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Editorial: “Envolvimento”, da MC Loma, e como ainda subestimam o poder da favela e da internet

O primeiro sucesso da cantora de Recife é autêntico, chiclete e divertido. Por que não pode ser bom?
A música da MC Loma, “Envolvimento”, já está entre as cinquenta mais ouvidas do Spotify no Brasil. No Youtube, agora são 8 milhões de exibições. E, muito em breve, o efeito será ainda maior: a cantora de Recife veio para São Paulo com suas amigas e compositoras do hit, As Gêmeas Lacração, para regravá-la em um estúdio profissional e ganhar um clipe pelas mãos do Midas do funk, Kondzilla.



Em suas redes sociais, ela comemora cada uma de suas conquistas com o mesmo entusiasmo e gratidão, sejam elas os números nas plataformas de streaming e apoio de artistas como Anitta, Wesley Safadão e Solange Almeida ou a oportunidade de comer, pela primeira vez, um lanche da rede de fast-food McDonald's. “Mesmo que isso tudo acabe hoje, eu sou muito grata por o que aconteceu.”


Quanto maior é o hype, maior é o número de quem se recusa a reconhecer o mérito da faixa que, por seu apelo viral, entrou para a corrida pelo hit do carnaval, ao lado de tantos lançamentos de artistas maiores, agenciados por grandes gravadoras, repletos de grana pra meter suas músicas em tudo quanto é lugar.

Mais do que isso, ainda rola uma subestimação imensa do que vem da favela e do poder da internet, que foi a responsável por tornar essa faixa um sucesso. E, muito provavelmente, será a responsável por torná-la ainda maior.



Quem vê o sucesso de “Envolvimento” e não consegue ver além de um viral, precisa exercitar a mente. MC Carol foi do clipe amador - e viral - de “Meu Namorado É Mó Otário” pra um dos discos mais fodas lançados no último ano, com direito a show no festival do Red Bull, nos EUA, e aclamação vinda de todos os lados.

MC Bin Laden, engraçadíssimo com a sua “Tá Tranquilo, Tá Favorável”, também partiu pra shows no exterior, além de, atualmente, ter a atenção de páginas renomadas, como o Pitchfork, para cada um dos seus lançamentos. No Brasil, ainda dividiu palco com o Diplo e Skrillex, no Lollapalooza, validando o que foi bem além de um meme ou sucesso viral.



Mas aí falam que a música é ruim. E precisam compreender que isso parte de um ponto totalmente subjetivo. Assim como tem quem ame os ruídos conceituais da Björk ou os versos desafinados da MIA ou a barulheira dançante e eletrônica da Charli XCX ou toda a música pop engessada que vem sendo produzida para se tornar um hit óbvio há tanto tempo.

Com um sucesso temporário ou não, “Envolvimento” continua crescendo e, felizmente, dando a oportunidade de uma menina de origem humilde ganhar uma grana bacana e reconhecimento por algo que fez na brincadeira, sem nenhuma pretensão, e não conseguimos olhar pra isso sem pensar como uma coisa muito foda.

Nossa torcida é pra que esse envolvimento dure bem mais do que um carnaval. Cebruthius!
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