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O problemático cenário das mulheres no mercado cinematográfico

Vamos direto ao ponto: como são as mulheres nos filmes que você assiste? Seja sincero(a) em sua resposta. São mães? Esposas? Namoradas? Estudantes? Heroínas? “Loucas”? Espiãs? Guerreiras? Princesas? “Gostosas”? Independentemente de sua escolha, veja a quantidade de mulheres inseridas nessas “categorias” e a quantidade de homens. A resposta, de qualquer forma, será problemática.

O mundo do showbiz, principalmente para as mulheres (as que têm sorte), não é somente dinheiro, fama, holofotes, entrevistas em talk shows, premiações, capas de revista, vestidos desenhados por estilistas caríssimos e sapatos de 4 dígitos (ou mais!) de dólar. Como reflexo de todo o mundo, as mulheres inseridas no mercado cinematográfico também sofrem com o sexismo, dentro e fora das telas. 

A New York Film Academy, conceituada escola de cinema estadunidense (mas que tem unidades em vários locais do mundo), levantou dados de 2007 ao ano de 2012 e avaliou os “top 500 filmes” sobre a desigualdade de gênero em todas as áreas do cinema, desde o que vemos no produto final ao que diz respeito à produção de um película.

Os dados, como já era de se esperar, são preocupantes – assim como todos os outros que avaliam a desigualdade de gênero. Sobre a objetificação sexual da mulher no cinema, os números apontam, por exemplo, que 28,8% das mulheres vestiram algo revelador, enquanto apenas 7% dos atores homens fizeram o mesmo e, neste período, houve um crescimento de 32,5% de personagens adolescentes que apresentavam alguma nudez. E o problema não para: apenas 30,8% das personagens mulheres possuem alguma fala e em apenas 10,7% dos filmes houve uma divisão na qual metade dos personagens eram mulheres.

A polêmica sobre os salários desiguais também parece estar longe de acabar, mas, por sorte, as atrizes que passaram por esta situação estão começando a soltar a voz sobre o problema. Até Jennifer Lawrence, a queridinha de Hollywood, afirmou ter recebido menos que seus colegas em “A Trapaça”. Segundo ela, 7% dos lucros de bilheteria foram dados a ela e Amy Adams, enquanto Christian Bale, Bradley Cooper e Jeremy Renner receberam 9%. Natalie Portaman também se pronunciou a respeito, quando disse que recebeu três vezes menos que seu colega Ashton Kutcher em “Sexo Sem Compromisso”. Vale lembrar que, assim como J-Law, Natalie também possui um Oscar em sua estante. Voltando às estatísticas da NYFM, mais um problema: Angelina Jolie, a atriz mais bem paga na época ($33 milhões), só ficava na frente de Liam Neeson, o NONO homem mais bem pago de Hollywood ($32 milhões). 

Patricia Arquette, quando foi receber o prêmio da Academia de "Melhor Atriz Coadjuvante" por “Boyhood”, em 2015, aproveitou seu curto tempo de agradecimento para manifestar sua insatisfação com a diferença salarial entre homens e mulheres em todos os âmbitos. "[Dedico] a toda mulher que já deu à luz, todo cidadão que paga impostos, nós lutamos pelos direitos de todo mundo. É nossa vez de ter salários igualitários para todos e direitos iguais para as mulheres nos Estados Unidos”. 

As mulheres que ficam por trás das câmeras também estão em desvantagem (que novidade, não é mesmo?). Afinal de contas, "tecnologia e criatividade não são para elas". Vamos lá! Primeiro: existe uma mulher para cinco homens que trabalham nos bastidores. Tenso, não? Mas agora vamos para as comparações mais esdrúxulas. Do total de diretores ativos no mercado, 9% são mulheres. Roteiristas? 15%. Produtoras executivas? 17%. Produtoras? 7%. Editoras? 20%. Cineastas? DO-IS POR CENTO. Querem mais? Em 89 anos de existência do Oscar, apenas quatro mulheres foram indicadas ao prêmio de "Melhor Diretor" e apenas uma ganhou — Kathryn Bigelow ganhou o prêmio por "Guerra ao Terror". 

Mas como nem tudo são flores despedaçadas, algumas mudanças que vêm acontecendo no cinema são animadoras, principalmente quando falamos do protagonismo feminino nas telas. Nas séries, temos personagens mulheres extremamente fortes, como Jessica Jones, Supergirl e, convenhamos, o elenco feminino inteiro de "Game of Thrones", por exemplo. Nas telonas, as personagens femininas também estão ganhando cada vez mais uma cara nova: Katniss ("Jogos Vorazes"), Hermione ("Harry Potter") e Evelyn Salt ("Salt"). A Disney há algum tempo vem mudando o perfil das princesas: Tiana ("A Princesa e o Sapo"), Elsa ("Frozen"), e a mais recente Moana ("Moana") são bons exemplos a serem seguidos pela geração mais nova. No mundo das heroínas que vieram direto dos quadrinhos, temos a Mulher-Maravilha, sendo seu filme o primeiro live-action dirigido por uma mulher com orçamento de US$100 milhões. Não podemos, entretanto, não fazer as honras às poderosas da velha-guarda, como Leia Organa ("Star Wars") e Sarah Connor ("O Exterminador do Futuro").

Sim, o mundo está mudando, mas, no fim do dia, "it's a men's world". E é por isso que a luta deve ser incessante, em todas as camadas sociais e profissionais. Sigamos na luta, mulheres! Feliz dia para todas nós!

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