Budweiser. Era o The Killers chegando pra fechar essa edição histórica da melhor forma possível. 

Como uma boa apresentação de festival, o show de divulgação do “Wonderful Wonderful”, mais recente disco da banda, virou apenas um show com os maiores e melhores hits do grupo. Do álbum mais recente, apenas “The Man” e “Run For Cover”, as mais animadas e apoteóticas. O resto do setlist ficou mesmo para os clássicos: “Somebody Told Me”, segunda faixa a ser tocada e que já deixou o público histérico, “Human”, “Read My Mind”, além das tocadas no bis, a reverenciada “When You Were Young” e, pra fechar, o maior sucesso do grupo, “Mr. Brightside”



Só de olhar parte da serlist assim já da pra saber que o show foi incrível. Mas ver e ouvir as músicas ganharem vida na voz de Brandon Flowers é outra coisa. Que frontman é esse, Brasil? Nitidamente entregue de corpo e alma ao público brasileiro, o cara correu de um lado pro outro, sentiu a música como se ela fosse parte dele mesmo e vibrou toda vez que a plateia fez coro (o que significa que ele vibrava muuuuuitas vezes), tudo isso em ternos incríveis e estilosos. Que presença. Que atitude. Podia ter rolado uma descida rápida para a plateia, mas tudo bem, nada disso tira o brilho de sua performance.   

Com um setlist perfeito para os fãs e com a presença absurda de Brandon, não foi difícil encontrar na plateia gente extasiada, que nas pequenas pausas virava para os amigos só pra dizer, “caralho, que show é esse?!”. Estamos nos fazendo a mesma pergunta até agora! 

Como se nada disso bastasse, ainda rolaram algumas surpresas: depois de fazer campanha para subir ao palco e tocar “For Reasons Unknown”, a apresentadora do Multishow e baterista da banda Scracho, Dedé Teicher, realizou seu sonho nesse domingo e representou. O ex-vocalista do Oasis, Liam Gallagher, também apareceu no palco - mas sem cantar nem tocar nada - durante “All These Things That I’ve Done”, arrancando vários gritos da plateia.



No início, Brandon arriscou um português e mandou um “E aí, paulistas?”. Depois, em inglês, lembrou que já faziam 5 anos desde a última visita do The Killers ao Brasil - eles se apresentaram em 2013 no próprio Lollapalooza com a turnê de divulgação do “Battle Born” - e aproveitou pra prometer que não vão demorar mais tanto assim para voltar. Que assim seja.

O show do Imagine Dragons foi tudo aquilo que a gente esperava e muito mais

(Foto: Fábio Tito/G1)

No dia 2 de abril de 2013, o vocalista da banda Capital Inicial, Dinho Ouro Preto, foi ao Twitter dividir com a internet o seguinte pensamento:


Curiosamente, naquela época, uma banda já despontava para ser, hoje em dia, aquela que é capaz de juntar todas as tribos: Imagine Dragons. No show desse sábado (24), no Lollapalooza, os caras mostraram seu poder sob um público de todas as idades que estava completamente em êxtase, assim como a própria banda.

Com um setlist focado principalmente no novo disco do grupo, o "Evolve", era de se pensar que a plateia não tivesse tanto conhecimento assim das músicas tocadas no show, né? Mas não foi isso o que aconteceu. Todas as músicas foram cantadas com muita intensidade e emoção pelo público, o que deixou toda a banda bastante impressionada e sorrindo à toa.



Também pudera. Quem não sabia a música conseguia aprender na mesma hora. É que os caras realmente sabem fazer canções perfeitas para serem cantadas em festivais. Refrões fáceis e ágeis, cheios de "oooohs" e que se repetem, tendo, em sua maioria das vezes, apenas uma frase, são a chave para que todas as pessoas consigam participar do show. Um exemplo é a primeira música, "I Don't Know Why", que eu mesma não sabia cantar todinha, embora já tivesse escutado, mas que, de tanto ter seu refrão repetido, continua na minha cabeça até o momento em que finalizo esse post (e duvido que vá sair logo).

Mas nada disso surtiria efeito sem Dan Reynolds. O vocalista da banda é tão carismático e tem uma presença de palco tão intensa que se ele fizesse o show sozinho, sem banda e instrumento nenhum, já teria valido à pena. Na segunda música o cara já estava sem camisa, logo depois foi pra plateia e antes do meio do show já tinha passeado de um lado ao outro do palco (umas mil vezes) com a bandeira LGBTQ+ e do Brasil.

Também não faltaram discursos. No começo, Dan fez referência a marcha a favor do desarmamento, que aconteceu nos Estados Unidos neste sábado, e disse que estava cansado de ver crianças sofrerem com a violência. Pediu para que respeitemos as diferenças e disse amar todos nós, sem distinção. Antes de "Demons", uma das mais cantadas da noite, outro discurso emocionante. Ele contou que a inspiração por trás da canção veio após ser diagnosticado com depressão e ansiedade e lembrou a todos que essas são doenças e devem ser tratadas como tal.

Divido isso com vocês porque tem milhares de pessoas aqui que ou estão lidando com a depressão, mas ainda não sabem, ou estão lutando contra ela. (...) Por favor, por favor,  por favor, sigam em frente. Falem com seus amigos, falem com suas famílias. Se conseguir chegar lá, fale com um terapeuta. Não guarde tudo pra você. Não podemos passar mais nenhum dia estigmatizando isso em nossa cultura.


Além de "Demons", outras músicas levaram todo mundo no embalo (e você já deve até imaginar quais). Quem se enrolou na letra rápida de "Believer" não teve problema em cantar bem alto os "uuuuuh" da faixa. Incrivelmente, o momento mais alto de "Thunder" foi na parte do "Who do you think you are? Dreaming 'bout being a big star", aquela legenda perfeita de foto no Instagram. O show fechou com "Radioactive", com direito a tambor, muita luz vermelha e um coro altíssimo.



Diga o que quiser do Imagine Dragons. Que é manjado. Que é um rock fajuto. Que é música chiclete feita nos mínimos de detalhes pra grudar na sua cabeça. Se isso tudo é verdade ou não, sinceramente, não importa. A banda tem seu próprio som, sabe quem é, consegue falar para um público variado, tem hits, tem músicas com letras que importam, tem carisma e tem fôlego pra muito mais. Eles são completíssimos - e com um show desses como argumento, não há o que questionar.

É melhor alguém avisar ao Dinho Ouro Preto que nós encontramos a banda que ele procurava. 

Com homenagem a Marielle, Katy Perry mostra todo o seu amor por nosso país em show no Rio

Neste domingo (18), Katy Perry encerrou sua passagem pelo Brasil com a turnê do "Witness" em um show na Praça da Apoteose, no Rio de Janeiro. Com praticamente toda a estrutura de sua turnê, o carisma de sempre e em seu melhor momento vocal, ela entregou um show impecável e emocionante, que vai deixar saudade.

Na primeira música, "Witness", Katy já convida a todos para testemunhar, e claro que aceitamos os convite. Em seguida, vem "Roulette" e surpreende: apesar ser uma canção nova e que não virou single, foi bastante cantada, principalmente em seus "ahhhh". Então, é hora de "Dark Horse", o primeiro grande hit da noite. O público mostra que estava sedento para os sucessos, respondendo a altura.


A partir daí, foi uma sucessão de hits. Teve "Chained To The Rhythm", "Teenage Dream" e "Hot N Cold", com direito a brincadeira. A cantora quis saber como se dizia o nome da música em português, e é claro que quando ela disse "quente" e "frio" a plateia foi ao delírio. "T.G.I.F" chega pra confirmar: estamos numa grande festa. 

Durante "California Gurls", uma participação mais do que especial. O Left Shark, um dos marcos do SuperBowl de Katy, foi incorporado a turnê, e faz parte de um dos momentos mais divertidos do show. Ao final da música, a cantora e o tubarão lutam na passarela, e o público responde com muitos gritos. Ela vence o embate e obriga o Left Shark a dizer "desculpa!" bem alto, pra todo mundo ouvir.


Depois do momento fun, Katy chama sua garotas; é hora de "I Kissed A Girl". Como todos os seus hits passados, a faixa ganhou uma nova versão, com instrumental mais oitentista e cheio de sintetizadores para a turnê. O resultado, tanto para "I Kissed" quanto para as outras canções, foi bem  refrescante, além de ajudar a manter toda a atmosfera do show. Porém, temos que confessar: na segunda parte dessa música, quando as guitarras finalmente se fazem presentes, não tem pra sintetizador nenhum.


Depois de cantar hit atrás de hit, ela desacelera o ritmo. Com mais um figurino, Katy volta para "Deja Vú". O momento relaxante continua com "Tsunami", e é aí que vemos a estratégia de Katy para continuar a manter sua plateia entretida. Uma das rosas gigantes do cenário é um grande pole dance, onde um dançarino faz seus movimentos em meio a uma interpretação extremamente artística da canção. É impossível desgrudar os olhos. 

"E.T." vem pra deixar a atmosfera mais sombria e obscura por poucos minutos, só para "Bon Appétit" fechar o bloco trazendo toda a leveza de volta. A música se provou infinitamente melhor ao vivo, capaz de fazer todo mundo, até quem não a conhece, dançar, em um mashup com "What Have You Done For Me Lately", da Janet Jackson. 

Apesar de todos os hits animados, nada mexe mais com a plateia do que as músicas inspiradoras de Katy. Por isso, ao ouvir os primeiros acordes de "Wide Awake", a Praça da Apoteose imediatamente se acendeu com as luzes de celulares. Ao dar uma pausa para sua próxima canção, a plateia se adiantou e começou a entoar os versos de "Unconditionally". "Eu deveria cantar essa pra vocês, né?", Katy disse. Deveria mesmo.


Mas, diferente de São Paulo, aqui "Unconditionally" não é apenas um mimo para os fãs. É uma homenagem. No telão, uma foto: Marielle Franco, a vereadora do Rio de Janeiro assassinada brutalmente na última semana. E se o momento já não estivesse lindo, Katy fez mais e chamou ao palco a irmã e a filha de Marielle. A cantora pediu um momento de silêncio e depois disse, em nome dos Estados Unidos, que os entes da vereadora não estavam sozinhos. Katy, então, deu um espaço para que a irmã de Marielle falasse o que quisesse sobre o caso. Um pedido: justiça. 

Katy Perry não é brasileira. Ela não tem obrigação nenhuma de se pronunciar sobre o que acontece no Brasil. Provavelmente, apesar de ter se chocado com o caso, ela nem deve entender a dimensão de tudo isso, porque ela não vive aqui. Ela poderia ter feito um discurso bonito e, pronto, era isso. Mas, ainda assim, ela dedicou um momento de seu show para dar voz às maiores vítimas de tudo isso, os parentes de Marielle, e ajudar a trazer reconhecimento internacional ao caso. Um momento incrível, que mostra muito bem o tipo de pessoa que a cantora é o quanto ela realmente gosta do nosso país.


Katy continua o show com "Power", e lembra que nós temos o poder. "Cantem por Marielle!", ela diz. Após mais uma troca de roupa (ufa!), mais músicas inspiradoras. "Part Of Me", "Swish Swish" e "Roar" ganham ainda mais força depois da homenagem à vereadora. Por fim, "Firework" encerra o show da melhor forma possível.

Apesar de estar vivendo sua era mais conturbada, dos números baixos as críticas severas, o "Witness" foi também o trabalho mais humano da californiana. Katy erra e acerta como qualquer outra pessoa. Ela se arrisca, não alcança seus objetivos, se frustra e ainda é julgada, assim como todos somos, só que, em seu caso, para o mundo inteiro. Ainda assim, ela se mostra cada vez mais forte e capaz em seus shows. A "Witness The Tour" é sim um megaespetáculo, repleta de inúmeros adereços, mas nada disso faria sentido sem o carisma, a alegria e a entrega de Katy. E pra quem tinha dúvidas se a cantora continuava no hall dos grandes nomes do pop apesar do resultado não tão bom de seu último disco, aqui está a prova.

Assistimos ao show da Katy Perry em SP e podemos dizer que “Witness” é a sua melhor turnê

“Você será a minha testemunha?”, pergunta Katy Perry para as 40 mil pessoas que foram prestigiá-la neste sábado (17) no Allianz Parque, durante a passagem da turnê com o disco “Witness” por São Paulo.

Logo de início, todas as explosões, figurino e estrutura já entregavam: estávamos prestes a testemunhar um show épico, no sentido real da palavra, não banalizado como frequentemente acontece pela internet, e assim seguimos.

Em sua quarta turnê, Katy Perry entrega um show muito mais enxuto, disposto a explorar a versatilidade de sua música e, ao contrário do que apresentou nos clipes de seus últimos singles, com muita seriedade, e breves momentos bem humorados, que pareciam agradar aos fãs mais novos e viúvos de seu segundo álbum, “Teenage Dream”.

Falando no “Teenage”, todos os hits dessa era foram retrabalhados, trocando as batidas de Dr. Luke e companhia por guitarras, sintetizadores e uma pegada muito inspirada no new wave, vez ou outra nos lembrando da estética recém-assumida pela banda Paramore, e também das apresentações ao vivo da cantora St. Vincent.

A proposta diferentona mostrava não só uma maneira de reviver músicas que Katy já canta há dez anos, como também uma saída pra cantora se expressar além da música pop, e que saída! Antes tivera ela a chance de nos mostrar tudo isso com a era “Witness”, que amargou alguns de seus piores números e posições, ainda que seja um de seus trabalhos mais ousados.



Na linha fora da bolha, um dos melhores blocos do show acontece quando a cantora conta com o menor retorno do público, bem apático aos novos arranjos e faixas de seu último CD. O trecho com “Deja Vu”, “Tsunami” e “E.T.” nos deixam sem ar, tanto pela estrutura no palco, quanto pela performance em si. A cantora parece despreocupada em nos mostrar versos chicletes e muito mais interessada na parte artística da coisa. Funciona. Pra galera se animar, entretanto, o bloco encerra com uma jogada sensacional: o single “Bon Appetit”, aqui com uma apresentação bem mais lúdica do que as anteriores, e um medley com “What Have You Done For Me Lately”, da Janet Jackson, que deixa o palco - e público - mais dançante.

Os fãs pareciam ansiosos pelas músicas lentas. Bastaram os primeiros versos de “Wide Awake” pra que acendesse um céu de celulares pelo estádio, e arriscamos dizer que esse foi um dos momentos em que o público melhor correspondeu ao show, cantando do início ao fim, chorando e, quem estava em casal, também fazendo vídeos e se beijando. Pra faixa seguinte, ela trouxe uma surpresa, substituindo o hino “Thinking of You” por “Unconditionally”, que não fez parte de nenhum outro show pela América do Sul, e a reação dos fãs ao mimo foi ainda maior.

Com o show perto de chegar ao fim, surge mais uma alteração: Katy Perry vai de “Power”, do seu último disco, a uma nova versão de “Part of Me”, pulando o single “Hey Hey Hey”, e eis que finalmente chegamos ao momento mais aguardado da noite, com a participação da cantora e dançarina brasileira Gretchen, que repete a interpretação do lyric video de “Swish Swish” AO LADO da cantora!

Com o estádio aos gritos, Gretchen e Katy Perry se abraçam e rebolam muito. O show se torna uma grande festa, mais uma vez com um humor bastante contido, e ao fim da faixa, o estádio ganha uma chuva de “recibos”. Nós pegamos o recado.



O final é bem manjado, mas funcional. Katy apresenta “Roar” com uma estrutura menor, contando com o auxílio do telão em forma de “olho” - símbolo da sua era atual - e encerra com o hit atemporal “Firework”, enquanto é erguida por uma grande mão, como se estivesse sendo entregue ao público.

“Witness: The Tour” representa um momento necessário pra carreira de Katy Perry. Passados dez anos de hits, a cantora parece muito mais interessada em mostrar do que é capaz no palco do que manter a alcunha de hitmaker e, mesmo com a apatia do público, pouco engajado pela descaracterização de seus sucessos e apresentações mais sóbrias, menos infantilizadas, entrega não só um de seus melhores shows no Brasil, como também a sua melhor turnê, abrindo mão de toda a pirotecnia e grandes estruturas de seus concertos anteriores pra dar espaço para a sua absurda presença de palco e uma baita evolução vocal. Nós somos a sua testemunha.

Fomos ao show de lançamento de “Unlikely”, álbum novo do Far From Alaska, e foi do caralho

A banda de Natal subiu no palco do Z, em São Paulo, um pouco depois da meia noite de quinta (10) para a sexta (11). O baixo e a bateria da introdução de Cobra preencheram o salão daquela esquina lotada de Pinheiros. O público estava atento, mas não esperava a paulada que seria o resto do show.

Cobra abre o Unlikely, álbum lançado no dia 4 de agosto, e foi a escolhida para abrir o primeiro show solo da banda com o novo “filho”, como colocou o guitarrista, Rafael Brasil. “É muito louca essa coisa de botar um filho no mundo”, ele brincou entre duas músicas. Era uma noite de descobertas para os fãs e para a banda.

Assim que Cobra acabou, Emmily Barreto, que cuida dos vocais do Far From Alaska soltou a informação que mudaria o rumo do show. O Unlikely seria tocado na íntegra, na ordem e com um comentário sobre o processo de criação de cada faixa. O público foi à loucura, ir ao lançamento de um álbum é uma coisa, ouvir um álbum na íntegra ao vivo é uma experiência completamente diferente - vale dizer que essa também foi uma novidade para a banda, que está acostumada a emendar músicas e não fazer tantas pausas no show.



A segunda música do Unlikely, Bear, era a próxima a ser tocada, e quando Emmily cantarolou o refrão em seu microfone, a casa lotada continuou, dando um belo de um susto na banda: “EITA PREULA!”, Cris Botarelli, tecladista e vocal do FFA comentou rindo. O show seria uma porrada, um soco no estômago.

Não teve um minuto no show inteiro que alguém ficou parado. Em entrevista recente, as meninas da banda disseram que esse CD também é para dançar. Com certeza, é. Flamingo, Pig (que para a banda é uma música que lembra uma fazenda na praia) e uma das favoritas do público, Pelican, são as provas disso. Mas não se engane que a banda perdeu suas raízes, o roqueirão pesado ainda está presente.

O primeiro moshpit apareceu no meio da pista na hora de Pizza, a única música do álbum que tem coisas, ou melhor, uma coisa em português. Pizza brinca com o questionamento que rola com a banda desde o começo: “‘Por que vocês cantam em inglês?’ ai colocamos uma palavra em português, a nossa palavra favorita, que é praia” disse Emmily antes da música começar. E todo mundo cantou junto “Praia means beach. Beach means praia”.

Depois veio Armadillo e Rhino, que tem até uma homenagem para a diva Whitney Houston. O CD se encerra com Coruja, a única música que tem o nome em português, porque, segundo a banda, Owl é uma palavra que soa muito estranha. Nada mais justo.

Mas isso não significa que o show acabou por aí, antes de começar a tocar uns sons antigos, Edu Filguera, baixista, contou como que eles são amigos e estão o tempo todo com outras bandas. Quase que para comprovar isso, a banda tocou as primeiras estrofes de Abraço, do Medulla, e Sol da Manhã, do Supercombo, acompanhados pelo público. Depois, tocaram três músicas do seu primeiro álbum, o Modehuman, de 2014, e entre elas a queridinha Dino Vs. Dino.

O Far From Alaska mostrou que quando sobe ao palco, sobe para quebrar tudo. E quebra. Foi quebradeira, porradaria, um soco no estômago. Mas um soco dos bons.

O show da Charli XCX no Cultura Inglesa Festival foi do caralho

Fotos: Rafael Strabelli/Nação da Música

Já fazia tempo que eu não saía de um show com tanta vontade de escrever sobre o quanto ele foi incrível. Charli XCX foi a atração principal do 21º Cultura Inglesa Festival, que rolou no Memorial da América Latina, em São Paulo, e contará com outras atividades até o dia 18 (confira os locais e programação no site) e com um repertório marcado pelos hits do disco “Sucker”, algumas das suas principais colaborações e faixas da mixtape “Number 1 Angel”, entregou um show explosivo do início ao fim.

O show durou cerca de uma hora e, entre explosões de confetes, bonecos “de posto” gigantes dançantes e muitas danças descoordenadas, o foco ficou para a sua última mixtape que, assim como a sua banda, só contou com parcerias femininas.



“Lipgloss”, que em sua versão de estúdio traz a participação da rapper Cupcakke, foi uma das que mais levantaram o público, ao lado da colaboração com a em “3AM” e com Raye em “Dreamer”. Outro ponto alto ficou para “Vroom Vroom”, do seu EP anterior, com a qual o público não só dançou, como improvisou inúmeras danças em potencial para a faixa tão fora do convencional.


Não saber todas as letras não foi problema para o público, que não hesitou em dançar, mas caso alguém ali não tivesse muita certeza se já havia curtido algo da britânica, ela fez questão de lembrar algumas de suas composições mais famosas: “I Love It”, lançada pela dupla sueca Icona Pop, e “Fancy”, com a cantora australiana Iggy Azalea. Essa última foi apresentada numa versão remixada pelo GTA, que deixou a música bem mais dançante e interessante do que conhecemos, também casando com a vibe do show.



Do seu novo disco, XCX trouxe o single “After The Afterparty”, desta vez com o apoio unânime do público, além da ainda inédita “Bounce”, produção do londrino Sophie toda levada pela PC Music, com um break eletrônico que fez seu show parecer uma grande rave, apesar do volume baixo para a pista geral.


Como não podia faltar, os hits “Boom Clap” e “Break The Rules” foram as poucas vezes em que ela se lembrou do disco “Sucker” que, por pouco, não fez companhia para o álbum de estreia “True Romance”, esquecido num churrasco, e sendo os sucessos que foram, é óbvio que todos gritaram, aplaudiram e vibraram juntos.



Muita gente comentou sobre seus vocais, questionando se houve ou não o uso de playback, mas o que ficou perceptível foi a utilização de bases de fundo, bem como intervenções realizadas ao vivo, que são totalmente compreensíveis dentro do seu repertório atual, cada vez mais eletrônico. E, longe de tentar disfarçar os efeitos, a cantora até mandou algumas frases com os tais filtros ligados. Não foi nada que destoasse do show como um todo.



A experiência de estar num Memorial lotado, com mais de 15 mil pessoas curtindo e pirando ao som da britânica foi indescritível. Isso porque ela vem de uma fase em que foi pressionada a emplacar novos hits, trabalhando até mesmo com músicos como o produtor e acusado de abuso sexual Dr. Luke, e o que nos trouxe após isso foi uma antítese pop, na qual mescla seus refrãos grudentos com batidas que fogem completamente do óbvio, soando como um sopro de ar fresco para essa indústria em que tudo é tão parecido com o hit da temporada passada. Além do comportamento cada vez mais “foda-se” para qualquer padrão que tenham tentado impor para ela, seja enquanto mulher, artista ou figura pública.


Num rápido encontro com a cantora nos bastidores do show, ainda vimos um pouquinho do seu lado porralouca também fora dos palcos e da melhor forma possível, enquanto ela dividia todo o seu carinho com os fãs que tiveram a oportunidade de participar do seu meet and greet e prometia voltar ao Brasil para mais alguns shows.

Pelo sorriso do blogueiro que vos escreve, acho que deu pra notar o quanto esse dia ficará marcado por aqui: 

Uma publicação compartilhada por SNAP: Guitintel (@theycallmetintel) em

Nesse espaço, quero aproveitar para agradecer aos esforços da Warner Music Brasil, que nos proporcionou esse encontro com a cantora, bem como a Cultura Inglesa, pela chance de poder prestigia-la no Brasil dentro de um evento tão bacana.

E, claro, a Charli pelo show e trabalho tão fodas. Mal posso esperar pra te ver de novo, na próxima com o disco novo já lançado, por favor.

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Com música boa brasileira e muito #ForaTemer, Coala Festival é um refúgio na contramão do Rock in Rio

(Foto por: Rafael Strabelli/Nação da Música)
O último sábado (03) foi dia de Coala Festival, em São Paulo, no Memorial da América Latina, e é claro que nós fomos conferir o que rolou de melhor no evento, que contou com shows de artistas como Silva, Lila, Céu, Cícero, Baiana System e Karol Conká.

Em sua terceira edição, o festival apresenta uma proposta que se prova singular a partir da sua line-up, toda composta por artistas brasileiros, acompanhada de um peso social que vai dos seus ingressos (a meia-entrada poderia ser adquirida com a doação de alimentos não perecíveis) ao discurso de seus artistas, que não deixaram de falar sobre o golpe em curso no Brasil e fez do “Fora Temer!”, o grito de guerra de toda a festa.

Por mais que tenhamos ido com os shows de Silva, Céu e Karol Conká em mente, sendo eles os artistas que éramos mais familiarizados, o grande destaque do evento foi o coletivo Baiana System, que apresenta uma mistura de música eletrônica com rap, axé e reggae, levando o público a loucura após a calmaria quase sonolenta dos artistas anteriores. É uma banda que carregaria facilmente um show em festivais maiores, se as produtoras desses, ao contrário do Coala, não desvalorizassem tanto as atrações nacionais, colocando-os em horários desfavoráveis da programação, para públicos minúsculos.

Karol Conká entregou uma performance objetiva e divertida, composta por músicas de seu disco de estreia, “Batuk Freak”, além das novas “Tombei” e “É O Poder”, e uma amostra do seu segundo disco, com a morna “Maracutaia”. Para essa última, a rapper anunciou um videoclipe estrelado por Thais Araújo e Lazáro Ramos, dizendo que o casal e ela estarão lindos na produção.
(Foto: Rafael Strabelli/Nação da Música)
Ainda desconhecida do grande público, Lila trouxe ao Coala um show único. Sua música, disponível no Spotify por meio do EP que leva o seu nome, é um samba pop com pé na MPB, que deve agradar dos fãs da velha música popular brasileira aos que se debruçam ao gênero com nomes como Mallu Magalhães, Maria Gadú e Mahmundi. Ela foi uma das artistas que não pouparam seu público da manifestação política contra o governo golpista, de Michel Temer, trazendo neste protesto uma agressividade imperceptível dentro do seu leve repertório.



Por fim, não podemos deixar de falar sobre Céu, que mesclou o seu show, com foco no recente – e impecável – “Tropix”, e entregou uma performance singular e completamente conectada a sua música, de forma que o palco se tornara um mundo só seu, funcionando como um portal pra que entrássemos um pouquinho no seu universo. Corrijam-nos se estivermos errados, mas toda a maneira como ela, a música e o palco se tornam uma só coisa ao vivo, nos lembrou bastante das primeiras apresentações da neozelandesa Lorde, com o disco “Pure Heroine”.

Ao final do dia, a certeza é de que o Coala Festival entrega o que se propõe. O ambiente é de uma diversidade que vai além dos looks à la Coachella e, antes de qualquer coisa, carrega importantes discursos, somados a uma valorização pouco vista à música nacional, que tem artistas de sobra para adorarmos por um bom tempo.
(Foto: Allison Ribeiro/Nação da Música)
Com a “Rock in Rio-lização” do Lollapalooza, que caminha para edições cada vez mais grandiosas e, consequentemente, massificadas, o Coala se torna um bom refúgio para os que buscam por um festival alternativo que abrace dos artistas consagrados aos emergentes, sendo uma experiência que mistura boa música com responsabilidade social, de uma maneira intencionalmente desleixada e, talvez por isso, tão bem sucedida.

Todas as fotos foram tiradas do site Nação da Música.

A gente assistiu ao show da Rihanna com a “ANTI World Tour” nos EUA


Não é novidade pra ninguém que toda a relação de Rihanna e seu último disco, “ANTI”, foi bem conturbada, incluindo três singles descartados, a crítica especializada dividida quanto aos novos rumos de sua carreira e uma turnê anunciada antes mesmo do álbum chegar ao mundo. Esse post é sobre essa turnê ou, sendo mais exatos, a quinta parada da ANTI World Tour, que conferimos em Cincinnati, nos EUA, no dia 19 desse mês.

Pra começar, não seria um show da Rihanna se não rolasse um atraso, né? Pois bem, marcado para 19h30, o show só foi começar mesmo às 21h30 (isso contando a apresentação do Travi$ Scott, quem iria abrir o show, e o DJ que abriu o show para o rapper, ou seja, tivemos um opening act para o opening act, RS). E, sobre o Travi$, ele conseguiu passar uma boa energia para a plateia, mas ficou BEM evidente que ele não estava cantando suas músicas, só estava ali pulando de um lado para o outro, enquanto o mesmo DJ de antes tocava elas no fundo (o famoso playback).



Foi aí que, quando ele terminou sua apresentação, todas as luzes se apagaram e, num mini-palco atrás das primeiras cadeiras, aparece uma imagem com uma capa branca, que, ao longo do show todo, se tornaria um vestido preto transparente e, por fim, um visual mais minimalista, bem ao estilo do que foi apresentado no clipe de “FourFiveSeconds”. Essa era a Rihanna! A apresentação toda foi dividida em três partes, sendo cada uma para um visual, contendo músicas do “ANTI”, “Unapologetic”, “Talk That Talk”, “LOUD” e “Good Girl Gone Bad”.

Sendo músicas de cinco dos seus oito discos, muitas foram cantadas pela metade, num esquema semelhante ao que ela apresentou no Rock in Rio. Por exemplo, em “Love The Way You Lie (Part II)” e “Work”, temos só um verso das músicas apresentado. É mais fácil, na verdade, listar quais as músicas que foram cantadas por completo.



Mas isso não importava, a energia que a cantora transmitia para o público era indescritível. Com coreografias para quase todas as músicas, ela não parava um segundo sequer. Quando tentamos escolher um “ponto alto” para o show, não conseguimos nos decidir entre a apresentação de “Bitch Better Have My Money”, em que a cantora faz aquela dança ótima do iHeart Radio Music Awards, enquanto todo mundo canta junto, ou se foi o mashup de “We Found Love” com “How Deep Is Your Love”, que transitava do europop da primeira para o deep house da segunda perfeitamente, ambas são produzidas pelo Calvin Harris. Ah, e a Rihanna ainda arriscava um pouco de voguing na coreografia!



Maaaaaaas, nada é perfeito nesse mundo, né? E sim, a apresentação da Rihanna se encaixa nisso e a gente conseguiu notar alguns deslizes. Como dissemos ali em cima, a relação de Rihanna e seu “ANTI” é bastante conturbada e fica visível que ela não se sente confortável quando vai apresentar algumas faixas desse novo disco. Pra exemplificar, podemos falar de “Woo”, “Love On The Brain” e “Same Ol’ Mistakes” como as mais gritantes. Nessa última, a cantora mal encostava no microfone, deixando só a música, que é um cover da banda Tame Impala, tocar no fundo.

Essa “fuga do microfone” também pode se dar pelo fato de que as músicas que exigem mais esforço vocal estão no final da setlist, ou seja, depois de 1h30 de muita música e dança, ela é “forçada” a atingir as notas de “Love On The Brain”, ou de usar sua voz cheia para cantar “FourFiveSeconds”. Meio complicado, né? Também podemos considerar que essa foi a quinta apresentação de toda a turnê, ou seja, ela ainda tem um tempo pra praticar ou, quem sabe, mudar a ordem das músicas, então não vamos pegar tanto no pé dela quanto a isso.



Seja como for, um show da hitmaker de “Pose” é sempre algo que vale a pena assistir. Mesmo com algumas imperfeições, você vai sair de lá se sentindo nas alturas por ter tido a chance de presenciar aquilo tudo, extremamente cansado de tanto dançar e pular, e super rouco por ter cantado refrãos que nem faz ideia de quando teve tempo para decorar.

Se vale a pena ir? Nós iríamos mil e uma vezes, se pudéssemos, por que, nas palavras da própria Rihanna, “só ela pode fazer o que ela faz”.

Por enquanto, a cantora só está com datas agendadas na América do Norte e na Europa, mas não deve demorar muito para que ela anuncie sua chegada em terras tupiniquins, com especulações de que ela chega por aqui em setembro.

Só vem, Rihanna, que o Brasil vai te receber muitíssimo bem! <3

Katy Perry, melhor pessoa! Em São Paulo, Prismatic Tour é marcada por sucessos, diversão, muitas cores e interação com o público


Atualização (17/04): A imagem que ilustrava a matéria foi substituída, após reivindicações de direitos do site Getty Images.

Dá um Grammy de Melhor Pessoa para a Katy Perry, gente! A cantora californiana veio ao Brasil pela segunda vez e para uma série de três shows com a Prismatic Tour, que dá suporte ao disco “Prism”, de onde ela extraiu hits como “Roar” e “Dark Horse”, e sua primeira parada por aqui foi nesta sexta (25) em São Paulo, no que ela disse ter sido o melhor dos mais de 140 shows já feitos com essa turnê até aqui, e a gente queria muito ter a chance de presenciar tudo outra vez.

Inicialmente, quem deveria acompanhar Perry nessa vinda ao Brasil era a sueca Robyn, com quem ela trabalhou pela primeira vez na California Dreams Tour e retomou o contato ao colaborar com Kläs Ahlund em “This Is How We Do”, entretanto, problemas pessoais impediram a cantora de prosseguir com sua agenda de shows e, infelizmente, não rolou dela vir brilhar com a doceira do pop, mas enquanto os fãs lamentavam, quem só tinha a comemorar era o duo AlunaGeorge, que assumiu então a posição de abertura da Prismatic no Brasil e, de quebra, conseguiu um invejável espaço no Palco Mundo do Rock in Rio. Nada mal pra quem estreou em solo tupiniquim com uma passagem pelo alternativo MECA Festival.



Como esperado, Aluna simplesmente destruiu! A britânica teve a missão de segurar a animação do público em meio à chuva que pegou todo mundo despreparado e, para isso, apostou numa setlist dançante e repleta de colaborações. Teve “To Ü”, deles com o Skrillex e Diplo, “White Noise”, com o Disclosure, e a versão com o DJ Snake para “You Know You Like It”, mas ainda sobrou espaço para outras como “Attracting Flies” e “Your Drums, Your Love”, do CD de estreia “Body Music”. A única que podia ter, mas não rolou, foi “This Is How We Do It”, que usa o mesmo sample de “This Is How We Do” da Katy e pegaria mal, né? RS.

Um ponto que desvalorizou um pouco a apresentação deles foi a demora da produção para preparar o palco da Katy Perry, o que gerou um intervalo muito grande e, quando a californiana já estava entre nós, mal nos lembrávamos que outro artista esteve por lá. Pelo menos disso a Robyn se livrou.

As luzes se apagam. As luzes se acendem. A plateia vai à loucura e, entre os gritos, você já pode ouvir o instrumental de “Roar” ao fundo: o show começou. Quando Katy Perry surge pela primeira vez, não tem como evitar o vislumbre, a energia dela é contagiante desde o início e a maneira como ela contém os sorrisos para não perder a linha da performance denuncia a felicidade de estar ali. Ainda assim, a primeira parte do show deixa a impressão de que ela estava apreensiva com alguma coisa. A chuva talvez? Mas logo de início, o que não faltaram foram refrãos que estavam na ponta da língua: “Roar”, “Part Of Me” e “Wide Awake”.



Outra coisa que não deu pra deixar de notar nesse começo de show é que a coreografia de “Roar” é tão bobinha, né? Uma das poucas que ela faz quase que completa com os dançarinos, mas que chega a ser engraçada de tão simples. O esforço é maior para os vocais. Mas é na segunda parte que o show começa a pegar mesmo.

Um dos principais receios dos fãs brasileiros era que, assim como no show feito em Lima (Peru), a cantora não trouxesse toda a estrutura da turnê, o que vai das parafernálias no palco às perucas, mas foi no bloco seguinte que essa questão foi respondida. Todo inspirado no Antigo Egito, esse trecho da performance conta com pirâmides, ilustrações em 3D saltando no telão, UM CAVALO MECÂNICO GIGANTE (!), dançarinos vestidos como faraós e ela fazendo a egípcia, literalmente. É nessa parte que ela performa “Dark Horse”, um dos maiores sucessos do “Prism”, e ainda brinca perguntando aos fãs: “vocês sabem a letra dessa?”. O coro que acompanha a música, em momentos até nos impedindo de ouvi-la, garante que sim. 



Mas as coisas só tendem a esquentar. O mesmo bloco conta com a parceria do Kanye West em “E.T.”, com o próprio Yeezus aparecendo no telão, e o single que não foi, “Legendary Lovers”, num dos momentos mais marcantes de todo o show, encerrando ainda com uma versão de “I Kissed A Girl”, com a participação de múmias corpudas e muuuuita sensualidade. Fazia um tempo que não víamos a Katy Perry tão disposta a nos seduzir.


Pra quem não sabe, a cantora é simplesmente louca por gatos e, daqui em diante, essa obsessão também fica clara. Vários animais em tamanho de humano tomam conta do palco e, em clima de musical, começam uma encenação de conquista bem divertida. Nesse momento, rola até um show de sapateado! E feito o anúncio de Kitty Purr, o alter-ego felino de Katy Perry, ela volta ao palco para uma versão jazz de “Hot N’ Cold”. A música é engatada com a filha perdida do “Teenage Dream” no “Prism”, a dançante “International Smile”, e em clima fashionista, a cantora dá início a um desfile de gatos ao som de “Vogue”, da Madonna, até arriscando uma pegada meio “RuPaul’s Drag Race”. Não teve como segurar a risada.

Falando em segurar a risada, outro momento engraçadíssimo foi quando a cantora, antes da sessão acústica do show, convidou um fã ao palco. Lucas, que nasceu em “19-não-20”, nos causou um misto de dó e diversão ao se perder todo pelo nervosismo e falta de domínio do inglês da cantora. Katy Perry precisava de um fã brasileiro pra explicar para ela o significado de “morta” e “linda”, duas das palavras que ela mais recebe pelo Twitter, e como a comunicação com o Lucas não fluiu bem, outra sortuda foi chamada ao palco. Débora tava de boa em falar inglês. Logo, Katy perguntou: “que porra significa ‘morta’?”. Quando a dúvida é esclarecida, ela brinca, “nossa, finalmente eu descobri!”, e depois repete a palavra diversas vezes com um sotaque encantador. 

A aula de português se estende até que Katy aprende a falar outras palavras como “oi”, “selfie” e “pizza”, hahahah, além de um mantra dos fãs, “não fale mal da mama”, um aviso aos haters para não criticarem-na perto de seus Katycats. Encerrada a aula, a cantora recompensa os fãs com várias selfies e, nessa, até o pobre do Lucas, que estava pirando ao lado da cantora, saiu ganhando. Selfie ele sabia o que significava, tadinho.


Com um agradecimento pelo carinho que dura há tantos anos, Katy Perry, vestindo um boné escrito “MORTA” (hahaha), afirma que esse show em São Paulo foi o melhor da turnê até aqui e garante, “eu não saio por aí dizendo que todos são os melhores shows, tá? Esse realmente é o melhor show. Vocês são os melhores”. É ou não uma fofa? E aí o clima sentimental segue em alta com as versões acústicas de “By The Grace Of God”, “Thinking of You”, “The One That Got Away” e “Unconditionally”. A gente acha que uma gota da chuva caiu nos nossos olhos.

Com um poperô bem fuleiro, o palco é esquentado para o momento dance da turnê e, claro, esse bloco é aberto por “Walking On Air”, música que por pouco foi substituída pelo hit “Dark Horse” nas rádios. A música é sucedida pela maravilhosa “This Is How We Do” e faz com que a gente se sinta na Bangerz Tour, por conta do tanto de emojis e cultura da internet exposto juntos de uma só vez no mundo offline. Só pra você ter uma ideia, tinham até emojis infláveis voando pela plateia, enquanto o palco era tomado por muitas cores e coreografia. Ainda em clima de festa, é “Last Friday Night” que encerra o bloco e, não sabemos se isso estava programado, mas a plateia nos arrepiou com o uníssono “do it aaaaaall again” no fim da canção.



Final do show chegando e nos vem em mente que a Katy Perry não é daquelas artistas que deixam os sucessos para o fim do show, até porque a setlist tem quase uma década de hits, e “Teenage Dream” volta a tomar conta com sua faixa-título e o primeiro single “California Gurls”. Em clima praiano, a cantora parece se divertir junto com os fãs, mas sem perder o controle do espetáculo, e no meio da animação, decide tomar chuva junto com os fãs. Em “California”, rola até a aparição de um letreiro de Hollywood. Claro que todo colorido, com partes em neon e, na falta de movimento, dançarinos que controlavam as letras, formando inúmeras outras palavras. A gente ficava ansioso pra saber o que viria a seguir. Eis que a cantora agradece, se despede e, repentinamente, o show acaba.



Acaba? Ah, Katy, isso tá batido já. Tanto que ninguém do público se mexeu. A gente só ficou pensando no que ela cantaria quando voltasse, o que seria forte o suficiente pra encerrar a apresentação, uma vez que “Roar”, “Dark Horse”, “California Gurls”, “Teenage Dream” e “I Kissed A Girl” já tinham sido apresentadas? E com tantos hits, é claro que estávamos esquecendo algo. Daí ela surge com um vestido de fogos de artifício e, tcha rãn!, é “Firework” que encerra o show e de maneira ainda mais grandiosa que as performances anteriores. Quem via a quantidade de fogos estourados no palco, podia jurar que ela antecipou o réveillon por aqui.



Quando o show finalmente acaba, a chuva ainda está apertada, mas a vontade é continuar lá, pedir pra ela voltar e cantar as músicas que faltaram, até um cover de “Bad Blood” a gente aceitava, mas acabou mesmo e a gente só consegue pensar no quanto ela é maravilhosa e carinhosa com os fãs — ainda que a maioria deles estivessem mais preocupados em tirar selfies e fazer vídeos do que assistir ao show em si. Dali em diante, quem ainda não amava a cantora, com certeza passou a amar, e fora o show do Rock in Rio, que assistiremos pela TV, já ficamos na torcida pra que ela volte para cá o quanto antes. Se existisse um Grammy para melhor pessoa, ela já tinha levado vários.

Concert Review: nossas considerações sobre o primeiro show da Tove Lo no Brasil, na festa de lançamento do Tim Music by Deezer

Na última quinta-feira, 27, a cantora sueca Tove Lo subiu ao palco da festa de lançamento do Tim Music by Deezer para sua primeira (e controversa) apresentação em solos brasileiros. E é claro que o It Pop estava lá para registrar o momento.

Por volta das 22h30, a dona do hit “Habits (Stay High)” surgiu no palco com um belo sorriso e já começou cantando “My Gun”, do seu disco de estreia, “Queen of the Clouds”, sendo ovacionada e acompanhada pelo público eufórico, que apesar de ter bastante espaço no local, preferiu se espremer na frente do palco para aproveitar cada segundo do show beeem de pertinho.



Mostrando-se bem feliz em estar cantando pela primeira vez no país e agradecendo o carinho dos fãs, toda simpática, Tove Lo seguiu cantando as músicas do seu elogiado primeiro CD quase que na íntegra. Teve “Talking Body” (com peitinhos amostra!), “Timebomb”, “The Way That I Am” e outras músicas que foram todas cantadas com a ajuda do público, que tinha TUDO na ponta da língua. Incrível!

Concert Review: com um conceito forte e performances eletrizantes, a turnê The Red Bullet mostra o quão promissores são os Bangtan Boys


Hoje, primeiro de agosto de 2015, faz um ano que o BTS fez o seu primeiro showcase no Brasil e, sem querer, acabamos comemorando a data indiretamente ontem, durante a "2015 BTS Live Trilogy 'Episode II. The Red Bullet'". Com 24 músicas no setlist, o Bangtan fez todo mundo pular, dançar e cantar muito no Espaço das Américas, em São Paulo.

Um Bangtan Boys que quase morreu com o sucesso de músicas como "Boy In Luv" e "Danger", em que a mensagem era simples, toda clichêzinha sobre relacionamentos e seus problemas, e nada interessante como em "No More Dream" ou "N.O", mostra ainda estar lutando para reconquistar o seu espaço com a "The Red Bullet", que mistura os conceitos abordados no ano de debut do grupo - algo que os separou dos demais rookies de 2013 -, mesmo que promova o primeiro disco de estúdio dos meninos, o ótimo "DARK&WILD".

O show começa com um backdrop de introdução trazendo um clima escolar, com a voz de um professor declarando o que pode ou não ser feito dentro da "sala de aula" - o Espaço das Américas, no caso -, e logo em seguida faz uma chamada para ver se todos os meninos estão presentes. Feita a chamada, a aula começa e a doentia pressão escolar é representada em alguns momentos e, no último deles, vemos os rapazes do Bangtan se revoltando, dando início a clássica apresentação com close + nome de cada membro. É aí que começa "N.O".



A canção que abriu os trabalhos do mini-álbum "O'RUL8,2?" define e reafirma o primeiro conceito apresentado com o vídeo inicial, o "não à repressão". E "We Are Bulletproof" sendo apresentada na sequência só tornou tudo melhor. A música não se interliga diretamente à anterior, mas a completa. Depois, lá em "No More Dream", somos apresentados ao nosso segundo (e principal) conceito, defendendo a ideia de que todos nós devemos correr atrás de nossos sonhos. Tal conceito é reforçado ao fim do show através de um vídeo que mostra a trajetória dos membros desde a época em que eram trainees.

Por ser uma turnê que teve início ao fim das promoções de "DARK&WILD" e, após um hiatus, voltou ~junto~ do lançamento de "The Most Beautiful Moment In Life, Part 1", era esperado que as canções do último disco fossem adicionadas à setlist, ou que alterações acontecessem com a mesma - para ser feita uma adição sem alterar a duração do show. E foi o que aconteceu. Três músicas foram retiradas da lista original, dando espaço para "I Need U", "DOPE" e "Boyz With Fun". E quase que as três ficaram perdidas em meio aos conceitos defendido pela turnê.

Mas este probleminha está presente desde a primeira parte da turnê, porque fica muito difícil relacionar as canções sobre o amor ou com um tom apelativo para as noonas com o restante. No entanto, mas, porém, todavia, é inevitável a sua presença na lista porque algumas delas fortaleceram a sua base de fãs, trouxe novos e os fez acontecer mundialmente, e a sua não-conexão nem deve ser tão levada a sério já que a ideia é fazer um show em que todos possam se divertir e ter a sua canção preferida performada ao vivo.

Desde o debut, sabemos que o BTS apresenta um lado performer - com coreografias extremamente difíceis - mais forte e mais reconhecido que o vocal. Como deve haver um equilíbrio, de 2014 pra cá, o grupo buscou melhorar, e a evolução é nítida no show. É surreal ver o quão similares as vozes ao vivo - da maioria dos meninos - são com as que encontramos nos álbuns. E é inumano o que Rap Monster - principalmente ele -, Suga e J-Hope conseguem fazer ao soltar versos rápidos e aprovados pelo Eminem sem perder sequer o fôlego. Mas ainda acabou rolando o auxílio de base em alguns momentos.

Tal auxílio não deve ser tão criticado como deveria ser caso formos levar em conta que a turnê está em um ritmo intenso, com cerca de um show a cada dois dias, e tentar unir vocais afinadíssimos com as coreografias eletrizantes é algo difícil e poucos conseguem - quem sabe eles chegam lá? Também não podemos exigir muito porque o cansaço dos membros era óbvio. E, para amenizar isto, previamente algumas coreografias acabaram sofrendo leves alterações, tornando-as menos cansativas.

Fugindo um pouco do musical, a resposta do público e a sua interação com o grupo não poderia ser melhor. Diferente da última vez em que o Bangtan esteve em terras Brasileiras, não houve nem um problema entre as fãs, só um empurra-empurra comum para tentar poder ver melhor os seus ídolos, porém nada que precisasse de uma uma força maior para intervir. Entretanto, consciente dos acontecimentos do ano passado, o líder Nam Joon deu alertas simpáticos para o público se comportar.

O público ali parecia ter ouvido e decorado toda a discografia do grupo dias antes, cantando em coro todas elas, pulando e dançando loucamente. Estranhamente, a canção em que o pessoal mais extravasou nem chegou a ser o hit "Boy In Luv" ou algum dos outros singles, mas sim "Killer" - que conta apenas com a rap line, composta por Rap Monster, Suga e J-Hope. E em "I Need U", o ótimo retorno estranhou até mesmo Yoongi, que foi por deixar o público cantar toda a sua parte da canção.



Ainda sobre a relação público-grupo, houve fanservice para dar e vender, com tchauzinhos, brincadeiras entre os membros, aegyo do Suga à pedido dos fãs, e até Jin dance machine ao finalzinho do show dançando sozinho "I Need U" a força do Jimin, que não o deixava sair do palco, o empurrando de volta toda vez que tentava fugir do micão. Aaah, também tivemos muito esforço dos rapazes à prova de balas em falar o nosso idioma, com muitos "obrigado" e "vai", um "lecal", um "mais alto" lido no papel por V, dentre outras tentativas (quase) frustradas.

Enfim, com 24 músicas muito bem distribuídas em quase duas horas de show, a "2015 BTS Live Trilogy 'Episode II. The Red Bullet'" mostra o quão promissor o Bangtan Boys é - com coreografia afiada e bons vocais. Nem a setlist confusa ou o auxílio de base em momentos inevitáveis - antes isso do que algum dos moços vir com uma nota toda errada -, fazem com que o show tenha um ponto realmente negativo. Aqui, o conceito que foge do convencional e as apresentações eletrizantes e cheias de carisma ganham espaço. Mal podemos esperar para o episódio 3 desta trilogia.



Brigadão ao pessoal da Highway Star que disponibilizou a credencial ao blog. ♥

Concert Review: Sem mitologias à seguir, a liberdade e expressividade de MØ no seu primeiro show em São Paulo é um exemplo a ser seguido


O Áudio Club, localizado na Barra Funda, em São Paulo, ficou pequeno na madrugada desta sexta-feira (29), quando deu espaço para a primeira passagem da cantora dinamarquesa com sua nova turnê pelo Brasil, que ainda contará com performances no Rio de Janeiro (30) e Curitiba (31).

Com seu disco já lançado, “No Mythologies To Follow”, e parcerias com Diplo (“XXX 88”, do seu primeiro CD) e o projeto eletrônico do produtor, Major Lazer (“Lean On”), a volta da cantora, que esteve no Brasil há alguns anos para uma apresentação intimista no Rio, foi possibilitada devido ao movimento dos seus fãs com a plataforma Queremos!, que enfatiza o interesse do público em relação aos shows de artistas menos cotados por grandes produtoras no país, e faz com que ela sinta a diferença que seu público sofreu por aqui. Aliás, agora ela TEM um público e essa foi uma das coisas que ela não se envergonhou em mostrar admiração, quando elogiou que a plateia sabia cantar praticamente todas as músicas de seu repertório.



Antes de explorar a vida artística em carreira solo, MØzão teve uma banda punk, que terminou em 2012, e herda muito disso em sua performance no palco. Sabe aquela moça durona e de cara fechada dos videoclipes? Vez ou outra ela até aparece, mas a maior parte do show é feita por uma mulher que transborda ousadia e autenticidade, fazendo com que a gente não queira perder cada um dos seus movimentos e muito menos cada um dos versos, entoados perfeitamente bens enquanto ela dança do seu jeitão desengonçado, interage com o público e pula de um lado para o outro do palco — no momento de cantar “Never Wanna Know”, outra do seu disco, ela surgiu no lado contrário ao palco, no camarote, e segundos depois estava de volta ao seu posto. Pareceu até mágica.



Por mais que seu repertório solo não tenha nenhum grande hit, sendo sua música mais famosa a parceria com o Major Lazer em “Lean On”, todo o show é pra cima, animadaço, e nem precisava saber cantar todas as músicas, como a maioria dos seus fãs, pra se deixar entrar no clima. As danças descoreogradas da dinamarquesa são um convite e tanto para você fazer o mesmo, ainda que não saiba dançar.



Os ápices, entretanto, também aconteceram e graças ao setlist muito bem montado, que passeava entre músicas energéticas e lentas que davam um tom mais sentimental à festa de MØ, sendo alguns dos melhores momentos “Walk This Way”, logo no comecinho do show, “Glass”“Dummy Head”  e “Waste of Time”. A dolorosa “Never Wanna Know” desperta um pouco mais de emoção sob a postura durona dela, que lidou bem com o carinho e mãos bobas dos fãs brasileiros, e “Don’t Wanna Dance” cumpre sua missão: colocar todo mundo pra dançar. Rolou até um cover de “Say You’ll Be There”, das Spice Girls.



Antes da metade do show, já dava pra se sentir exausto de tanto cantar, dançar e pular, mas simplesmente não havia como parar. Da última vez que o blogueiro que vos fala se sentiu tão conectado à uma artista durante um show foi no Lollapalooza do ano passado, com as apresentações de Lorde e Ellie Goulding. Com a diferença de que MØ fez isso para um público menor, mas com uma intensidade imensurável.



Bastante singular, não tem artista nenhuma que a gente imagine fazendo o que MØ fez em palco, toda a originalidade de seu show só teve uma pausa quando ela veio com o velho truque do “essa é a última música”, causando aquela reação do “MAS ELA NÃO VAI CANTAR AQUELE HIT???”, mas é claro que ela voltou. É claro que ela cantou.



O show contou com uma versão solo de “One More”, parceria da Elliphant com ela, e foi o público quem deu voz aos espaços preenchidos pela sueca na versão em estúdio da música. Em tempo que “Lean On”, com Major Lazer, foi o momento em que não restava dúvida: todo mundo sabia cantar tudo mesmo. A faixa também foi marcada por uma vontade incontrolável dos posseiros do seapunk presentes subirem ao palco, além da própria também se render à vontade de se jogar no público. Quem sofreu foi o segurança, que depois de tanto puxa pro palco e empurra pra plateia, sorria como se tudo aquilo fosse inacreditável e aos poucos resgatava o ar perdido, com uma respiração ofegante.



Sem mitologias à seguir, a liberdade e expressividade de MØ em palco e estúdio é um exemplo a ser seguido. Uma cantora que a gente torce para se tornar cada vez mais famosa, mas que nunca se renda aos limites impostos por essa indústria pop tão mediocremente baseada em tendências e padrões que ela provavelmente nem se sentiria confortável em acompanhar.

No fim, rolou uma balada comandada pelo Gorky, do Bonde do Rolê, e em meio à clássicos de Britney Spears, muito trap, Diplo e uns funk bem trasheiras, o que ecoava ainda eram os vocais de Karen. O que restava ainda era toda a energia que ela se permitiu compartilhar com a gente, além daquela vontade de poder aproveitar tudo aquilo de novo e de novo e outra vez. A dinamarquesa nos fez beg for it.



A foto que ilustra o post foi clicada pela Natasha Hollinger.

Agradecimento: plataforma Queremos!,
por ter possibilitado esse show incrível no Brasil <3
e a agência Cartaz pelo apoio na cobertura do blog. :)

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