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Lista: as 10 melhores atuações femininas do cinema em 2018

O Cinematofagia está cada vez mais próximo de publicar a lista com os 40 melhores filmes de 2018, mas antes vamos celebrar as 10 melhores atuações femininas do ano. De vencedoras do Oscar a estreias inacreditáveis, a lista segue o mesmo molde da que elegeu os melhores atores do ano: não há separação entre papéis protagonistas e coadjuvantes, tendo como critério de inclusão a estreia do filme em solo tupiniquim dentro do ano ou com o filme chegando à internet sem distribuição no país até o fechamento da lista.


Não assistiu a algum dos longas aqui listado? Não se preocupe, pode ler todos os textos que são sem spoilers - e em seguida correr para aclamar essas atrizes maravilhosas. Quem ganha o Oscar Cinematofagia de "Melhor Atriz" em 2018? Você pode conferir abaixo - e todas as listas de #bestof2018 no fim do post.


10. Regina Hall (Support The Girls)

Regina Hall é um caso absoluto de como as escolhas de um ator podem interferir diretamente na percepção que o público tem dele. Quando pensamos na atriz de 48 anos (!), imediatamente lembramos do seu icônico papel na franquia "Todo Mundo em Pânico" (2000-2006), como a imortal Brenda Meeks (morria em todos os filmes e sempre voltava no seguinte). Só foi com "Support The Girls" que Hall mostrou ser muito mais que uma atriz de comédia pastelão. Carregando um filme bastante difícil - os diálogos são incessantes -, ela transpõe uma naturalidade gigantesca, comprovando como ainda é subestimada na indústria e dona de um talento enorme.

9. Lady Gaga (Nasce Uma Estrela)

Uma das estreias mais aclamadas da década, Lady Gaga já caminhou pela dramaturgia na Sétima Arte - como em "Machete Kills" (2013) - e na televisão - em "American Horror Story: Hotel" (2015). O que ambos possuem em comum? Não comprovavam o talento da cantora diante das câmeras. Quando escalada no papel protagonista de "Nasce Uma Estrela", Gaga assumiu uma responsabilidade que parecia além das suas capacidades, então foi uma surpresa avassaladora ver o quão confortável ela parecia na pele de Ally. Muitos acham que a hitmaker de "Bad Romance" brilha nas cenas musicais - o que não é mentira, sua voz é inacreditável -, mas Gaga encontra seu maior poder nos momentos intimistas, quando nem ao menos parece estar seguindo um roteiro. Nasceu uma estrela do Cinema.

8. Saoirse Ronan (Lady Bird)

Um dos nomes mais complicados de Hollywood (nunca vou aprender a pronúncia), Saoirse Ronan já foi indicada ao Oscar três vezes, todavia, só com "Lady Bird" consegui ver o que todo mundo via na garota. Um dos motivos definitivos do sucesso do filme, Ronan dá vida e asas a uma adolescente tentando se encontrar no mundo, papel que já vimos inúmeras vezes. Só que ela se apropria de uma personagem banal e a transforma em algo mágico, carismático e impossível de não gerar apego. Juntamente com o roteiro afiado de Greta Gerwig, algumas das cenas de Saoirse facilmente entrariam numa lista de melhores do ano - "GIVE ME A NUMBER".

7. Elsie Fisher (Oitava Série)

Com 13 anos quando foi escalada para "Oitava Série", Elsie Fisher define que talento não possui idade. A menina interpreta um dos nomes mais complexos do Cinema este ano, Kayla, uma youtuber que só tem o pai como espectador. O grande caso é que ela, nos vídeos, é uma exímia habitante desse louco planeta, sabendo lidar com situações difíceis e sendo um exemplo de autoestima. Só que isso não existe quando ela aplica o que fala no dia a dia. Entregando todas as camadas de uma adolescente sufocada pela ansiedade e as pressões sociais, Fisher está nada menos que genial e humana em cenas que exigem vulnerabilidades difíceis para qualquer pessoa.

6. Allison Janney (Eu, Tonya)

Allison Janney é uma das poucas pessoas a conseguir um feito enorme: vencer TODOS os principais prêmios do Cinema com um único papel. Por "Eu, Tonya", ela levou pra casa o Globo de Ouro, o SAG, o Critic's Choice, o BAFTA e o Oscar como a mãe abusiva dessa história real. Numa mistura de insanidade com humor negro, Janney finalmente recebeu o reconhecimento que merece, sempre caminhando por produções que não traziam todo seu potencial à tela - "Beleza Americana" (1999), "As Horas" (2002), "Juno" (2007), "Histórias Cruzadas" (2011) etc. A narrativa do longa, um falso documentário, deixa a atriz roubar a cena tanto nos momentos "simulados" quanto nas quebras da quarta parede.

5. Glenn Close (A Esposa)

Uma das atrizes mais aclamadas da história, Glenn Close já ganhou basicamente todos os principais prêmios do planeta - 2 Globos de Ouro, 3 Emmys, 1 SAG, 3 Tonys -, mas o Oscar, nunca, mesmo com SEIS indicações. "A Esposa" parece ser o momento que a Academia sanará sua dívida. E, caso vença, Close não será um dos nomes que venceu pelo conjunto da obra, e sim por estar monstruosa no ecrã. Vivendo uma mulher que é soterrada pela sombra do marido, Glenn entrega o que podemos chamar de "atuação da carreira" quando, até mesmo em cenas em que não abre a boca, podemos sentir a intensidade do seu poder. E quando amarras são quebradas, o espetáculo é garantido.

4. Sally Hawkins (A Forma da Água)

Como comentado sobre a Glenn Close, mesmo nos momentos em que não há diálogos, ela destrói em cena, mas e quando a personagem não oraliza durante o longa inteiro? Esse foi o desafio de Sally Hawkins em "A Forma da Água". Com exceção de uma pequena cena, a atriz não emite uma palavra sequer ao interpretar uma mulher muda que se apaixona por um homem-anfíbio. Com uma língua de sinais irretocável, é sobrenatural como ela gera sentimentos para a plateia e desenvolve um dos romances mais estranhos já vistos no Cinema. Sua doçura e ânsia de viver aquela aventura são narcotizantes, entregando todo o seu corpo à uma heroína que não precisa de palavras para salvar o dia.

3. Frances McDormand (Três Anúncios Para Um Crime)

Frances McDormand é uma das poucas pessoas a terem a tríplice coroa da atuação: venceu os principais prêmios do cinema, televisão e teatro (Oscar, Emmy e Tony, respectivamente). O motivo? "Três Anúncios Para um Crime" consegue explicar facilmente. Assim com Janney, McDormand também levou todos os grandes prêmios da Sétima Arte na temporada com sua mãe sem remorsos em busca de justiça pela morte brutal da filha. Ácida e dura como pedra, a personagem deixa ninguém vê-la suando - principalmente se esse alguém for um homem. Seja em momentos onde ela manda todo mundo calar a boca ou até mesmo dando apenas uma encarada para gelar o sangue, é vibrante seguir seus passos através do filme. As dualidades da mãe de luto são orquestradas sem esforço por Frances, uma vencedora incontestável do Oscar.

2. Brooklynn Prince (Projeto Flórida)

Quem achou que Lady Gaga tinha A estreia do ano, mal poderia imaginar que uma menininha de sete anos roubaria esse posto. Brooklynn Prince dá uma verdadeira aula de atuação em "Projeto Flórida", passando verdade em absolutamente todas as cenas - ela e o elenco infantil conseguem transmitir dúvida na plateia, que chega a se perguntar "será que eles estão interpretando eles mesmos?". A pequena facilmente poderia ter sido indicada ao Oscar de "Melhor Atriz", o que teria muito mais validade que a indicação de Meryl Streep por "The Post: A Guerra Secreta" (2016), por exemplo. De todo o encantamento gerado a partir da ótica das crianças diante de toda a precariedade em que vivem, é Prince que não só dá o tom como guia toda essa obra-prima.

1. Toni Collette (Hereditário)

E a melhor atuação feminina do ano é, indiscutivelmente, de Toni Collette. Indicada ao Oscar pelo clássico "O Sexto Sentido" (1999), a atriz, tão subestimada, está abrindo as portas do Inferno na tela de "Hereditário". Por ser o elo fundamental da malfadada família, Collette tem que - e consegue - entregar todas as nuances dificílimas que o roteiro demanda, desde os momentos de pura dor até o medo mais genuíno possível. O elenco inteiro, mesmo sensacional, desaparece quando Collette pisa o pé no ecrã, que entrega a atuação de sua carreira. Vencedora de inúmeros prêmios na temporada, ela deveria, no mínimo, ser indicada ao Oscar de "Melhor Atriz" - se Kathy Bates conseguiu por "Louca Obsessão" (1990), por que não?

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Viciado em listas? Confira os melhores do ano pelo Cinematofagia:

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Lista: as 10 melhores fotografias do cinema em 2018

Seguindo o esquenta para minha anual lista de melhores filmes de 2018, é hora de escolher as 10 melhores fotografias do ano - no mesmo critério de inclusão de sempre: ter estreado nacionalmente em 2018 ou ter chegado à internet sem data de lançamento -, aquelas que nos fizeram falar "dá o Oscar para esse enquadramento". Mas antes de tudo, O QUE É FOTOGRAFIA?

A fotografia - ou cinematografia, no jargão técnico mais apropriado - é o termo que mais sofre quando alguém elogia o "visual" do filme. Ao contrário do que se pode presumir, a fotografia não é necessariamente tudo o que está na tela, tudo o que podemos ver; ela é a "impressão" do roteiro, ou seja, os enquadramentos, movimento de câmera, uso de filtros, manipulação de cores, exposição de luz e afins.


Quando alguém solta um "olha a paleta de cores maravilhosa desse filme!", muitas vezes ele não está falando da fotografia, e sim do design de produção - a chamada "direção de arte", que compõe todo o aparato físico que está no ecrã. As cores, parte visual mais emblemática, entra tanto na fotografia - pelo trabalho do colorista - como na direção de arte - no trabalho do cenógrafo - e nos figurinos - no trabalho do figurinista. São departamentos distintos e realizados por profissionais diferentes; é a união de todos que fazem um filme ser "bonito" (ou não, caso propositalmente).

Então, o que a lista está julgando é o trabalho de câmera juntamente com a colorização das películas. Preparado para fazer a linha cult na próxima roda de amigos e falar das fotografias mais estonteantes do cinema em 2018? Aqui as 10 melhores pelo Cinematofagia:


10. Faca no Coração

Direção de: Yann Gonzalez. Fotografia de: Simon Beaufils. Colorização de: Jerome Brechet.
A melhor definição visual do francês "Faca no Coração" é: uma louca mistura de Pedro Almodóvar com Dario Argento. Como se "Prelúdio Para Matar" (1975) e "Ata-me" (1989) tivessem um filho, o novo filme de Yann Gonzalez segue com seu cinema psicodélico, e usa e abusa das cores para homenagear a arte que é a Sétima Arte, expondo à plateia a realização de um filme. Camp e LGBT,  a atmosfera da película é belíssima, tanto nos momentos em estúdio com suas luzes artificiais quanto nas locações externas.

9. Terrorismo na Noruega

Direção de: Erik Poppe. Fotografia de: Martin Otterbeck. Colorização de: Cem Ozkilicci.
"Terrorismo na Noruega" não está na lista por ser visualmente bonito, pelo contrário. O filme segue os 70 minutos que aterrorizam um grupo de jovens na Noruega em 22 de julho de 2011, quando um atirador matou vários em uma ilha. A fotografia filma os acontecimentos sem cortes, do momento em que o atirador chega até o final, e a imersão é fantástica. Se o roteiro peca por não conseguir manter o ritmo, a câmera incansável, real protagonista da obra, segue os desesperados passos dos personagens (versões ficcionais das pessoas reais) e mostra que o Cinema não conhece fronteiras.

8. Grão

Direção de: Semih Kaplanoglu. Fotografia de: Giles Nuttgens. Colorização de: Cem Ozkilicci.
Filmes em preto & branco na atualidade são raros, e os exemplares abdicam das cores em prol de uma determinada estética. No turco "Grão", o P&B não soa gratuito ao esbarrarmos na premissa: no futuro, quando as cidades são protegidas contra imigrantes, a agricultura sofre uma crise genética, deixando o planeta árido. A distopia biológica encontra um estranho esplendor a partir da fotografia de tirar o fôlego, capturando as planícies decrépitas e as cidades em ruínas de maneira brilhante.

7. Zama

Direção de: Lucrecia Martel. Fotografia de: Rui Poças. Colorização de: Wouter Suyderhoud.
Numa colônia na Argentina, o corregedor Zama não vê a hora de receber a carta da corte espanhola para voltar para casa. Enquanto espera, passeia por esse drama escravocrata que arranca suspiros com suas imagens. Bem barroco, o ecrã de "Zama" demonstra requinte estético afiado ao contrastar o luxo da monarquia com a pobreza dos escravos, sempre colocando o aspecto natural das terras tropicais como primeiro plano.

6. Eu Não Sou Uma Feiticeira

Direção de: Rungano Nyoni. Fotografia de: David Gallego. Colorização de: Matt Troughton.
Co-produção entre a Zâmbia e o Reino Unido, "Eu Não Sou Uma Feiticeira" nos leva até o interior africano a fim de explorar a cultura da bruxaria no continente. Usando uma garotinha como eixo central, o longa vai à fundo na composição visual e inclui aspectos ficcionais para alavancar suas imagens, como uma gigantesca fita branca que prende as bruxas. Além de criatividade plástica, a fotografia emprega suas imagens com o intuito de transformá-las em porta-voz de críticas e exposição da cultura africana.

5. No Coração da Escuridão

Direção de: Paul Schrader. Fotografia de: Alexander Dynan. Colorização de: Tim Masick.
"No Coração da Escuridão" é um célebre exemplo de como usar a fotografia como artefato narrativo. Voltando à aurora do cinema, o ratio (o "tamanho" da tela) da película é quase quadrado, e não é por acaso: ela engole os personagens, aprisionando-os visualmente. Reflexo da situação claustrofóbica que ocorre, a fotografia é pincelada em tons frios, como marrom, azul e preto, já que não há sinal de esperança ou felicidade à vista. Cada enquadramento daria um quadro para ser pendurado em qualquer museu.

4. O Gigante

Direção de: Aitor Arregi & Jon Garaño. Fotografia de: Javier Agirre.
"O Gigante" mal estreou e já foi considerado o melhor filme basco já feito, tecnicamente falando. E dá para entendermos logo de cara: um drama de época, a produção não mede esforços para extrair o que há de mais belo das paisagens espanholas. E, uma sacada muito engenhosa, é brincar com os enquadramentos quando seu protagonista - o tal gigante - está na tela, criando efeitos lindos de proporção. Merecidamente venceu DEZ Goyas (o Oscar espanhol), incluindo o de "Melhor Fotografia", é óbvio.

3. A Balada de Buster Scruggs

Direção de: Ethan Coen & Joel Coen. Fotografia de: Bruno Delbonnel. Colorização de: Peter Doyle.
Dizer que um filme dos irmãos Coen não possui defeitos técnicos é até clichê - do faroeste "Bravura Indômita" (2010) ao hollywoodiano "Ave, César!" (2016), não há o que reclamar dos atributos técnicos. Talvez seja prematuro afirmar, mas "A Balada de Buster Scruggs" é o trabalho visual mais irretocável da carreira da dupla. Dessa vez, junto com as lentes de primeiro mundo, eles orquestraram saturações e manipulações de cores gritantes, colocando filtros artificiais que casam com o tom jocoso do roteiro. A transição visual do fim da tarde ao anoitecer do último segmento, quase inteiramente filmado dentro de uma charrete, não é desse mundo.

2. A Forma da Água

Direção de: Guillermo del Toro. Fotografia de: Dan Laustsen. Colorização de: Chris Wallace.
É engraçado como "A Forma da Água" transparece um sentido errado: parece ser uma obra simples. O ápice criativo de Del Toro é uma fofa história de amor que mistura fantasia com drama, divertida para toda a família, entretanto, para orquestrar o tom perfeito do roteiro, a fotografia - junto com o design de produção - tiveram que suar a camisa para nos transportar ao período clássico da Hollywood de Ouro. Com um filtro verde, seja na terra ou na água, a fotografia de "A Forma da Água" é uma dádiva visual - que se mostra ainda mais divina na tela grande.

1. Projeto Flórida

Direção de: Sean Baker. Fotografia de: Alexis Zabe. Colorização de: Sam Daley.
"Projeto Flórida" também tem sua fotografia como aliado para a construção do universo psicológico de seus personagens. Protagonizado por crianças, a primeira escolha técnica foi colocar a câmera na altura dos pequenos, ao invés de olhá-los de cima para baixo, como de costume. Essa sutileza os coloca como reis de seus castelos, e é fundamental tal impressão para entendermos como eles se desenvolvem perante suas condições de moradia. O que para nós é mero hotel, paredes de tanta pobreza, para eles é um conto de fadas com uma aventura a cada esquina, e as cores mais lindas do ano estão aqui. Eu queria morar dentro desse filme.

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Lista: as 10 melhores atuações masculinas do cinema em 2018

E olha dezembro aí. Piscamos e o ano já passou, e, muito mais que o Natal, as listas de fim de ano são o melhor acontecimento do último mês. Ainda tem muita coisa para estrear, porém podemos começar apontando o que aconteceu de mais incrível no Cinema, e a primeira lista escolhe as 10 melhores atuações masculinas do período.


É válido apontar que o critério de escolha não difere protagonistas e coadjuvantes, além de encaixar filmes com estreia em solo brasileiro em 2018 ou com a obra disponível sem data de lançamento prevista - ou seja, chegou à internet sem distribuidora no país. E, caso não tenha assistido aos filmes em questão, não se preocupe: os textos são sem spoilers. Dá tempo de correr para marcar como vistos antes de começar 2019.


10. Brady Blackburn (Domando o Destino)

A principal estratégia da diretora Chloé Zhao com "Domando o Destino" foi: escolher atores amadores que estão dentro do contexto em que seu filme se passa - muitos personagens são os atores interpretando a si mesmos. Mas foi Brady Jandreau, em seu primeiro papel, que carregou a alma da película. Vivendo um vaqueiro que vê seu sonho indo embora após um acidente, Jandreau entrega uma naturalidade digna de atores veteranos e domina a cena, auxiliado pelo roteiro que exige o melhor dele.

9. Joaquin Phoenix (Você Nunca Esteve Realmente Aqui)

Uma das maiores forças de Joaquin Phoenix é sua versatilidade. Ao contrário de tantos e tantos atores, em que os papéis são várias versões de si mesmos, Phoenix consegue se transformar totalmente, de "A Vila" (2004) até "Ela" (2013). O mais extremo de sua filmografia talvez seja Joe, o protagonista de "Você Nunca Esteve Realmente Aqui". Arrematando o prêmio de "Melhor Ator" no Festival de Cannes 2017, Joaquin vai do silêncio aos berros com uma capacidade impressionante nesse "Oldboy" (2003) moderno, mais um herói que foge do binarismo de mocinho fantástico.

8. Gary Oldman (O Destino de Uma Nação)

O vencedor do Oscar 2018 de "Melhor Ator", Gary Oldman, fez um verdadeiro arrastão, levando todos os principais prêmios da temporada pelo desempenho em "O Destino de Uma Nação". Debaixo de quilos de maquiagem, Oldman não deixa as próteses fazerem sua atuação: o filme é inteiramente dele. Toda a produção é palco para o ator berrar e fazer suas caretas, num legítimo Oscar bait - o que não é ruim quando é justificável. Lotado de dualidades, o eterno Sirius Black ganhou a Academia à base do grito.

7. Timothée Chalamet (Me Chame Pelo Seu Nome)

Eu nunca fui dos entusiastas apaixonados por "Me Chame Pelo Seu Nome": eleito uma obra-prima do cinema LGBT, acho o longa muito bom, todavia longe dos louvores fervorosos. O que é inegável é Timothée Chalamet, numa das melhores atuações revelações da década. Com apenas 22 anos, o "menino pêssego" (como carinhosamente é chamado) transborda seu desempenho tela afora e dá veracidade a um amor de verão fadado ao fracasso, dando seu corpo e sua alma em um papel em que a pele é o palco principal.

6. Nakhane Touré (Os Iniciados)

Papéis LGBTs no Cinema carecem de um cuidado de composição maior, já que geralmente tais papéis possuem as discussões de sexualidade/gênero como diferencial. E o que Nakhane Touré faz no africano "Os Iniciados" é fenomenal: vivendo a pele de um gay aprisionado pela cultura e tradições, o desenvolvimento do tímido mentor do ritual de maioridade que vive por trás de uma máscara opressora é cinematograficamente poderoso. Os caminhos tão diferentes da atuação de Touré detrás desta máscara e junto com seu grande amor, outro mentor, demonstra a capacidade do ator de ir aos extremos e apresentar um show no ecrã.

5. Evan Rosado (Os Animais)

Alguém não ama uma boa atuação infantil? Crianças na tela são uma aposta muito alta, pois ou vai dar muito ruim ou muito bom. Quanto maior a demanda emocional, maior o risco, e o risco foi pago com maestria pelo pequeno Evan Rosado no drama indie "Os Animais". Caçula de três irmãos, Jonah (personagem de Rosado) tem que criar um universo fantasioso próprio para manter sua sanidade. Um papel muito complexo, recheado de camadas e que até um ator consagrado teria que suar para fazer, Rosado tira de letra e mostra um nível de afinidade e conforto dentro da pele de Jonah que choca. Quanto mais o filme passa, mais é exigido do garoto, que nem parece se esforçar.

4. Ethan Hawke (No Coração da Escuridão)

É curioso ver como padres conturbados geram tantas performances além da média - de Max von Sydow em "O Exorcista" (1973) até Philip Seymour Hoffman em "Dúvida" (2008). Ethan Hawke entra nesse hall em "No Coração da Escuridão". Entrando na vida cristã após a perda do filho, padre Toller não imagina o turbilhão em que está prestes adentrar quando conhece uma esposa grávida e seu marido suicida. Com um roteiro que vai à fundo na perda absoluta da fé, Hawke desenvolve sutilezas avassaladoras ao por na mesa discussões tão atuais e complexas, carregando uma cruz de emoções que rasgam o ecrã.

3. Sam Rockwell (Três Anúncios Para um Crime)

"Três Anúncios Para um Crime" é, de longe, o melhor corpo de atores de 2018 - não há uma mísera atuação menor que "perfeita" -, é Sam Rockwell que exerce uma das forças naturais da produção. Personagem que merece ser odiado sem pestanejar, Rockwell une uma paleta obscura de ódios e preconceitos para Jason Dixon, um policial racista, homofóbico e misógino, e o resultado é um papel insano. Com o careca dourado de "Melhor Ator Coadjuvante" na estante, Rockwell finalmente sai das sombras e surge como um grande performer, num daqueles personagens para ficarem marcados na história do Cinema.

2. Bradley Cooper (Nasce Uma Estrela)

Bradley Cooper já recebeu múltiplas indicações pela Academia, entretanto, nunca conseguiu ganhar meu apreço. É fato que sua competência é incontestável, mas nenhuma de suas atuações fazia com que eu caísse de amores, o que está devidamente mudado. Além de dirigir, Cooper traz o papel de sua carreira com o músico falido Jackson Maine na quarta versão de "Nasce Uma Estrela". Virando o real protagonista do filme, ao contrário dos longas anteriores, Cooper, mesmo contracenando com Lady Gaga, em momento nenhum deixa a cena ser assaltada, mergulhando de cabeça nos vários demônios de seu personagem, colocando em xeque temas como vícios e problemas psicológicos - e cantando muito. Merece um Oscar.

1. Marcello Fonte (Dogman)

E a melhor atuação masculina do ano é de Marcello Fonte na obra-prima "Dogman", selecionado da Itália para o Oscar 2019 de "Melhor Filme Estrangeiro". Vivendo um adorável dono de pet shop, Marcello (o nome do personagem e do ator é o mesmo) tem uma segunda vida ao vender drogas para dar tudo o que a fofa filha deseja. O problema é que ele é um fantoche nas mãos de Simone (Edoardo Pesce), um cara barra pesada que usa Marcello de gato e sapato a fim de conseguir drogas. Usando o meio decrépito de uma Itália em ruínas, o protagonista se afoga em questões morais violentamente importantes e produz a performance mais brilhante de 2018, laureada com a Palma de "Melhor Ator" em Cannes. Da composição física até as escolhas psicológicas, há nenhuma camada fora do lugar com Fonte.

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Viciado em listas? Confira os melhores do ano no Cinematofagia:


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Dossiê Oscar: “Roma” e “Nasce Uma Estrela” abrem a corrida dourada como favoritos

Outubro chegou, e com ele o início da corrida para o Oscar 2019! Os nomes mais sedentos por um careca dourado começam a estrear, a lista de selecionados para o prêmio de "Melhor Filme Estrangeiro" está fechada e as campanhas ligam seus motores. A partir de hoje até a premiação, o Cinematofagia vem mensalmente com análises sobre os favoritos para as principais categorias da noite.

Os dossiês são uma computação de recepção crítica, bilheteria e apostas dos maiores nomes do cinema ao redor do mundo. Claro, tudo pode mudar e os vencedores serem aqueles que quase ninguém apostava, porém as tendências tendem a se mostrarem corretas até o anúncio de "Melhor Filme".

E ainda há muita água para correr, com diversos prêmios da crítica e indústria para fortalecerem ou mudarem todos os favoritos - Globo de Ouro, BAFTA, Critics' Choice e tudo mais. Sem mais delongas, eis os favoritos ao Oscar 2019 em outubro.


MELHOR FILME

Disputa: Roma X Nasce Uma Estrela

A maior e mais disputada categoria do Cinema pode ter até 10 indicados, o que abre o leque de possibilidades. Porém a briga está entre "Roma", de Alfonso Cuarón, e "Nasce Uma Estrela", de Bradley Cooper.

"Nasce Uma Estela" é, de longe, a maior surpresa do ano: ninguém esperava toda a aclamação que vem recebendo desde a estreia no Festival de Veneza. O filme, já chamado de clássico, é a terceira refilmagem do original de 1937, e resume todo o esplendor de Hollywood, discutindo os altos e baixos do estrelato. Ainda carrega o peso de suas estrelas estarem em cadeiras de estreia: é o primeiro filme de Cooper como diretor e o primeiro papel protagonista de Lady Gaga.

Do outro lado temos "Roma". Cuarón já é duas vezes vencedor do Oscar e tem o filme mais bem avaliado de 2018 até agora. Selecionado pelo México para a vaga de "Melhor Filme Estrangeiro", a aclamação da obra encontra vários percalços que o distanciam do careca de "Melhor Filme": 1, é uma obra falada em língua não-inglesa; 2, filmado inteiramente em preto e branco; 3, com todos os atores desconhecidos; e 4, distribuído pela Netflix.

O combo já é mais que o suficiente para afastar os conservadores votantes da Academia, que ainda olham torto para a Netflix - "Lágrimas Sobre o Mississipi" conseguiu esse ano aparecer em quatro categorias, no entanto, em nenhuma das principais - além do fato que nunca um filme estrangeiro roubou a estatueta de algum falado em inglês - "Amor" e "Z" chegaram perto. Se há algum filme capaz de quebrar essa maldição, esse filme é "Roma".

Principais candidatos:
Roma (idem)
Nasce Uma Estrela (A Star Is Born)
A Favorita (The Favourite)
Infiltrado no Klan (BlackKklansman)
If Beale Street Could Talk (idem)
O Primeiro Homem (First Man)
Green Book (idem)
Pantera Negra (Black Panther)
Boy Erased (idem)
As Viúvas (Widows)

MELHOR DIREÇÃO

Disputa: Roma X A Favorita

Cuarón está com cara de que leva o segundo Oscar de "Melhor Direção" - levou o primeiro com "Gravidade". O que pode impedi-lo são os mesmos motivos que o distanciam de "Melhor Filme", mas em "Direção" o peso não é tão grande e o ovacionado trabalho do mexicano pode mais uma vez ser premiado.

Quem está na cola dele é Yorgos Lanthimos, diretor do tresloucado "A Favorita". Outro a estar na lista dos melhores do ano pela crítica internacional, Lanthimos já bateu na trave com "Dente Canino" e "O Lagosta", indicados aos prêmios de "Filme Estrangeiro" e "Roteiro Original". Outros que correm na cola são Barry Jenkins, diretor de "Moonlight"; Bradley e sua badalada estreia; e Spike Lee, que voltou com tudo em "Infiltrado na Klan". Fun fact: caso Cuarón vença, será a quinta vez que um latino leva a categoria nessa década - e apenas um norte-americano venceu: Damien Chazelle por "La La Land". Trump chora.

Principais candidatos:
Alfonso Cuarón - Roma
Yorgos Lanthimos - A Favorita
Barry Jenkins - If Beale Street Could Talk
Bradley Cooper - Nasce Uma Estrela
Spike Lee - Infiltrado na Klan

MELHOR ATRIZ

Disputa: Lady Gaga X Glenn Close

E "Melhor Atriz" mais uma vez traz a disputa elementar da categoria: uma atriz consolidada vs. uma novata. Os exemplos só dessa década: Jennifer Lawrence X Emmanuelle Riva, Julianne Moore X Rosamund Pike, Brie Larson X Charlotte Rampling, Emma Stone X Isabelle Huppert. 2019 caminha para o mesmo molde com Gleen Close X Lady Gaga. Close já era a favorita antes mesmo da corrida começar pelo papel em "The Wife", porém Gaga foi catapultada até o topo, conseguindo brigar pelo #1.

Close já foi indicada a vários Oscars, sem nunca ter um para chamar de seu. Muitos dizem que agora é a hora, contudo, o histórico não está ao seu favor: com exceção de Julianne More, todas as consolidadas perderam para as novatas. A premiação, que está cada vez mais desejando renovação, parece vir inclinada a premiar nomes novos e com maior apelo do público - e Lady Gaga é a pessoa ideal para isso. Ainda é cedo, mas hoje eu apostaria em Gaga - para o choque geral de todos que não esperavam muito de "Nasce Uma Estrela" (incluo-me aqui).

Principais candidatos:
Glenn Close - The Wife
Lady Gaga - Nasce Uma Estrela
Toni Collete - Hereditário
Viola Davis - As Viúvas
Olivia Colman - A Favorita

MELHOR ATOR

Disputa: Bradley Cooper X Lucas Hedges

Se Lady Gaga conseguiu ganhar o amor da crítica e despontar como uma das favoritas, Bradley Cooper não ficou atrás e é o atual favorito ao Oscar de "Melhor Ator" pelo seu papel de músico falido e alcoólatra. O ator já foi indicado QUATRO vezes, sem nunca ter vencido, e parece que a hora está chegando. E, assim como a categoria de "Atriz", temos aqui a briga entre um nome já largamente conhecido versus um mais fresco: Lucas Hedges. O garoto de apenas 21 anos é um dos melhores a surgirem através da nova safra, já concorrendo a "Melhor Ator Coadjuvante" por "Manchester À Beira Mar".

Todavia, ao contrário de "Melhor Atriz", a categoria masculina tende a premiar o consolidado - Gary Oldman bateu Timothée Chalamet, o favorito no início da temporada passada -, o que pende mais para o lado de Cooper o favoritismo. E, se Gaga levar, suas chances só aumentam, com o casal protagonista saindo premiado.

Principais candidatos:
Bradley Cooper - Nasce Uma Estrela
Lucas Hedges - Boy Erased
Willem Dafoe - At Eternity's Gate
Ryan Gosling - O Primeiro Homem
Viggo Mortensen - Green Book

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

Disputa: Regina King X Nicole Kidman

O novo filme de Barry Jenkins estreou no Festival de Toronto e, claro, recebeu elogios sem fim. A unanimidade foi sobre Regina King, que já desponta como a favorita - o que é ótimo, visto que a atriz ainda seja tão subestimada. Ao seu lado surge Nicole Kidman pelo drama "Boy Erased". Kidman, que venceu o Oscar por "As Horas", está em fase de ressurgimento, sendo indicada na mesma categoria ano passado por "Lion". Mas o peso de Kidman já ter o dela, enquanto King não, pode mudar os rumos da noite. A verdade é que, tirando King, a categoria ainda está muito aberta.

Principais candidatos:
Regina King - If Beale Street Could Talk
Nicole Kidman - Boy Erased
Emma Stone - A Favorita
Margot Robbie - Mary Queen of Scots
Claire Foy - O Primeiro Homem

MELHOR ATOR COADJUVANTE

Disputa: Mahershala Ali X Timothée Chalamet

Mahershala Ali pode, dois anos depois do seu primeiro Oscar - por "Moolight" -, levar mais um. "Green Book" venceu o prêmio do público no Festival de Toronto e já se acendeu a luz verde para que o longa esteja entre as principais categorias; os holofotes logo caíram em cima de Ali. Quem parece ser a maior ameaça é Timothée Chalament por "Beautiful Boy".

Tanto ele como Ali são co-protagonistas em seus filmes, colocados na categoria de "Coadjuvante" para aumentar as chances de vitória - macete já bastante usado pelos estúdios, só ver Alicia Vikander vencendo "Atriz Coadjuvante" por "A Garota Dinamarquesa" sendo que ela é protagonista. Como os festivais geralmente não possuem uma categoria para coadjuvantes, tanto essa categoria como a de "Atriz Coadjuvante" ainda estão abertas para diversas mudanças nos próximos meses.

Principais candidatos:
Mahershala Ali - Green Book
Timothée Chalamet - Beautiful Boy
Sam Elliott - Nasce Uma Estrela
Daniel Kaluuya - As Viúvas
Stephan James - If Beale Street Could Talk


MELHOR ROTEIRO ADAPTADO

Disputa: Infiltrado na Klan X If Beale Street Could Talk

Briga de gigantes. De um lado Spike Lee com "Infiltrado na Klan", que continua seu cinema contra o racismo e tem o Prêmio do Júri de Cannes na conta. Do outro, Barry Jenkins e "If Beale Street Could Talk". Jenkins já mostrou seu talento para adaptações cinematográficas ao ganhar o mesmo prêmio com "Moonlight". A expectativa em cima de "Beale Street" é grande, principalmente pelo nível de "Moonlight", então se o sucesso se repetir, Jenkins pode conseguir novamente. O roteiro de "Nasce Uma Estrela" está na cola - adaptação mais aclamada entre todas as feitas, Bradley Cooper deve ser indicado aqui também.

Principais candidatos:
Infiltrado na Klan
If Beale Street Could Talk
Nasce Uma Estrela
O Primeiro Homem
Boy Erased

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL

Disputa: Roma X A Favorita

A briga de "Melhor Direção" deve ser repetida em "Roteiro Original": "Roma" e "A Favorita" começam na frente. Os principais nomes a "Melhor Filme" acabarão entrando aqui - assim como no Oscar desse ano, que jogou "A Forma da Água", "Lady Bird", "Três Anúncios Para um Crime" e "Corra!" juntos -, então a briga vai ser definida no fim da temporada. O roteiro estrangeiro de "Roma" pode fazer com que "A Favorita" coloque a estatueta no bolso, porém será 2019 o ano que a Academia vai mudar o jogo?

Principais candidatos:
Roma
A Favorita
Vice
Green Book
No Coração da Escuridão 

MELHOR FILME ESTRANGEIRO

Disputa: Roma X Roma

"Melhor Filme Estrangeiro" é, de longe, minha categoria favorita de todo o Oscar, incluindo muitas vezes os melhores filmes da temporada. Em 2019 a disputa nem existe: "Roma" irá vencer. Filme mais aclamado do ano, vencedor do Leão de Ouro em Veneza e com chances em todas as principais vagas, Cuarón já pode preparar o discurso. Segundo ano seguido com o prêmio indo para um filme latino? Sim, por favor!

As outras quatro vagas ainda estão instáveis - a categoria teve as seleções encerradas há menos de uma semana -, mas os festivais são os principais indicadores para a lista final. "O Grande Circo Místico", representante do Brasil, não tem a menor chance - obrigado, Ministério da Cultura, por não escolher "Benzinho" ou "As Boas Maneiras", dois dos mais bem avaliados longas brasileiros de 2018 pela crítica internacional.

Principais candidatos:
Roma (México)
Garota (Bélgica)
Dogman (Itália)
Capernaum (Líbano)
Guerra Fria (Polônia)

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