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Video Review: Nicki Minaj faz a cobra subir no polêmico e relevante clipe de 'Anaconda'


Se Miley Cyrus conseguiu parar a internet ano passado com seu polêmico clipe de "Wrecking Ball", Nicki Minaj resolveu copiar o feito em 2014. "Anaconda", seu novo single, é um pacotão completo de tudo o que há de mais gerador de buzz possível, mas isso é algo positivo ou não?

Caso você ainda não teve o prazer de parar e ler a letra de "Anaconda", aqui vai alguns trechos: "Minha anaconda não quer nada a não ser que tenha um bundão", "Esse cara chamado Michael (...) tem um p** maior que uma torre, não estou falando da Eiffel" e uma infinidade de referências sexuais. Bem vindo ao mundo do dirty rap. O que é curioso é que "Anaconda" tem a letra bem mais pesada que muito funk carioca por aí, e mesmo assim é celebrada enquanto este último repudiado - parênteses só para refletirmos o quanto criticamos certas coisas mas fazemos o mesmo em outras situações.

O Bonde das Maravilhas é a nova sensação
"Anaconda" é a prova de que manter a linha séria (algo visto em "Pills N Potions") não é a vibe da Minaj - o lance dela é surra de bunda mesmo. O clipe conseguiu a proeza de dosar toda a sacanagem na letra de forma pop e, olha só, harmônica na tela. Temos MUITA bunda, muito twerk, lapdance e váaaarias referências visuais ao órgão reprodutor masculino, mas a coisa funciona, e funciona muito bem. Tudo isso só pode ser alcançado graças à produção de primeiríssima qualidade. Cenários, figurinos, jogos de câmera, paleta de cores com rosa e azul, coreografia, tudo é muitíssimo bem feito e pensado, algo que há tempos não víamos num clipe da Onika, que usa e abusa do que há de melhor: seu bundão. Sim, ele é evidência durante todo o clipe, porque, lógico, nós também só gostamos quando tem bundão, certo?


Assistir ao popozão de Minaj tremer é um verdadeiro atentado - é impossível não ficar com vergonha em pelo menos uma cena e pensar "Gente o que é isso?". Agora imagine assistindo ao mesmo junto com a família. É para enterrar a cara no chão. E por que isso? Aqui mora um dos principais pontos criticados do clipe: o uso do sexo. Okay, a partir de agora a resenha vai alcançar voos sociológicos. Segurem.

Nós, infelizmente, vivemos numa sociedade """puritizada""". O sexo é, desde sempre, vendido como algo errado, impuro, sujo - e quando falamos "desde sempre" é desde sempre MESMO. Isso tem fortíssimo peso da religião (um dos maiores ícones cristãos, a mãe de Jesus, Maria, era virgem - o que faz da virgindade algo sagrado, algo "certo"). Toda forma de expressão que utilize do sexo é considerado "apelativo", "vulgar" - adjetivos repetidos à exaustão quando o clipe de "Wrecking Ball" saiu e agora com "Anaconda". O clipe é sim MUITO apelativo, mas qual o problema nisso? Da mesma forma que as estranhas roupas de Lady Gaga , ou o visual colorido de Katy Perry, ou a ausência de imagem de Sia, tudo que almeja um objetivo é apelativo, pois utiliza de algum recurso para alcançar tal objetivo. E a proposta da canção é essa mesma, cabe você querer comprá-la ou não.


Comentários como "clipe fazendo apologia ao sexo" são extremamente sem nexo. Apologia? Sexo faz parte da natureza humana, fazer """apologia""" à algo inerente a nós é errado? Até porque ninguém nunca pensou no assunto antes de assistir ao clipe, né? Um clipe que incentiva o sexo, QUE ABSURDO! Risadas. Olha o falso moralismo, hein. Ainda bem estamos gradualmente evoluindo. Movimentos sociais em prol da liberdade sexual feminina - como a Marcha das Vadias - parecem iluminar as trevas da ignorância que ainda vive perante nós, e notem que usamos "liberdade sexual FEMININA". Minaj com toda certeza está sendo chamada de "vadia" ou coisa pior pelo clipe, mas Robin Thicke, dono daquele clipe/orgia que é "Blurred Lines", é o "macho alfa", "exemplo de masculinidade". No rap/hip-hop masculino então, tem coisa bem pior.


Nicki nem deve ter feito o clipe esperando alguma análise feminista: ela quis foi mostrar que é gostosa pra todo mundo - e pro Drake -, mas querendo ou não, proposital ou não, fez com que a discussão fosse gerada, o que só agrega no conceito da obra. Bem ou mal, o clipe quebrou o recorde de "Wrecking Ball" e agora é o clipe mais assistido em 24h do VEVO com 19.6 milhões de views. Nós gostamos duma sacanagem, hein? E por que gostamos tanto? Escapismo social. Mas aí já é outra análise, para outro momento. O que aqui importa é que temos sucuris famintas, e Nicki Minaj sabe cuidar muito bem delas. Que tenha mais disso no "The Pink Print", nós agradecemos - e o Sir Mix-a-Lot (dono do sample original de "Anaconda") também.
disqus, portalitpop-1

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